Cia Dança sem Fronteiras lança o livro Frestas Poéticas na SP Escola de Teatro


Idealizada pela bailarina e coreógrafa Fernanda Amaral, que atua há 35 anos com a diversidade no cenário da dança internacional e nacional, a publicação será lançada no dia 23 de fevereiro

O trabalho da Cia Dança sem Fronteiras, criada em 2010, tem uma premissa essencial: a acessibilidade. Fazem parte do grupo mulheres, homens, pessoas trans, de várias etnias, idades, alturas, pesos, com algum tipo de deficiência. Para comemorar os 12 anos da companhia será lançado no dia 23 de fevereiro, o livro Frestas Poéticas.

Idealizada por Fernanda Amaral, bailarina, coreógrafa, criadora e coordenadora da Dança sem Fronteiras, a publicação do selo Lucias tem edição da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), entidade responsável, entre outros projetos, pela gestão da SP Escola de Teatro, e faz parte do projeto Frestas Poéticas - Cartografias do Corpo Diverso no Urbano, contemplado em 2022 pela 31ª edição do Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.

A Dança sem Fronteiras começou quando a gaúcha Fernanda Amaral retornou ao Brasil em 2010, depois de mais de duas décadas na Europa e nas Américas desenvolvendo trabalho com uma série de ações de investigação e pesquisa sobre a diversidade e as habilidades mistas na dança.

“Eu morava no Reino Unido, mas trabalhava em muitos lugares da Europa, eu viajava muito. Voltei para cá com essa ideia, de que a dança não tivesse fronteiras, nem físicas, nem com relação ao corpo e às artes. Sou apaixonada por São Paulo que é, na minha opinião, uma das cidades mais incríveis do mundo, além de ser um polo cultural importantíssimo. Minha formação como atriz, como preparadora corporal tinha sido aqui e foi pra onde eu quis voltar. Achei que seria o lugar que acolheria esse trabalho”, conta a coreógrafa.

Foto - Fellipe Oliveira

No exterior, Fernanda teve contato com pessoas de vários países, de culturas distintas e percebeu que era muito mais rico o trabalho com corpos diversos, de pessoas de diferentes formações, países e tradições.

“Eu achava que isso representava mais o mundo que a gente vive. Trabalhar com deficientes foi uma decorrência. Comecei a trabalhar com pessoas, bailarinos, atores, estudantes, com as deficiências mais diversas e a notar também a necessidade de trabalhos que representassem essa diversidade de diferentes formas de entender e expressar o mundo. E a necessidade ainda da acessibilidade, de ter lugares que fossem acessíveis, que recebessem artistas diversos, públicos diversos, porque os artistas refletem a plateia e a plateia reflete os artistas, uma coisa vem junto com a outra”, explica ela.

A partir dessas experiências, ela criou a companhia, onde todas as atividades são realizadas com uma abordagem na cultura corporal do movimento acessível a todos, acolhendo a diversidade e enfatizando o potencial dos participantes com o foco na criatividade e igualdade. Com seu grupo, Fernanda promove a dança contemporânea como um bem cultural acessível a todos, ampliando os horizontes artísticos e sociais para além dos rótulos, questionando fórmulas e preconceitos sobre “dança”, “deficiência” e “profissionalismo”.

O livro Frestas Poéticas, é mais um fruto da parceria entre Dança sem Fronteiras e a SP Escola de Teatro, Frestas Poéticas e celebra a trajetória da companhia desde a sua criação. “O título do livro vem da imagem da natureza rompendo o concreto, quando nasce uma planta. A gente se identifica com essa imagem, a gente rompe os padrões e mostra que há beleza de várias formas, não de uma forma só. E queremos mostrar que São Paulo tem beleza também, que há muitas frestas nesse concreto, nessa grande metrópole. O projeto é esse, retomar o urbano, retomar a rua, o presencial depois de dois anos de pandemia e estar muito online, retomar os espaços públicos. Celebrar os doze anos porque não deu pra celebrar os dez”, esclarece Fernanda.

Foto - Silvia Machado

A publicação é dividida em três partes e conta com textos de Fernanda Amaral em todas, falando sobre o surgimento da companhia, o processo de criação e a metodologia utilizada nas diferentes atividades. Para falar especificamente sobre o tema de cada uma das partes, foram escolhidos parceiros que têm uma relação forte com o trabalho da Dança sem Fronteiras.

O diretor executivo da SP Escola de Teatro Ivam Cabral escreveu sobre os pressupostos da acessibilidade; a performer, educadora e artista multimídia Sarah Ferreira discorre sobre os trabalhos de vídeo dança; e o artista, pesquisador e educador Robson Ferreira, aborda o trabalho educativo da Cia.

“Fernanda Amaral já é nossa parceira desde a fundação da SP Escola de Teatro. Aqui realizou cursos e residências artísticas. O mais bacana, que o leitor dessa nossa nova edição publicada pelo selo Lucias poderá notar, é a similaridade de nossos projetos artísticos e pedagógicos. Assim como nós, a Dança sem Fronteiras compartilha da proposição da acessibilidade em vez da inclusão, porque promover acessos garante autonomia enquanto o conceito de inclusão é restrito e impositivo”, ressalta Ivam.

Ficha técnica
Frestas Poéticas
Idealização e Textos - Fernanda Amaral.
Colaboradores - Ivam Cabral, Sarah Ferreira e Robson Lourenço
Editora - Selo Lucias
Edição - Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap).
Coordenação Editorial - Ivam Cabral, Elen Londero, Joaquim Gama e Marcio Aquiles
Direção Geral e Curadoria do Projeto - Ivam Cabral.
Produção Geral - Jota Rafaelli | Movicena Produções
Produção Executiva - Rafael Petri
Edição dos Textos - Julia Dantas.
Revisão - Rodrigo Luiz P. Vianna
Projeto Gráfico - Lídia Ganhito e Beatriz Fiel | Estúdio Pavio
Distribuição Gratuita

Serviço
Lançamento do livro Frestas Poéticas
Data - 23 de fevereiro - quinta-feira
Horário - 19h
Local - SP Escola de Teatro
Endereço - Praça Roosevelt, 210 - Centro - São Paulo
Grátis

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