Um Rei Leão à brasileira


O brasileiro Bernardo Machado sócio da Magnopus, empresa que desenvolveu tecnologia de realidade virtual da animação de maior bilheteria da história que trouxe a savana para as telas, participou de toda a produção do "Live-action".

Para comandar a nova versão de O Rei Leão, o cineasta Jon Favreau contou com recursos até então inexistentes que lhe permitiram realizar uma proeza tecnológica. Rodado inteiramente em realidade virtual (apenas uma cena foi filmada), o longa permitiu ao diretor e sua equipe modificar até a posição do sol.

O jovem brasileiro Bernardo Machado, que vive em Los Angeles, é sócio e compõe a diretoria da empresa que desenvolveu a tecnologia que revolucionou a indústria do cinema. Bernardo teve papel fundamental para viabilizar o projeto da Magnopus junto à Disney.

“No Rei Leão participei das negociações do contrato, tive que buscar recursos para que pudéssemos contratar as equipes, comprar equipamentos, e garantir o fluxo de caixa do projeto.”, conta Bernardo.

O filme orçado em U$$ 250 milhões não pode ser definido como um produto em 3D tradicional, a Magnopus é a empresa que desenvolveu o software que possibilita rodar o filme em realidade virtual, onde é eliminado o uso de câmeras e luzes, pois todos os equipamentos estavam em realidade virtual.

“Montamos um Stage com equipamentos modificados por nós, para que pudéssemos criar um Stage Virtual, onde o filme seria rodado em um estúdio de localização secreta no bairro de Playa Vista, em Los Angeles. Recriamos o mundo do Rei Leão em Realidade Virtual, com todos os animais, savana, árvores, montanhas, sol, Pedra do Rei, etc, onde a equipe produtora do filme colocava o headset (óculos de VR) e podia andar e voar para qualquer posição, mudar as coisas com a mão e utilizar as câmeras e equipamentos de luz virtuais para capturar as cenas.” relata Bernardo Machado, Head de finanças da empresa de realidade virtual.

O cineasta Jon Favreau. Foto - Divulgação

"Comparado ao método antigo, onde se desenvolvia a cena em computador, que é um processo muito caro e demorado, e que quando ocorria um erro era necessário fazer de novo, o novo método permitiu o diretor Jon Favreau verificar em tempo real a cena, e caso ele não gostasse da sombra que o sol fazia na face de Simba, ele poderia controlar a posição do sol. Se ele não gostasse do jeito que a árvore estava na cena, pegava a árvore com a mão (utilizando o controle de realidade virtual) e a mudava de lugar. Era possível controlar também a posição da câmera, a velocidade que ela iria dar o close e o corte que teria. Foi necessário desenvolver dummies que fossem similares a uma câmera, ou dolly ou rack para que os cameramans pudessem se adaptar ao novo equipamento.

Sempre acreditamos que juntando a expertise de efeitos especiais com programação de software a gente poderia revolucionar o modo como transmitimos conteúdo. Por termos background na indústria de entretenimento, cinema (nossos executivos ganharam Oscar, Golden Globe, Emmy, etc), o primeiro passo foi gerar uma disruptura no cinema, que não mudava o jeito de se produzir filmes há décadas.", comenta Bernardo.

Sobre Bernardo Machado

O empresário brasileiro Bernardo Machado. Foto - Divulgação

Formado em Administração de Empresas pelo Insper com Especialização em Bancos pela FGV-SP. Sempre teve o sonho de morar nos Estados Unidos. Em 1998, fez sua primeira visita a Los Angeles, e prometeu a si mesmo que iria morar lá. Tudo o que fez na vida foi com a intenção de se aproximar mais do seu sonho.

Como a maioria dos formados em Administração de Empresas, iniciou sua carreira em banco de investimento no Deutsche Bank em 2008 logo no início da crise, o pior momento para se iniciar uma carreira. Foram tempos muito difíceis para todos. Em 2009 foi contratado pelo Itaú Unibanco, mas sempre quis ter o seu próprio negócio. Em 2011, aos 24 anos, resolveu jogar tudo para o alto e largar o emprego no Itaú para se tornar empreendedor e montar sua própria Gestora de Recursos com dois outros sócios. Acabaram sendo comprados por um banco no mesmo ano.

Envolvido com Venture Capital desde 2011, tendo visitado o Vale do Silício algumas vezes, resolveu montar a própria startup, que funcionou por mais de dois anos e acabou não dando certo. Perdeu todo o dinheiro da venda da primeira empresa. Foi um momento muito difícil em sua vida.

“Naquele momento eu tomei uma decisão: Eu mudei a história que contava para mim mesmo de fracasso para aprendizado (No Vale do Silício o fracasso é visto como algo muito positivo pelos empreendedores e fundos de venture capital) e iria usar isso para me reerguer e concretizar o meu sonho de me mudar para os Estados Unidos”, conta.

Com isso, montou uma consultoria em Business e Tecnologia, e atendeu dezenas de clientes em pouco menos de um ano, desde ajuda em levantar capital, a estrutura de pitch, ate reestruturação e gestão. Em paralelo começou a estudar programação e tentar a sorte em São Francisco para trabalhar em alguma das grandes empresas, como Google e Facebook, mas no meio do caminho acabou se juntando ao fundo de Venture Capital Warehouse Investimentos em São Paulo, primeiro investidor do iFood e investidor da Magnopus. Foi ali que enxergou a real oportunidade de realizar o seu sonho. Em 2017 foi contratado pela Magnopus, que era investida da Warehouse, e se mudou para Los Angeles.

Desde 2012 atua como Diretor Executivo do Instituto Talento Brasil, um grupo de discussão de questões nacionais e de apoio à formulação de projetos com foco no desenvolvimento econômico e social e o empreendedorismo tecnológico, que conta com a participação dos principais empresários do País.

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