Wakabayashi apresenta individual na Sociarte


Kazuo Wakabayashi - Kanzashi I MST (2016). Foto - Divulgação

Em cartaz na Sociarte até 07 de dezembro, a mostra Wakabayashi - Xogum de todas as cores e texturas celebra o trabalho de Kazuo Wakabayashi, pintor nipo-brasileiro considerado um dos expoentes da arte não-figurativa nacional. A exposição reúne cerca de 25 obras da produção mais recente do artista, entre pinturas e gravuras realizadas ao longo dos últimos dois anos.

Wakabayashi é autor de uma obra abstrata, marcada pela experimentação e pesquisa de técnicas, cores e materiais. Suas telas e gravuras apresentam elementos figurativos orientais, que se misturam com o cromatismo brasileiro. O artista trabalha com contornos rigorosos e cores intensas, às vezes, experimentando multiplicar as formas ao mesmo tempo em que as destaca entre as demais.

"O Brasil é um paraíso para a arte e sua fluidez. Aqui eu pude ser livre e dar vazão aos meus sentimentos por meio da pintura", afirma o artista, referindo-se a todo o tradicionalismo milenar da cultura japonesa, algo que, em suas palavras, "aprisiona a criatividade de um artista".

Quando chegou ao Brasil, em 1961, aos 30 anos de idade, Wakabayashi já se apresentava como um artista maduro - fruto de um rigoroso aprendizado a que fora submetido enquanto jovem. O pintor trazia nas malas o peso da Guerra - quando adolescente, encarou de frente suas desgraças quando Kobe, sua cidade natal, foi bombardeada.

No início de sua carreira, tais memórias sempre estiveram muito presentes em seus trabalhos. Ainda que abstratas, suas pinturas eram carregadas de uma dramaticidade densa, escura e pesada - uma sombra dos inúmeros conflitos a que presenciou. Com o passar do tempo, suas obras foram adquirindo, pouco a pouco, cores e mais cores, tornando-se mais leves.

“A pintura de Wakabayashi não pretende reproduzir as formas, cores e texturas do mundo visível e palpável: sua necessidade de expressão vai mais longe e mais fundo, pois mira a essência das coisas e, ao buscar a transcendência, torna-se a materialização de um mundo de ideia ricos e pessoal”, afirma o crítico José Roberto Teixeira Leite, que assina o texto de apresentação da mostra.

Kazuo Wakabayashi - Kintarô MST (2016). Foto - Divulgação

Aos 86 anos de idade, Wakabayashi ainda trabalha de domingo a domingo, dedicando grande parte de seus dias a seu ateliê - instalado aos fundos de sua casa, no Jabaquara, zona sul da capital paulista. Não raro, sua mulher, a também artista Hikari Wakabayashi, tem de resgatá-lo para que ele descanse.

Para cada uma das telas que se propõe a criar, o artista gasta de dois a seis meses na sua elaboração. São texturas e mais texturas cobertas por tintas e, muitas vezes, por folhas de ouro, inclusive. “Meu sonho é morrer no ateliê, mas meu coração não tem colaborado, ele é muito forte”, brinca o artista, explicitando sua íntima conexão com a arte do qual é discípulo.

Sobre o artista

O pintor Kazuo Wakabayashi nasceu em Kobe, no Japão, em 1931. Em 1944, estudou na Escola Técnica de Hikone, em Shiga, Japão. Entre 1947 e 1950, frequentou a Escola de Belas Artes e a Academia Niki, em Tóquio, e as aulas de desenho e pintura de Kanosuke Tamura. No início dos anos 1950, passou a integrar o grupo Babel, ao lado de Rokuichi, Kaibara e Ko Nishimura, entre outros. Entre as décadas de 1940 e 1960, participou de uma série de salões japoneses, sendo premiado em vários deles. Chegou ao Brasil em 1961, radicando-se em São Paulo. Na época, tornou-se membro do Grupo Seibi, apresentado por Manabu Mabe (1924 - 1997) e Tomie Ohtake (1913-2014).

Serviço
Wakabayashi - Xogum de todas as cores e texturas
Período - até 07 de dezembro
Local - Sociarte
Endereço - Av. Dr. Arnaldo, 1324 - Sumaré - São Paulo
Horário de visitação - segunda à sexta-feira, das 09h às 17h, sábado, das 10h às 14h
Entrada gratuita

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