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Foto - Divulgação |
Após temporadas de sucessos no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e em São Paulo, o espetáculo Por que não vivemos?, com direção de Marcio Abreu, reestreia no Sesc Santo Amaro, a temporada vai até 12 de junho, sempre de sexta a domingo.
Após se dedicar à criação de dramaturgias originais, montagens e traduções de autores contemporâneos inéditos, a companhia brasileira de teatro retorna aos clássicos sem perder, no entanto, o caráter de inovação. Escrita pelo dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904) por volta dos 20 anos, a história do professor Platonov foi descoberta nos arquivos do seu irmão após a sua morte, e publicada em 1923.
A vontade da companhia de montar esse texto vem desde 2009. Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar assinam a adaptação da obra, feita a partir de uma tradução original do russo por Pedro Alves Pinto e de uma publicação francesa. Embora não tenha um título oficial, a peça foi publicada em diversos países como Platonov em homenagem a um dos personagens, o professor Mikhail Platonov.
Foi somente no final da década de 1990 que a obra ganhou traduções e montagens em diversos teatros da Europa. Em 2017, os atores Cate Blanchett e Richard Roxburgh estrearam uma versão do texto na Broadway, em Nova York, chamada de The Present. Giovana conta que o processo de adaptação também contou com atualizações sobre dinâmicas e relações que não fariam tanto sentido de serem postas em cena nos dias de hoje. “Também reduzimos o número de personagens, fizemos cortes e reposicionamos cenas para que os assuntos centrais do texto não fossem perdidos, mas sim condensados”, explica Giovana.
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Foto - Divulgação |
Por ser uma obra sem título oficial, o grupo batizou a peça com uma pergunta chave que está inserida no texto: por que não vivemos como poderíamos ter vivido?. “Essa questão, que se abre para tantas outras, é um pouco a alma dessa peça”, diz Marcio. “Quando esse texto foi resgatado, não havia capa nem título. Como outras peças em que o personagem principal dá nome ao texto, como Ivanov, se deu esse nome Platonov”, conta Giovana Soar, que ressalta que o título escolhido pela companhia traduz o drama que permeia o espetáculo. “São pessoas que gostariam de estar em outro lugar, mas não fizeram nada para isso. Mostra como a trama da vida vai se desenrolando e as pessoas vão caindo na armadilha de ficar onde estão”.
O diretor complementa ainda que o título estabelece uma dinâmica política ao apontar simultaneamente para o passado que não foi vivido e para uma convocação a um futuro que pode ser construído. Para ele, a encenação busca propor reflexões sobre as singularidades dos sujeitos, a conexão coletiva e uma consciência sobre as diferenças. “Os corpos dos atores se reconhecem na estrutura de um texto escrito no final do século XIX e as dinâmicas estabelecidas nos ensaios fizeram com que ele se atualizasse, conferindo ainda mais força à dimensão política da peça”, conclui.
A peça trata de temas recorrentes na obra de Tchekhov, como o conflito entre gerações, as transformações sociais por meio das mudanças internas do indivíduo, as questões do homem comum e do pequeno que existem em cada um de nós, o legado para as gerações futuras - tudo isso na fronteira entre o drama e a comédia, com múltiplas linhas narrativas. “É o primeiro texto de Tchekhov, um texto muito jovem, mas muito revisitado em diversos países porque tem nele o que depois vem a ser o cerne do Tchekhov”, diz o diretor.
“A montagem tem um foco muito específico nas personagens femininas. São elas que causam transformação, que caminham, que querem mudanças, contravenções e que enfrentam conceitos”, conta Giovana. A artista complementa que esses traços estavam no texto de Tchekhov, mas foram acentuados na adaptação. Para ela, o olhar do autor causava uma espécie de premonição para os movimentos futuros que se sucederam.
Sinopse
Na adaptação da companhia brasileira de teatro, a história não se desenrola num lugar definido, tampouco na época em que foi escrita. Ambientada numa propriedade rural de uma jovem viúva, a história se passa durante uma grande festa, na qual está presente Platonov, um aristocrata falido. Ele se tornou professor, por despeito e para camuflar sua revolta contra seu falecido pai e a sociedade. Bem articulado, brilhante e sedutor, ele é admirado e invejado. Seu reencontro com Sofia, um amor de juventude, reaviva seu desespero.
Ficha técnica
Por que não vivemos?
Da obra Platonov, de Anton Tchekhov
Direção - Marcio Abreu
Assistência de Direção - Giovana Soar e Nadja Naira
Elenco - Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Bolzan, Rodrigo Ferrarini e Rodrigo de Odé
Adaptação - Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar
Tradução - Pedro Augusto Pinto e Giovana Soar
Direção de Produção - José Maria
Produção Executiva - Cássia Damasceno
Iluminação - Nadja Naira
Trilha e Efeitos Sonoros - Felipe Storino
Direção de Movimento - Marcia Rubin
Cenografia - Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura
Figurinos - Paulo André e Gilma Oliveira
Direção de Arte das Projeções - Batman Zavareze
Edição das Imagens das Projeções - João Oliveira
Câmera - Marcio Zavareze
Técnico de som e Projeções - Pedro Farias
Assistente de Câmera - Ana Maria
Assistente de Produção - Luiz Renato Ferreira
Operador de Luz - Henrique Linhares e Ricardo Barbosa
Operador de Vídeo - Michelle Bezerra e Sibila
Operador de Som - Bruno Carneiro e Felipe Storino
Cenotécnico e Contrarregra - Alexander Peixoto
Máscaras - José Rosa e Júnia Mello
Fotos - Nana Moraes
Programação Visual - Pablito Kucarz
Assessoria de Imprensa São Paulo - Canal Aberto
Difusão Internacional - Carmen Mehnert | Plan B
Administração - Cássia Damasceno
Criação e Produção - companhia brasileira de teatro
Serviço
Por que não vivemos?
Temporada - até 12 de junho
Horário - sextas, às 20h; sábados e domingos, às 18h
Duração - 150 minutos
Local - Sesc Santo Amaro
Endereço - R. Amador Bueno, 505 - Santo Amaro - São Paulo
Capacidade - 279 lugares
Ingressos - R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
Classificação - 16 anos
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