Caixa de Vazios - Guia para pensar a falta, a solidão, os fins e os começos


No livro, o poeta 
Vicente Humberto explora temas como rotina, inquietude e afetos a partir da beleza do simples

O livro de poemas Caixa de Vazios dá continuidade à carreira literária do escritor e engenheiro mineiro Vicente Humberto. Composto por quase cem poemas, sua quinta publicação tem a percepção de mundo do poeta como guia para pensar a falta, a solidão e os fins e começos. Publicada pela Ficções Editora, a obra conta com a sinopse e prefácio assinados, respectivamente, pelo poeta Salgado Maranhão e pela escritora Carla Dias.

Com uma linguagem poética marcada pela clareza e atenção ao ritmo e cadência das palavras, Caixa de vazios se apresenta compartimentado em três seções: Uma árvore quase pronta, Fazenda Harmonia e Sombra feliz. Em todas, a rotina, a inquietude, os afetos e a observação atenta das coisas da vida e da natureza funcionam como motores poéticos. Nesse sentido, Salgado Maranhão destaca que o livro é de uma linhagem que dialoga, por vezes, com Mário Quintana e com Bandeira, pelo pertencimento de um jeito de fazer que busca a simplicidade sem cair no lugar-comum. Além de salientar a “musicalidade de seu versejar”.

Se Salgado Maranhão usa a sonoridade da obra de Vicente para apresentá-la, Carla Dias invoca a pintura e o ato de pincelar para falar sobre a forma que o poeta transforma o ordinário em beleza. A capacidade de observação do autor vem à tona no prefácio, que ressalta também sua abordagem da morte.

“Ai de mim
Ais de mim
Ás de mim
Cais de mim
Cães de mim
Caos de mim
Cai em mim
Haikai
De mim”
Caixa de Vazios, pág. 68.

Para ela, o poeta evidencia como o vazio é terreno fértil ao tratá-lo a partir de tantas e diferentes perspectivas : “talvez o jeito seja esse: desmembrá-lo, dividi-lo em seções, vivê-lo em partes, feito cenas de um espetáculo de teatro protagonizado por reflexões desfiadas ali, na nudez do palco”.

Segundo Vicente, o vazio também faz parte da experiência humana. “O livro sintetiza essa percepção da vida como um processo constante de tentar preencher o incompleto, mesmo sabendo que nunca teremos todas as respostas”.

Sobre o escritor

Foto - Divulgação

Vicente Humberto Lôbo Cruz nasceu em Uberaba, Minas Gerais. Durante sua vida, viveu em diferentes cidades, como Goiânia, Pires do Rio, Ipameri, Inhumas, São Paulo, Ouro Preto, Belo Horizonte, Ituiutaba e Rio de Janeiro. Atualmente reside em Araxá (MG) e Catalão (GO).

Poeta, se formou em Engenharia de Minas, pela UFMG, e em Letras, pela UFG. Sua estreia literária aconteceu em 1983 com o livro Folhas levadas. Também publicou Perpendiculares (Editora Arte Pau Brasil, 1986), Abacates no Caixote (Ficções Editora, 2020) e Borboletas no Repolho (Editora Ficções, 2021). Além disso, lançou álbuns de músicas com seus poemas. Eles estão disponíveis nas plataformas de streaming, como Spotify e Deezer.

O ato de fazer poesia para Vicente é um processo visceral, de entrega ao poema, e se iniciou ainda na infância. “A poesia tem sido um refúgio, um ponto de fuga e um modo de entender o mundo. Para mim, a poesia é como um ‘big bang’ interno, algo que explode de maneira espontânea e precisa ser traduzido em palavras”, resume.

Isso torna cada livro escrito por ele um reflexo de uma fase de sua vida. “Hoje, com mais de 70 anos, minha escrita é marcada pela reflexão e pela maturidade, mas também pelas mesmas perguntas que sempre me acompanharam”. Essa continuidade se reflete em detalhes, como no hábito de incluir nos poemas de um livro o embrião do próximo livro. O título Caixa de Vazios, por exemplo, surgiu em um verso de sua publicação anterior, Borboletas no Repolho. “Ainda não sei exatamente aonde isso vai me levar, mas essa é a beleza da criação: é sempre um processo de descoberta”.

Ficha técnica
Caixa de Vazios
Autor - Vicente Humberto
Prefácio - Carla Dias
Apresentação - Salgado Maranhão
Editora - Ficções
Projeto Gráfico - Alonso Alvarez
Pintura da Capa e Ilustrações - Adriana Conti Melo
Páginas - 152
Preço - R$ 50,14
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