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Fábio Assunção. Foto - Jairo Goldflus |
O Instituto Artium exibe, a partir da quarta-feira 1º de junho, a exposição Jairo e João: O teatro na fotografia de Jairo Goldflus e João Caldas sobre a Cena Teatral, reunindo fotografias da trajetória artística de dois baluartes da fotografia na dramaturgia. Com curadoria de Rafael Gomes, a mostra fica em cartaz até o dia 04 de setembro.
Ao longo de suas carreiras, Jairo e João têm prestado contribuições decisivas ao teatro paulistano. As fotografias de ambos figuram em inúmeros programas de peça, cartazes promocionais, publicações jornalísticas, livros e acervos culturais do país. Para além da função de divulgação e documentação, as fotografias para teatro de João e Jairo carregam traços singulares e apresentam poéticas próprias.
Convidado pelo Instituto Artium para que a exposição fosse concebida como um recorte da narrativa teatral, Rafael Gomes, que assina a curadoria da exposição, comenta: "ao reunirmos as fotografias para teatro de Jairo e João, evidenciamos as escolhas estéticas e o olhar único de cada um deles. Os retratos de Jairo - em geral, realizados em estúdio - são marcados pela beleza, precisão e rigor formal. Já a extensa e sólida produção fotográfica de João tende a privilegiar a cena propriamente dita. São fotografias de palco, instantâneos dos espetáculos, que conjugam a pulsação e a intensidade das apresentações teatrais com raro senso de composição e domínio técnico.
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Espetáculo Escola do Rock. Foto - João Caldas |
A ideia em trazer o diretor de teatro para curar a mostra teve o intuito de que a exposição ultrapassasse o valor artístico das fotos e incorporasse uma reflexão sobre a experiência do teatro em seu diálogo com o público.
“Além disso, Jairo costuma fotografar o elenco antes da estreia, instante mágico em que atrizes e atores, já ensaiando a personagem, vestem o figurino e incorporam o visagismo. A primeira visão de público é o fotógrafo. O ator está o oposto de nu, e sim tomado pela personagem. Ao passo que João, na maior parte das vezes, aborda o instante mesmo em que as personagens ganham vida diante do público, ao longo da temporada das peças. São diferentes modos de criar imagens fotográficas a partir do teatro, produzidas em momentos distintos da vida de um espetáculo. Ambas, no entanto, buscando o belo paradoxo de capturar o incapturável, já que o teatro só existe mesmo enquanto acontece”, complementa o curador.
A exposição reúne 86 fotos impressas e 128 fotos em vídeos de espetáculos diversos, desde Mademoseille Chanel, protagonizado por Marília Pêra, em 2004, até recentes produções do teatro musical, como Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate, de 2021. Entre os espetáculos captados pelas lentes de Jairo e João que podem ser conferidos na exposição estão, O Homem de La Mancha e Annie, dirigidos por Miguel Falabella; My Fair Lady, West Side Story e Evita, dirigidos por Jorge Takla; O Rei Leão, dirigido por Julie Taymor; Escola do Rock, dirigido por Mariano Detry; Billy Elliot, dirigido por John Stefaniuk; Adultérios e Uma Vida no Teatro, dirigidos por Alexandre Reinecke; Panor Mica Insana, dirigido por Bia Lessa; Let’s Kiss and Say Goodbye, dirigido por Elisa Ohtake; Através de um Espelho, dirigido por Ulisses Cruz, entre outros.
Os artistas retratados na mostra são: Miguel Falabella, Juliana Paes, Wladimir Brichta, Negra Li, Wagner Moura, Christiane Torloni, Fábio Assunção, Marília Pera, Francisco Cuoco, Gabriela Duarte, Angelo Antonio, Débora Falabella, Cleto Baccic, Leandra Leal, Ingrid Guimarães, Artur Berges, Eva Wilma, Maria Luisa Mendonça, Rodrigo Pandolpho, Claudia Abreu, Carol Costa, Paula Capovilla, Maria Fernando Candido, Reinaldo Gianechini, Tuca Andrada, Igor Rickli, Claudia Neto, Tiago Barbosa, Amanda Acosta, Jonathas Faro, Celso Frateschi, Mel Lisboa, Marilia Gabriela, Lígia Cortez, Norival Rizzo, André Garolli, Lavínia Pannunzio, Renato Caldas, Ester Laccava, Flavio Tolezani, Eduardo Okamoto, Antonio Salvador e Carol Badra. A exposição faz parte do calendário de comemoração dos 150 anos da Comgás.
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Christiane Torloni. Foto - Jairo Goldflus |
Como suporte para as fotografias, o curador optou por estruturas cenográficas que evocam a experiência teatral. O renomado cenógrafo André Cortez, que assina a expografia da mostra, criou diferentes dispositivos, que irão ocupar tanto o espaço interno quanto o jardim do Instituto Artium de Cultura. “Por se tratar de uma exposição de fotografias de teatro, concebemos modos de visualização destas imagens que resgatam alguns aspectos do jogo cênico e que convidam os espectadores a uma fruição espacial e narrativa das imagens”, conclui Rafael Gomes.
Sobre os artistas
Jairo Goldflus tem 54 anos, é formado em Comunicação Social e trabalha profissionalmente com a imagem desde 1986. Depois de um período inicial documentando shows (1987-1989), passou a trabalhar no mercado editorial, tendo passado para todos os grandes veículos impressos do Brasil. Sendo assim, tem o seu trabalho reconhecido e solicitado para grandes campanhas de Publicidade. Ao longo dos anos, se especializou em direção de pessoas em fotografia, sejam elas atores, músicos, modelos ou pessoas comuns. Talvez este seja um dos diferenciais do seu trabalho: a busca pela excelência na direção de pessoas.
Em 2012 lançou o livro de retratos Público, e em 2015 o livro de nus, Privado. Após o lançamento de Privado, partiu para Nova York para um período de estudos e busca de novas linguagens. Em 2017 lançou “You Arte Not Here”, livro/documento que retrata o cotidiano dos usuários do metrô da cidade de Nova York. De volta ao Brasil e com a exposição “São Paulo fora do tempo”, em janeiro de 2019, no Itaú Cultural, fechou o ciclo comercial e hoje se dedica a processos com conteúdo multidisciplinar, mesclando imagens e textos para uma comunicação integrada e documental.
João Caldas tem 64 anos, é formado em Engenharia pela Faculdade Armando Álvares Penteado, e em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. A partir de 1981, começou a fotografar espetáculos descobrindo, então, sua verdadeira vocação. O encanto que sente pelo mistério teatral e pela dança fez dele um dos mais conceituados fotógrafos das artes cênicas.
Suas fotos são regularmente publicadas nos programas dos espetáculos, nos jornais, revistas paulistanas, livros e principalmente nas mídias sociais. Em 1980-81 foi o fotógrafo residente na produção do espetáculo Clara Crocodilo, que cumpriu a primeira temporada no Teatro Maria Della Costa em São Paulo. Entre 1985 e 1987 passou pelo jornal Folha de São Paulo como repórter fotográfico e logo após montou seu estúdio (Formato Estúdio) e iniciou seus trabalhos comerciais, com produção de fotos de produtos para catálogos, folhetos, anúncios e assessoria de imprensa na área empresarial.
Em 2012 teve sua primeira exposição individual de fotos de teatro no Espaço Cultural Porto Seguro e em janeiro de 2013 lançou seu primeiro livro de fotos: “Teatros”, pela Editora Terceiro Nome e produção de Giuliano Ricca. Em 2021, seguiu fotografando espetáculos teatrais e iniciou trabalhos em gravações e transmissões ao vivo/online de teatro no seu estúdio e em locações externas. No mesmo ano, completou 40 anos de trabalho regular em documentação de Artes Cênicas, especialmente no Teatro e, atualmente, segue fotografando para inúmeros grupos, atores, escolas de teatro, produtores e diretores de teatro.
Sobre o curador
Rafael Gomes, nascido em 1982 e graduado em cinema, atua como autor e diretor de teatro e audiovisual. Nos palcos, estreou na autoria e direção com o espetáculo “Música para cortar os pulsos” (2010), vencedor do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) de Melhor Peça Jovem. Como dramaturgo, assinou os espetáculos “Edukators” (2013), versão do filme de Hans Weingartner, com direção de João Fonseca; “Talvez uma história de amor” (2013), adaptação do romance homônimo de Martin Page, com direção de Vinicius Arneiro; e os musicais infantis “Mas por quê - a história de Elvis” (2015 - Prêmio APCA de Melhor Musical Infantil), a partir da obra do alemão Peter Schössow, e “Lá dentro tem coisa”, em parceria com Adriana Falcão e Vinicius Calderoni, ambos com direção de Renato Linhares.
Recentemente, trabalhou na dramaturgia do solo “Eu de você”, de Denise Fraga, com direção de Luiz Villaça. Em sua própria companhia, Empório de Teatro Sortido, assinou a direção e adaptação de “O convidado surpresa” (2014), a partir do romance homônimo de Grégoire Bouillier; dirigiu “Gotas d’água sobre pedras escaldantes” (2014), de Rainer W. Fassbinder, entre outros.
No audiovisual, Rafael escreveu e dirigiu três longas-metragens de ficção (“45 dias sem você”, “Música para morrer de amor” e “Meu álbum de amores”), roteirizou mais de 90 episódios de séries em diferentes formatos. No projeto Música de Bolso, filmou mais de 300 vídeos com performances ao vivo de artistas como Pato Fu, Marcelo Camelo, Zelia Duncan e Vanessa da Mata, entre centenas de outros. Dirigiu também videoclipes (Arnaldo Antunes) e DVDs (“5 a Seco ao vivo no Auditório Ibirapuera” e “Gal Costa - A Pele do Futuro”).
Ficha técnica
Jairo e João: O Teatro na fotografia de Jairo Goldflus e João Caldas
Artistas - Jairo Goldflus e João Caldas
Curadoria - Rafael Gomes
Instituto Artium
Presidente - Carlos A. Cavalcanti
Diretor Geral - Vinícius Munhoz
Diretoras de Artes Visuais - Graziela Martine e Patrícia Amorim de Souza
Diretor Técnico - Caio Malfatti
Coordenação de Projetos - Victor Delboni
Serviço
Exposição Jairo e João: O Teatro na fotografia de Jairo Goldflus e João Caldas
Período - de 1º de junho a 04 de setembro
Local - Instituto Artium
Endereço - Rua Piauí, 874 - Higienópolis - São Paulo
Visitação - de quarta a sexta, das 12h às 18h, sábado e domingo, das 10h às 18h
Agendamento online pelo site aqui
Entrada gratuita
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