Era uma vez uma guerra na Caatinga - O sertão respira


Narrativa ecológica evidencia protagonismo à Caatinga e reacende o interesse por Euclides da Cunha em seus 160 anos de nascimento

A Guerra de Canudos, um dos episódios mais marcantes da história do Brasil, ganha nova vida em Era uma vez uma guerra na Caatinga, livro da escritora e educadora fluminense Fabiana Corrêa. Diferente de uma adaptação, a obra é uma narrativa autônoma que se passa dentro do universo de Os sertões, de Euclides da Cunha, e tem como protagonista e narrador um inusitado personagem: o calango Sertanejo, que testemunhou e agora conta tudo o que viu. A obra tem evento de lançamento marcado para dia 20 de janeiro, na cidade de Cantagalo (RJ), no dia e cidade natal de Euclides da Cunha, que completaria 160 anos neste ano. O evento acontece às 18h, na Casa Euclides da Cunha.

“O livro nasceu de um desejo de contar histórias, temperado com a saudade de contar esta história em particular”, revela Fabiana, que durante anos levou o tema para suas aulas de Ciências e Biologia. “Para substituir minha persona de professora contadora de histórias, escolhi um representante da fauna da Caatinga baiana, o calango Sertanejo, aquele que tudo ouviu, viu e tudo irá contar”.

A obra acompanha a trajetória de Antônio Conselheiro, chamado de Peregrino, e a fundação do arraial de Belo Monte, nome dado pela comunidade àquele que a história oficial registrou como Canudos. Pela perspectiva do pequeno calango, o leitor é conduzido pelo cotidiano, pela fé e pela resistência de um povo que buscou construir uma vida mais justa e igualitária no coração do sertão.

Um dos momentos mais intensos do livro é a narrativa da batalha em que a própria Caatinga se torna aliada dos sertanejos. “Os galhos e espinhos ressecados trançavam barreiras impenetráveis aos soldados, mas abriam uma rede de caminhos possíveis aos moradores da terra”, descreve a autora, destacando a força do bioma como personagem central.

Cada capítulo é precedido e finalizado com trechos selecionados de Os sertões, criando uma ponte natural entre a narrativa de Fabiana e a linguagem complexa de Euclides da Cunha. “Preciso ressaltar que essa não é uma adaptação do texto original, mas uma história contada que conduzirá o leitor à leitura da obra do escritor em seu próprio tempo. Pelo menos, é esse o meu desejo: que essa seja uma história chamariz do desejo do leitor pelas palavras escritas por Euclides da Cunha”, explica a autora.

Ilustrado por Arthur Abreu, o livro também é um convite para enxergar a Caatinga como organismo vivo, seguindo a visão euclidiana. “Euclides da Cunha foi capaz de perceber a relação da sociedade com o ambiente natural com olhos críticos e embasamento científico. Ele foi rigorosamente o primeiro intelectual brasileiro a cultivar e externar preocupações com o meio ambiente, inclusive fazendo da ecologia um tema político”, reflete Fabiana.

Era uma vez uma guerra na Caatinga representa o registro de uma metodologia pedagógica desenvolvida pela autora ao longo de anos em sala de aula. “Este livro é importante por vários aspectos. É contar uma história que tem que ser lembrada sempre, contar para não esquecer”, finaliza Fabiana.

Sobre a autora

Foto - Divulgação

Fabiana Corrêa é graduada em Ciências Biológicas pela UERJ, com especialização em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela FGV. Natural de Bom Jardim e residente em Cordeiro, no interior do Rio de Janeiro, atuou por mais de duas décadas como professora de Biologia e Ciências na rede particular de ensino, além de coordenar projetos nas áreas ambiental, educacional e cultural. A partir de 2015, passou a dedicar-se integralmente à literatura e às artes, publicando obras para crianças, jovens e adultos.

Ficha técnica
Era uma vez uma guerra na Caatinga
Autora - Fabiana Corrêa
Ilustrações - Arthur Abreu
Editora - Outra Margem
Páginas - 70
Preço - R$ 59,90
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