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| Foto - Camila Picolo |
Em 2017, por meio da imprensa e das redes sociais, o mundo descobriu a existência de prisões exclusivas para homossexuais na República da Chechênia, na Europa Oriental. Pensando nisso, o dramaturgo, ator e pesquisador Ronaldo Serruya (Grupo XIX e Teatro Kunyn) criou a peça-palestra Chechênia: um estudo de caso, que agora faz temporada no Teatro Manás Laboratório, de 05 a 21 de dezembro. Assim, partindo da pergunta “Quantas Chechênias existem no Brasil?” e rememorando fatos da sua infância queer em uma família tradicional judia, Serruya escreveu uma história ficcional imaginando, em detalhes, o cotidiano de um confinamento dessa natureza.
“Desde A doença do outro, indicado ao Prêmio Shell de melhor texto em 2023, tenho pesquisado o conceito de peça-palestra. Para mim, isso significa convidar o público para uma conversa. Nesse sentido, a dramaturgia se estabelece como o ponto de partida para discutir um determinado tema. Na prática, tudo parece improviso, mas não é. Na verdade, cada detalhe foi cuidadosamente pensado”, explica o artista.
Sobre a encenação
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| Foto - Camila Picolo |
Chechênia: um estudo de caso, portanto, convida a plateia a pensar sobre os mecanismos da homofobia institucional presentes nas estruturas políticas do mundo todo, inclusive no Brasil. Durante a encenação, personagem e ator-palestrante se confundem, em um jogo que brinca o tempo todo com a metalinguagem.
“Em um primeiro momento, pode parecer estranho comparar Brasil e Chechênia, já que lá, o próprio governo legitima e estimula a violência contra a população LGBTQIAPN+, algo que não acontece aqui. No entanto, o Brasil é um dos países que mais mata LGBTS no mundo e temos que falar sobre isso”, comenta Serruya.
Assim, para fazer o paralelo entre esses dois contextos, o dramaturgo construiu uma espécie de clínica de reabilitação dedicada à cura gay, imaginando como seria o cotidiano de um checheno homossexual, vivendo em um campo de concentração após ser perseguido por ser quem é.
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| Foto - Camila Picolo |
O jogo entre realidade e ficção é reforçado com elementos audiovisuais. Sol Faganello, que faz a direção das imagens e codirige junto com Serruya, está sempre em cena, com uma câmera na mão, construindo, ao vivo, imagens que friccionam esses dois mundos.
Conforme a narrativa avança, a violência se intensifica, até um ponto em que Serruya não consegue mais continuar. “O que eu realmente espero é mostrar para a plateia que não podemos mais construir histórias que se apaziguem com a mera explicitação da tirania e da opressão. Precisamos inventar algo que extrapole isso”, afirma. Seu protagonista, então, aproveita a oportunidade para recriar a sua infância. “Se, no passado, essa criança foi interditada, no presente, no teatro ela terá a chance de ser livre”, acrescenta.
Sinopse
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| Foto - Camila Picolo |
Um ator-palestrante propõe um jogo imaginativo: como países distantes podem compartilhar a mesma fronteira simbólica? A partir de uma distopia inspirada em fatos reais, ele mistura ficção e autobiografia para denunciar a homofobia institucional e afirmar a alegria como ato revolucionário de resistência e reinvenção. No caso, a da violência engendrada pela homofobia institucional. Para isso, o ator-palestrante parte das notícias reais sobre a existência de prisões para homossexuais na República da Chechênia em pleno século XXI, para criar uma ficção distópica que é atravessada, a todo tempo, por sua própria história, revelando os meandros violentos por onde essa homofobia institucional se insinua na vida de pessoas dissidentes de gênero. Mas, em algum momento, a ficção precisa ser recusada para que a própria história do ator-palestrante seja reinventada e, assim, o ciclo da violência se torne obsoleto e não mais se perpetue. Afirmar a alegria e a viabilidade da vida é o caminho mais revolucionário para se falar, hoje, sobre a dissidência.
Confira no vídeo abaixo trecho do espetáculo:
Ficha técnica
Chechênia: um estudo de caso
Concepção, Direção, Dramaturgia e Atuação - Ronaldo Serruya
Co-direção e Criação Audiovisual - Sol Faganello
Desenho de Luz - Paloma Dantas
Direção de Arte - Clau Carmo
Designer Gráfico - Rafael Fortes
Trilha Sonora Original - Camila Couto
Produção - Gabs Ambròzia e Andrea Marques | Corpo Rastreado
Assessoria de Imprensa - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes | Canal Aberto
Redes Sociais - Jorge Ferreira
Serviço
Chechênia: um estudo de caso
Temporada - 05 a 21 de dezembro de 2025
Horário - sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h
Duração - 70 minutos
Local - Teatro Manás Laboratório
Endereço - Rua Treze de Maio, 222 - Bela Vista - São Paulo
Ingressos - R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
Venda de ingressos online aqui
Classificação - 16 anos
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