Farol Santander apresenta a exposição Anatomia Skate

Foto - Divulgação

Até 24 de março de 2024, s
erão exibidos mais de cem objetos da década de 1950 até os dias atuais, incluindo skates, fotos, vídeos, revistas, maquetes, fitas em VHS e DVDs

O Farol Santander São Paulo inaugurou, no dia 20 de dezembro, a exposição inédita Anatomia Skate, um passeio histórico sobre essa cultura que chegou ao Brasil há mais de 50 anos. Com curadoria de Cesar Gyrão, criador da fundamental revista Tribo Skate, em 1991, serão exibidos mais de uma centena de itens relacionados à essa manifestação cultural que se tornou muito mais do que um entretenimento e estilo de vida, atingindo até o status de esporte olímpico. A mostra fica em exibição no 20º andar do centro de cultura, empreendedorismo e lazer até 24 de março.

“É com alegria que o Farol Santander recebe a exposição Anatomia Skate, curada pelo especialista Cesar Gyrão. Os primeiros relatos sobre essa prática datam de 1918 quando um garoto americano desmontou os patins da irmã e fixou as rodas numa prancha de madeira. Sem dúvida a melhor definição para tornar-se uma paixão para os jovens é a liberdade, a criatividade e a superação.”; comenta Maitê Leite, Vice-presidente Executiva Institucional do Santander Brasil.

Esporte, moda, comportamento, expressão artística, mercado, produtos, música, tecnologia, comunicação, competição, preparação física, arquitetura, lazer, subversão, terapia. Diversas são as facetas do skate. Originado por volta de 1920 nos Estados Unidos e atualmente reconhecido como esporte olímpico, atrai multidões que torcem por suas estrelas. No ano que antecede a segunda participação do skate como modalidade olímpica nos Jogos de Paris, na França, o Farol Santander traz para São Paulo um conjunto de valores dessa cultura que percorre mais de cinco décadas desde a sua chegada ao Brasil.

“A trajetória para que a cultura do skate alcançasse aceitação plena na sociedade envolveu muito uretano gasto sob pontes e viadutos, sobre calçadas, ruas e pistas urbanas. Impulsionado pela popularização do surfe em áreas urbanas, o skate abriu portas e desenvolveu valores próprios.”; explica Cesar Gyrão curador da mostra.

Destaques da exposição

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O passeio pela exposição começa com o núcleo pré-história, no qual o visitante encontrará um Roller Derby original, o primeiro skate produzido em escala comercial no mundo, em 1959. Em seguida, são apresentados skates históricos de renomados colecionadores brasileiros, acompanhados por peças raras que destacam a diversificação em outras modalidades, incluindo um classic com impressionantes 1,75 m de altura. Outro destaque desta ala é a capa da revista Life, de 1965, com a skatista Patti McGee de cabeça para baixo sobre um skate.

A partir daí, seguem as três primeiras décadas da implantação do skate no Brasil, no núcleo O Skate se Organiza. A evolução do estilo de vida do esporte segue em linha do tempo, ilustrada com imagens feitas por reconhecidos fotógrafos especializados como Klaus Mitteldorf, Roberto Price, Jair Borelli, Fernando Moraes, Ivan Shupikov e Julio Detefon. São 32 fotos nesse setor, de um total de 75 em toda a exposição, ressaltando alguns dos skatistas mais significativos do cenário nacional, como Digo Menezes, Lúcio Flávio, Sandro Dias, Karen Jonz, Leticia Bufoni e Pedro Barros.

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Para ilustrar a conexão entre a cultura skatista e a música, está exibida uma guitarra Gibson, modelo Les Paul, que pertencia a Alexandre Magno Abrão, o Chorão, skatista e líder do grupo Charlie Brown Jr. Reconhecida como uma das principais bandas de rock nacionais da década de 1990, o CBJR., principalmente na figura de seu vocalista, sempre exaltou o skate como estilo de vida e forma de expressão da juventude.

O terceiro núcleo é Objeto do Desejo, uma cortina com 28 skates das 48 peças raras escolhidas para a exposição. São skates das primeiras gerações, com as primeiras marcas nacionais, como um Torlay, de 1974. A evolução do equipamento foi aprimorada em uma saga de altos e baixos da indústria.

A arquitetura é outro destaque da mostra, representada por maquetes de skateparks como o da icônica pista Wave Park, de 1977, e o novo Vale do Anhangabaú, espaço público apropriado pelo skate com anuência da Prefeitura de São Paulo. A réplica de um scooter, também ocupa um dos espaços centrais.

E por falar em paixão e identidade, a próxima parada é o Quarto e Mundo. Uma visita à evolução comportamental e tecnológica representada em quatro décadas. Da máquina de escrever, telefones de discagem ao notebook e celular do início do novo século. A transformação do mundo analógico no digital em quartos de skatistas de cada geração.

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As mídias e a comunicação também são parte fundamentais na consolidação dessa cultura urbana, portanto a mostra apresenta um núcleo composto por uma banca de revistas exibindo títulos raros e uma videolocadora será recriada, contendo diversos exemplares em VHS e DVDs sobre o tema. No mesmo ambiente, uma tela apresenta vídeos de canais dedicados ao skate.

Outro ponto alto são as peças audiovisuais feitas por Anderson Tuca, com ricos arquivos de imagens e programas especializados. Esta área ainda tem outra experiência imperdível, a sala das superfícies. Tuca convidou skatistas a mostrar diferentes terrenos nos quais se pode andar de skate. O visitante é, então, chamado a “dar um role” virtualmente na sala de projeções, um espaço instagramável.

A evolução do skate ao longo desse período é evidenciada por muita luta de seus praticantes e do seu mercado passando da prática marginal ao profissionalismo, culminando com o registro de alguns representantes da seleção brasileira e dos medalhistas olímpicos Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros, no núcleo Rumo às Olimpíadas.

Confira no vídeo abaixo mais detalhes da exposição com o curador Cesar Gyrão:


Skate por décadas

Cesinha Chaves - Nova Iguaçu (RJ) - 1977. Foto - Nilton Barbosa

  • Década 1970 - a Torlay, localizada em São Paulo, foi a pioneira na produção de skates no Brasil. Em 1973, os Estados Unidos marcaram uma nova fase no skate com a introdução das rodas de poliuretano. O primeiro campeonato nacional aconteceu em 1974 no Clube Federal do Rio de Janeiro, seguido por um grande evento em 1975 na Quinta da Boa Vista, no Rio, iniciando o cenário competitivo. A inauguração da primeira pista de skate no Brasil ocorreu em 1976 no Alphaville Tênis Clube, em Barueri (SP). No final desse ano, surgiu o primeiro skatepark público em Nova Iguaçu (RJ), onde ocorreu o primeiro campeonato em pista do país. O Wave Park, aberto em São Paulo, foi crucial para a evolução do skate vertical, produzindo influentes skatistas como Luis Roberto “Formiga”, Jun Hashimoto e Kao Tai.
  • Década 1980 - na década de 80, o skate no Brasil enfrentou uma desaceleração inicial, com o fechamento de skateparks e a retração de marcas. No entanto, a perseverança dos praticantes e a adaptação para modalidades como Freestyle e Downhill Slide mantiveram viva a cultura do skate. O surgimento de pistas, o impulso do termo Skate Rock e a formação de uma indústria nacional fortaleceram a cena, culminando na popularidade do Street Skate. Apesar de obstáculos como a proibição em São Paulo em 1988, a década testemunhou o crescimento do esporte, marcado por eventos, surgimento de entidades e a influência de programas de TVs especializados.
  • Década 1990 - após um período de retração, o skate brasileiro experimentou uma retomada mais tranquila, marcando uma fase de consolidação do mercado. Com a criação da revista Tribo Skate em 1991 e o engajamento de marcas, o cenário foi impulsionado por produtos assinados por skatistas profissionais, viagens, contratações e vídeos em VHS. Eventos como o Circuito UBS, vitórias de skatistas brasileiros em competições internacionais, a criação da CBSK e a entrada do Brasil no Circuito Mundial WCS reforçaram o papel transformador do skate tanto a nível pessoal quanto social, consolidando o esporte como uma força significativa na cultura brasileira e o skate feminino avançou, destacando-se com o primeiro campeonato exclusivo do gênero pela revista Check It Out Girls.
  • Década 2000Nessa década, o skate brasileiro consolidou-se globalmente, com ídolos como Bob Burnquist e Sandro Dias conquistando reconhecimento internacional. Marcas nacionais e eventos, desempenharam papéis cruciais no crescimento do mercado, enquanto a chegada da Megarrampa em 2008 representou um marco emocionante. A influência cultural do skate expandiu-se para a televisão e trilhas sonoras, com o seriado Malhação incorporando o esporte e Karen Jonz alcançando reconhecimento internacional. O período foi caracterizado também pelo desenvolvimento do Longboard Skate, o surgimento do Go Skateboarding Day e a persistência da comunidade skate diante das mudanças sociais e tecnológicas.
  • Década 2010 - na última década, o skate transformou-se em um espetáculo de destaque, com o surgimento da Street League Skateboarding (SLS) em 2010 nos EUA, oferecendo premiações substanciais e ampliando seu alcance para o público geral. Novos circuitos, como o Vans Park Series, emergiram, e Pedro Barros, destacando-se como skatista e co-criador do Red Bull Skate Generation, marcou a cena. A valorização do skate feminino e a equiparação de premiações impulsionaram a inclusão de brasileiros em todas as modalidades e terrenos competitivos. Em 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) incluiu o skate como esporte olímpico, chegando nas Olimpíadas de Tóquio em 2021, onde Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros conquistaram medalhas para o Brasil. O impacto olímpico foi evidente, levando à criação da World Skate para regulamentar as competições do ciclo olímpico. A internacionalização do skate levou à formação de seleções naturais e à aceitação global do termo "skatista-atleta", enquanto a expansão do paraskate demonstrou a superação de limites autoimpostos no universo do skate.
Ficha técnica
Exposição Anatomia Skate
Curadoria - Cesar Gyrão
Produção - Fabia Feixas
Patrocínio - Ministério da Cultura, Zurich Santander e Santander Brasil, via Lei Federal de Incentivo à Cultura

Sobre o curador

Cesar Gyrão é criador da revista Tribo Skate, título de circulação nacional especializado na modalidade, em 1991. Jornalista e fundador de associações de skate, organizador de eventos e skatista profissional desde 1985. Foi editor assistente da revista Overall de 1988 a 1990, em São Paulo. Atuou na União Brasileira de Skate (UBS) como presidente e diretor esportivo. Nos anos 2000 foi comentarista de skate para canais de TV.

Serviço
Exposição Anatomia Skate
Período - até 24 de março de 2024
Visitação - das 09h às 20h de terça-feira a domingo
Local - Farol Santander São Paulo
Endereço - Rua João Brícola, 24 - Centro - São Paulo (estação São Bento - linha 1, azul do Metrô)
Ingressos - R$ 35,00 (inteira) e R$ 17,50 (meia)
Venda de ingressos na bilheteria do local e online aqui
Classificação - livre
Mais informações 11 3553-5627 e no site do Farol Santander (clique aqui)

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