O Festival D’Annecy de 2018, que acontece no período de 11 a 16 de junho, tem o Brasil como país homenageado e recebe como forte candidato ao prêmio principal “Tito e os Pássaros”, longa que promete impactar tanto o público infantil quanto o adulto.
Na aventura, Tito é um menino de dez anos que tenta combater uma epidemia de pânico que contagiou a megalópole. Na história, São Paulo é retratada em tons impressionistas e o surto geral é uma alegoria da neurose coletiva que nos aplaca em tempos tão alarmados quanto os atuais.
O argumento do longa, criado por Eduardo Benaim, nasce de uma pesquisa que ele havia feito sobre o círculo vicioso entre a cultura do medo, a segregação social e a indústria de segurança. Esta pesquisa gerou o polêmico documentário “Violência S.A.”, que expõe as contradições destes temas no cotidiano da classe-média.
Quando o produtor Gustavo Steinberg o convidou para criar uma história de animação para crianças, Benaim percebeu que uma boa provocação seria traduzir esta grave abordagem para o sábio e divertido olhar infantil. Ao longo do processo criativo, encarou também o desafio de guiar a narrativa pelo gênero de filme-catástrofe, raramente tratado pela perspectiva da puberdade. A corrida foi por encontrar, no olhar dos pequenos, uma saída para as nossas neuroses. E deu certo. No filme, as crianças apontaram um caminho diferente para encarar a loucura social em que vivemos.
Desde de seu terceiro tratamento - quando em 2013 ainda levava o título de “O Surto”, o roteiro de “Tito e os Pássaros” vem seduzindo os mercados de animação mundo afora (passou por Cannes e Annecy, entre outros) e agora chega o momento de mostrar o filme pronto - que já tem a comercialização internacional garantida pela Indie Sales - na competição principal do Festival d’Annecy.
A mistura pouco provável de estilos gerou um filme tão tocante para as crianças, quanto surpreendente para os adultos - e, principalmente, impactante para a criança que vive dentro do adulto.
Assista ao trailer:
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