Eva Furnari discute a formação cultural da criança


Eva Furnari Foto - Piu Dip

Em episódio inédito da 2ª temporada da série Super Libris, do SescTV, a autora ítalo-brasileira pensa o contato entre a criança e o livro

A literatura procura representar o homem. E não é possível enquadrá-lo ou no polo do bem, ou no do mal. Por isso, “é importante buscar personagens mais humanizados”, opina Eva Furnari, escritora e ilustradora premiada por suas obras para as crianças. A autora é a entrevistada do episódio Pequenos Desajustados, da série Super Libris, dirigida pelo escritor, cineasta e jornalista José Roberto Torero. A produção será exibida no dia 11 de junho, segunda-feira, às 21h, pelo SescTV.

Para Eva, a literatura infantil é um espelho onde são reproduzidos os conflitos e problemas próprios às crianças e aos adultos. Portanto, ela acredita que, para representar o ser humano com verossimilhança, é preciso fugir de estereótipos positivos e negativos, desde cedo. Porém, a autora ítalo brasileira de 69 anos pondera que não se pode relativizar os valores sociais de forma absoluta. “Em uma certa idade, a criança precisa separar o bem e o mal”, avalia. “Senão tudo fica muito caótico. A criança precisa disso na estruturação psicológica dela”.

Nascida em Roma, na Itália, em 1948, Eva Furnari começou a publicar livros infantis nos anos 1980. Ao longo da carreira, recebeu nove prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e sete prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Atualmente, é das vozes ouvidas com mais atenção e interesse quando se trata de pensar a literatura destinada às crianças.

Experiente no mercado de livros infantis, Eva confessa que, na hora de escrever essas obras, ela toma um cuidado ético, mas não se preocupa em ser didática. “Esse departamento, no momento da criação, não presta. Ele atrapalha muito. Eu não posso entrar em um processo racional de saber o que é bom para a criança”, posiciona-se, alegando ser contra a “vigília do politicamente correto”, que tem se avolumado cada vez mais sobre a criação das histórias. “É terrível”, exclama a autora.

Eva relata ser favorável a que 90% das histórias infantis tenham finais felizes. “A vida já é difícil. Já tem angústia, coisas para resolver, que a gente não entende. A gente precisa do final feliz para ter força, esperança”, avalia a autora. Para ela, tanto a criança como o adulto precisam de finais felizes para acreditar, quando diante de um problema, que é possível se sentir melhor. Mas ela aponta para uma diferença de geração na hora de assimilar esses finais. “A criança é mais condescendente, o adulto já passou por poucas e boas e está estragado”, brinca. Em seus livros, Eva garante, sem dúvidas: 100% dos finais são felizes.

Além da entrevista principal, Eva Furnari participa de outros quadros no episódio Pequenos Desajustados. Em Pé de Página, ela explica por que tem dois computadores em casa, revela que escreve de forma lenta e cuidadosa e confessa que não sabe o motivo pelo qual se tornou escritora e desenhista. No quadro Primeira Impressão, a autora recomenda a leitura do livro Lugar Nenhum, do britânico Neil Gaiman, que a impressionou pela força narrativa.

Ainda no episódio, o quadro Orelhas apresenta a dramaturga Maria Clara Machado. Na seção Prefácio, sobre literatura infantil, a editora Cristiane Tavares indica o livro As Aventuras de Tom Sawyer, do escritor americano Mark Twain. No quadro Quarta Capa, a booktuber Juliana Poggi resenha o livro Rumboldo, de autoria da própria Eva Furnari. E em Epígrafe, quadro novo da segunda temporada do Super Libris, o dramaturgo Marcelo Romagnoli conta como foi sua experiência de adaptar o livro Felpo Filva, também escrito por Eva Furnari.

Sobre a série Super Libris

Com o objetivo de mergulhar no mundo da literatura, a série é formada por 52 episódios em sua primeira temporada e 26, na segunda, todos com 26 minutos de duração, que traz entrevistas com escritores e apresenta curiosidades presentes no processo de criação de livros. Em sua primeira temporada, foram entrevistados, com exclusividade, autores como Ruy Castro, Luis Fernando Verissimo, Ruth Rocha, Ferréz, Antonio Prata, Thalita Rebouças e Xico Sá. Os novos episódios trazem Bernardo Ajzenberg, Marcelo Rubens Paiva, Chico Buarque, Pepetela, Ana Maria Machado, Paulo Lins, Cintia Moscovich, João Paulo Cuenca, Ângela Lago, que morreu em outubro de 2017, entre outros.

Sobre o SescTV

SescTV é um canal de difusão cultural do Sesc em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do Sesc para todo o Brasil. Sua grade de programação é permeada por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com artistas da música e da dança. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras artes também estão presentes na programação.

Serviço
Super Libris
Pequenos Desajustados
Estreia - 11 de junho - segunda
Horário - 21h
Duração - 28 minutos
Reapresentações - dia 12 de junho, terça, às 09h e às 17h; 13, quarta, às 13h30; dia 15, sexta, às 09h30 e 17h30; dia 17, domingo, às 06h; e dia 18, segunda, às 16h.
Direção Geral - José Roberto Torero
Produção - Padaria de Textos
Classificação - livre

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