Terror e modernidade


Em ‘Terror e modernidade’, lançamento da editora Âyiné, a filósofa Donatella di Cesare traça as raízes modernas do terrorismo

Na noite de 13 de novembro de 2015, uma série de ataques terroristas deixou 130 mortos e mais de 360 feridos em Paris. A perplexidade diante do atentado ao Bataclan abre “Terror e modernidade”, da filósofa italiana Donatella di Cesare, que chega às livrarias pela editora Âyiné.

Se somos propensos a ver as manifestações do terrorismo contemporâneo como aberrações, di Cesare argumentará, a partir de uma abordagem histórica, que o terror é parte fundamental da modernidade. De maneira clara e consistente, di Cesare ilumina o contexto global em que os atentados de nossa época acontecem, em que não sabemos se estamos em guerra, apesar de violências insurgirem por toda parte.

As mudanças da globalização estabelecem um terreno em que as concepções clássicas de guerra já não servem. O conflito deixa de lado os protocolos e rituais. Não será concluído com tratados, não terá fim. Rompe barreiras e é difundido, intermitente. Em diálogo com os principais pensadores contemporâneos e dos últimos séculos, a autora traça o cenário em que culminaram forças às vezes não tão recentes, mas decisivas para o terrorismo como o vemos hoje.

Em seu princípio básico de luta pelo poder, o terrorismo surge como espectro da soberania moderna “que, por sua vez, é virtualmente terrorista”, diz Di Cesare. Encabeçado por um terrorista que não é niilista, mas visa um projeto político ou teológico-político, “o atentado não é apenas um ato simbólico. O ato terrorista consiste em pretensão de soberania, deseja ser soberano, superanus no sentido etimológico, superior, grandioso e extremo (...) Quanto mais deslegitimada, instável e flutuante é a soberania que encontra pela frente, mais o terrorismo avança para reivindicar sua posição. É como se anunciasse o momento último do Estado, seu limite, é quase um indicador de uma soberania decadente”. Desta maneira, “O terrorismo quer se apropriar da soberania, de seu princípio, de seu comando e tomar seu lugar”. Para chegar a esta direção, di Cesare aponta que o terror “não se esconde num passado muito misterioso, está inscrito no coração do Estado democrático moderno”.

Em “Terror e modernidade”, Donatella di Cesare vai além dos argumentos usuais para “explicar” o terrorismo, como o choque de civilizações, a desigualdade e a religião. A filosofia entra em campo para pensar questões levantadas pelo terror contemporâneo, passando pelo Estado Islâmico, o perfil do terrorista, radicalização de jovens, o suicídio do homem-bomba, as diferenças entre o terrorismo do fim do século XX e o do século XXI, a guerra ao terror, o espetáculo da decapitação e o ciberterrorismo, entre as muitas outras faces do terror planetário.

Sobre a autora

Donatella di Cesare é professora de Filosofia Teorética na Università La Sapienza em Roma e de Hermenêutica Filosófica na Scuola Normale Superiore em Pisa. É uma das vozes mais ativas no debate público contemporâneo. Também é autora dos livros “Sulla vocazione politica della filosofia” (2018), “Stranieri residenti: Una filosofia della migrazione” (2017), “Tortura” (2016) e “Heidegger e gli Ebrei: i Quaderni Neri” (2014), dentre outros.

Ficha técnica
Terror e modernidade
Autora - Donatella di Cesare
Tradução - André Cotta
Capa - Julia Geiser
Editora Âyiné - Coleção Biblioteca Antagonista
Páginas - 247
Preço - R$ 32,63
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