Jocy de Oliveira estreia o concerto cênico Realejo de Vida e Morte no Teatro do Sesc Pompeia

A atriz e soprano Gabriela Geluda em cena de Realejo de Vida e Morta. Foto - Guga Melgar

Nos dias 01, 02 e 03 de julho, a artista apresenta um trailer da segunda “ópera cinemática” que começa a ser filmado no segundo semestre e baseado no romance inédito de Adriana Lisboa

No Sudeste brasileiro, há uma cidade que vai desaparecendo sob o mar. Em Atafona, belo recanto de São João da Barra (RJ), o cenário é apocalíptico: edifícios lentamente adernam e escorregam para o oceano, qual barcaças abandonadas.Essa foi a inspiração de Jocy de Oliveira para a sua nova obra - Realejo de Vida e Morte.

Nos dias 01, 02 e 03 de julho, Jocy e seu Ensemble fazem uma prévia dessa “ópera cinemática”, como ela define, no Sesc Pompeia, em São Paulo. O concerto multimídia é o ponto de partida do trabalho em progresso. O roteiro é baseado no livro ainda inédito da romancista Adriana Lisboa, por sua vez inspirado na obra de Jocy de Oliveira e sua peça homônima - Realejo dos mundos.

É como um círculo que se fecha e se alimenta: em seu livro, Adriana Lisboa narra, em linguagem poética, a influência da música e das criações de Jocy na sua formação. Jocy criou seu roteiro em uma livre adaptação do livro de Adriana. As vozes de Adriana e Jocy narram, comentam, se confundem. O trabalho consolida o mergulho numa multimidialidade nos moldes do primeiro e premiado longa-metragem de Jocy - Liquid Voices.

No espetáculo, são trazidos flashes da história: imagens, sons e palavras extraídos do roteiro do futuro filme Realejo de Vida e Morte. Trechos em vídeo apresentam a escritora lendo partes do romance, além de imagens que ilustram e “cenografam” a espinha dorsal da história: um homem e uma mulher estão confinados em um refúgio isolado. Lá fora, o mundo parece estar em uma silenciosa pós-hecatombe.

Jocy de Oliveira e Adriana Lisboa. Foto - Guga Melgar

“É um planeta abandonado. Se a destruição é ambiental, política, por repressão, guerras, pandemias... não importa. Nessa realidade, o consumo é escasso e a vida é simples: resume-se em suas memórias, seus fantasmas, os sonhos da juventude repletos de arte, música, teatro. De liberdade”, diz Jocy.

De todos esses sonhos e desejos, só resta um piano avariado, abandonado em uma casa vazia. De novo, como em Liquid Voices, o piano destruído é símbolo de uma decadência, sua lembrança viva versus a aridez de uma realidade estranha. Há um quarteto de sopranos que atua como um coro grego, incorporando a tensão musical. As quatro cantam, comentam, discutem suas visões, interpretam sinais - ora como animais marinhos, ora como fantasmas e outros personagens, adicionando um elemento surreal no plano cênico e musical, ao estilo de um rito dionisíaco.

Um mundo movido pela manivela de um realejo? Talvez. E nada mais importa. A proposital ambiguidade do roteiro e sua atemporalidade oferecem, entretanto, uma analogia dos dias trágicos que vivemos hoje. O resto é silêncio a ser preenchido pela imaginação do espectador. O filme está em fase de pré-produção, com início de filmagens programado para o segundo semestre de 2022 em Atafona e em diferentes locações do Rio de Janeiro.

Sobre a artista

Foto - Guga Melgar

Compositora, artista multimídia, autora, pianista, Jocy de Oliveira é uma das mais importantes artistas da música contemporânea no Brasil. Compôs e dirigiu suas nove óperas, apresentadas em diversos países. Gravou 25 discos no Brasil, Inglaterra, EUA, Alemanha e Itália. Escreveu cinco livros, ganhou um Jabuti e em 2019 lançou a primeira ópera escrita para o cinema (Liquid Voices). Militante do feminismo e da preservação do meio ambiente, respeitada no mundo da Música e das Arte Cênicas.

Ficha técnica
Realejo de Vida e Morte
Música e Concepção - Jocy de Oliveira
Elenco - Gabriela Geluda (soprano/atriz), Savio Faschet (contratenor/ator), Doriana Mendes (soprano /atriz), Laiana Oliveira (soprano), Claudia Alvarenga (soprano) e Luciana Costa e Silva (meio soprano)
Participação da romancista Adriana Lisboa e de Jocy de Oliveira em vídeo
Ensemble Jocy de Oliveira - Peter Schuback (violoncelo), João Senna (viola), Paulo Passos (clarineta e clarone), Jorge Postel-Pavisic (oboé), Aloysio Neves (guitarra elétrica), Tatiana Dumas Macedo (piano), Siri (percussão), Joaquim Abreu (percussão)
Difusão - José Augusto Mannis
Coordenação de Cena - Jefferson Miranda
Cenografia - Doris Rollemberg
Figurinos - acervo Jocy de Oliveira
Direção de Movimento - Doriana Mendes
Produção - Spectra Produções

Serviço
Concerto cênico Realejo de Vida e Morte
Data - 01, 02 e 03 de julho - sexta, sábado e domiungo
Horário - sexta e sábado às 21h, domingo às 18h
Duração - 100 minutos
Local - Teatro Sesc Pompeia
Endereço - Rua Clélia, 93 - Pompeia - São Paulo
Ingressos - R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 12,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes)
Venda de ingressos online aqui
Venda presencial nas unidades do Sesc SP
O local não possui estacionamento

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