Espetáculo Escola Modelo reestreia em Sampa

Foto - Camilla Rios

Peça dirigida por Fernando Vilela traz em cena Pedro Granato e Letícia Calvosa refletindo as estruturas sociais sob diferentes perspectivas

O espetáculo Escola Modelo convida os espectadores a uma jornada e reflexiva sobre os impactos das ações afirmativas e do racismo estrutural na formação escolar. Com direção de Fernando Vilella e dramaturgia de Bruno Lourenço, a peça fará temporada no Teatro Pequeno Ato de 09 a 30 de agosto, com sessões às sextas-feiras, às 20h30.

Por meio das experiências pessoais dos performers Pedro Granato e Letícia Calvosa, o projeto propõe uma narrativa que atravessa as fronteiras entre o público e o privado, o político e o pessoal. Calvosa, uma mulher negra que enfrentou dilemas sobre as cotas ao ingressar na universidade, e Granato, um homem branco que foi gestor público de formação, refletem sobre como o racismo moldou suas trajetórias educacionais.

“Como estudante negra, sei que a formação escolar é um momento de muitas descobertas sobre o mundo e sobre si. Um momento delicado que, se não for bem experienciado pelo aluno, pode apagar suas potencialidades e história. O racismo estrutural se apresentou pra mim nesse processo com professores sem letramento racial, com materiais didáticos pensados pela branquitude e para a branquitude, sem referências onde eu me visse representada”, conta a atriz.

Para Granato, que implementou cotas raciais em programas educacionais e levou escolas para as periferias durante sua atuação no poder público, também é preciso questionar sobre a forma que algumas instituições têm inserido alunos em seus espaços.

"Incomoda quando essas mesmas escolas que por décadas segregaram agora buscam, à custa de muito dinheiro, se colocar como pioneiras da luta antirracista. Meu foco central é a defesa de uma transformação estrutural, política de nossa desigualdade racial. E que possamos também aprofundar esse debate encontrando as sombras do processo para não se transformar em algo maniqueísta que serve mais para redes sociais que transformações reais", reflete.

A criação do texto partiu de duas forças condutoras, segundo o dramaturgo Bruno Lourenço. “O privado (relatos pessoais, pensamentos, reflexões) e o público (poder público, leis, instituições). Tudo isso permeado pelo discurso de raça e gênero, que atravessa o espetáculo, e a oposição fundamental entre trabalho e sonho (segundo a semiótica discursiva de Greimas)”, explica. Autores brasileiros importantes como Sílvio de Almeida, Sueli Carneiro, Lívia Sant'anna Vaz e Cida Bento também foram fontes de debates apresentados no texto.

Foto - Camilla Rios

A peça se desenrola em uma ambientação que mescla elementos de sala de aula com a linguagem da contação de histórias, permitindo ao público uma imersão profunda nas reflexões propostas. Através do Teatro Épico de Bertolt Brecht, a encenação busca criar um distanciamento que possibilita o pensamento crítico, convidando os espectadores a questionar as estruturas sociais e educacionais vigentes.

“Se estamos aqui hoje discutindo a desigualdade racial, o plano de ensino nas escolas, a estrutura da educação, uma pergunta que se lança é: qual o modelo educacional que gostaríamos de ter, que fosse comum a todos, para os próximos anos? O público é parte fundamental da discussão. Pois é a partir dele, pela sua identificação, que podemos elaborar juntos novos caminhos a serem tomados, quanto sociedade, quanto país”, diz o diretor Fernando Vilela.

A cenografia, inspirada no filme Dogville de Lars von Trier, utiliza módulos rotativos que lembram lousas escolares, criando um espaço versátil que se transforma em diferentes ambientes conforme a narrativa avança. Cadeiras coloridas infantis dispostas entre o público reforçam a atmosfera escolar, enquanto os elementos cênicos provocam sobre as relações de poder e as dinâmicas sociais presentes no contexto educacional.

Ficha técnica
Escola Modelo
Direção - Fernando Vilela
Dramaturgia - Bruno Lourenço
Elenco - Pedro Granato e Letícia Calvosa
Desenho de Luz - Ariel Rodrigues
Direção de Arte - Fernando Vilela
Figurino - Thais Sakuma
Preparação Vocal - Malú Lomando
Técnico de Palco e Técnico de Som - Victor Moretti
Técnico de Luz - Ariel Rodrigues
Produção Executiva - Carolina Henriques
Assistência de Produção - Julia Terron e Rommaní Carvalho
Fotos Divulgação - José de Holanda
Assessoria de Imprensa - Adriana Balsanelli
Produção e Realização - Jessica Rodrigues Produções e Pequeno Ato
Direção de Produção - Jessica Rodrigues.

Serviço
Espetáculo Escola Modelo
Temporada - de 09 a 30 de agosto - sextas-feiras
Horário - 20h30
Duração - 60 minutos
Local - Pequeno Ato
Endereço - Rua Dr. Teodoro Baima, 78 - Vila Buarque - São Paulo
Capacidade - 25 lugares
Ingressos - R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)
Venda de ingressos online aqui
Classificação - 14 anos
Mais informações 11 94131-3696

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