Em tempos de polarização política e avanço do autoritarismo, o Festival Piauí de Jornalismo - pela primeira vez na Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP) - abordará a reação de governos e governantes contra o trabalho dos jornalistas ao redor do mundo. Sob o mote “Quando a imprensa se torna o adversário”, repórteres e editores da Europa, Estados Unidos, Oriente Médio e América Latina relatarão os obstáculos interpostos por agentes do Estado e explicar como, a despeito disso, apuram e publicam suas reportagens.O grau de dificuldade enfrentado pelos jornalistas varia da falta de acesso às autoridades até a necessidade de se exilar para poderem trabalhar.
Os oito convidados formam, assim, um painel diversificado, que mostra o estado da liberdade de imprensa em países com governos de direita e de esquerda, em democracias liberais e em ditaduras sob guerra civil. A venda dos ingressos já está disponível e podem ser parcelados em até 12 vezes no cartão de crédito. Assinantes Piauí terão desconto e estudantes e professores pagarão meia-entrada.
Sobre os convidados
Jane Mayer - The New Yorker - Estados Unidos
Chefe da sucursal de Washington da revista The New Yorker, escritora e professora no curso de jornalismo da Universidade Princeton, Jane também passou pelo Wall Street Journal, onde atuou nas coberturas da Guerra do Golfo e da queda do Muro de Berlim. Foi a primeira correspondente feminina do jornal a cobrir a Casa Branca. Uma das principais jornalistas investigativas dos Estados Unidos, escreveu uma das matérias que desencadearam o movimento #MeToo, com milhares de mulheres usando as redes sociais para denunciar abusos sexuais em todo o mundo, a partir das denúncias contra o ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein.
Beatriz Adrián - TV Caracol - Venezuela
A jornalista venezuelana reporta a situação do seu país como correspondente para o canal colombiano Caracol Televisión e mantém um canal no YouTube desde 2014. Adrián também é vice-presidente da empresa de crowdfunding solidário Dar y Recibir. Em meio à grave crise política e financeira pela qual passa a Venezuela, ela foi detida ao cobrir a prisão de Juan Guaidó, líder do Congresso, no começo do ano, no que foi um dos casos mais recentes de tentativa de censura e ameaça ao trabalho de jornalistas no país.
Piotr Pacewicz - Oko Press - Polônia
Colunista do jornal liberal Wyborcza - onde também foi editor-chefe, cargo que hoje ocupa no OKO.press, um portal de jornalismo investigativo e checagem de fatos. Formado em psicologia, chegou a lecionar na área. Nos anos 80, integrou a equipe do Tygodnik Mazowsze, uma revista semanal vinculada ao sindicato Solidariedade, que fazia oposição ao domínio comunista soviético sobre a Polônia. Foi colaborador da série documental de TV Czwarta Władza, que em livre tradução significa “quarto poder”, sobre jornalistas que acidentalmente flagram o transporte de mercadorias ilegais. Ele é coautor do livro Zakazane Miłości. Seksualność i inne Tabu (Amor Proibido: Sexualidade e Outros Tabus). É conhecido por promover a defesa dos direitos humanos e das minorias e faz parte de um comitê de política para a questão das drogas na Polônia. Escreve sobre jornalismo investigativo/checagem de dados e fez matéria sobre escândalo envolvendo o vice-ministro da Justiça da Polônia, que renunciou após o vazamento de conversas no WhatsApp. Ele é acusado de coordenar uma campanha de ódio contra juízes contrários ao governo.
Pelin Ünker - ICIJ - Turquia
A repórter é hoje freelancer do Deutsche Welle na Turquia e já integrou o jornal de centro-esquerda Cumhuriyet (A República). É membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), onde foi uma das profissionais a integrar a força-tarefa da investigação jornalística conhecida como Panama Papers. Em janeiro deste ano, Ünker teve a prisão decretada por acusação de calúnia e difamação do ex-primeiro ministro turco, Binali Yıldırım, e seus dois filhos, citados por ela nas investigações dos Panama Papers, sobre empresas offshores não declaradas em paraísos fiscais. A jornalista recorreu da sentença, pagou uma multa de cerca de 8,6 mil liras turcas, o equivalente a 1,3 mil euros, e aguarda em liberdade.
Tamás Bodoky - Atlatzo - Hungria
Fundador, publisher e editor do portal de jornalismo investigativo Atlatzo. Durante nove anos trabalhou em diversas editorias do index.hu e também assinou reportagens de ciência e tecnologia no semanário Magyar Narancs. Em 2008, o jornalista recebeu o prêmio Gőbölyös Soma por seus artigos sobre a brutalidade policial em resposta às manifestações de 2006. E também os prêmios Justitia Regnorum Fundamentum e o Pulitzer Memorial para Jornalistas Húngaros pelos artigos e reportagens sobre a liberdade de imprensa e de circulação da informação em casos de corrupção política. Promotor da transparência na circulação de informações na Hungria, escreveu sobre empresas húngaras envolvidas numa fraude denunciada no relatório anual do Organismo Europeu de Luta Antifraude - cuja sigla em inglês é OLAF.
Rania Abouzeid - Líbano
Colaboradora das revistas The New Yorker e National Geographic, já foi correspondente daTime e teve textos publicados no Guardian, Los Angeles Times, The Australian e csm. Pode ser vista comentando sobre a situação no Oriente Médio nos canais de rádio e tevê da France 24, BBC, CBC, CBS, PBS, Al Jazeera e Channel 4. Filha de imigrantes libaneses, nasceu na Nova Zelândia e cresceu na Austrália. É bolsista da Fundação Nieman para o Jornalismo da Universidade Harvard, e dirigiu a série documental Syria – Behind Rebel Lines (Síria - Por Trás das Linhas Rebeldes), vencedora do Canadian Screen Award. É autora do livro No Turning Back: Life, Loss, and Hope in Wartime Syria (Sem Retorno: Vida, Perda e Esperança na Síria dos Tempos de Guerra), baseado em cinco anos de reportagens investigativas que realizou na Síria.
Ivan Golunov - Meduza - Rússia
Correspondente especial do portal Meduza assina reportagens sobre escândalos de corrupção. Já passou pelas redações do canal de tevê independente Dozhd (também conhecido como TV Rain), do jornal econômico Vedomosti, do site Republic, do conglomerado de mídia RBK e já publicou reportagens na revista norte-americana Forbes. Tornou-se o jornalista mais conhecido da Rússia ao ter a prisão decretada por tráfico de drogas em grande escala. A acusação foi considerada uma tentativa de silenciar o profissional, que investigava o pagamento de propina para agentes que administravam ilegalmente os cemitérios públicos de Moscou. Entre os indícios da acusação forjada estão o fato de que os agentes demoraram cerca de catorze horas para informar sobre a detenção do repórter e publicaram na internet fotos do suposto material confiscado: foi comprovado que a maior parte dessas fotos era falsa e elas foram apagadas posteriormente. A acusação poderia manter o jornalista preso por um período entre dez e vinte anos. Ele ficou detido por quase uma semana e depois aguardou julgamento em prisão domiciliar. A acusação acarretou a mobilização da imprensa nacional e internacional e resultou em manifestações de setores e da população. Na sequência, o processo contra o jornalista foi encerrado.
Carlos Fernando Chamorro - Confidencial - Nicarágua
É um dos fundadores e editores do portal e site de notícias Confidencial e apresentador e diretor dos programas de tevê Esta Semana e Esta Noche. Carlos Fernando é filho de Violeta Chamorro, primeira mulher a ser presidente da Nicarágua (1990- 97), e do jornalista Pedro Joaquín Chamorro Cardenal, diretor do La Prensa, uma das publicações mais importantes do país nos anos 70, assassinado durante a ditadura da dinastia Somoza. Chamorro é presidente do Centro de Investigación de la Comunicación, organização sem fins lucrativos que promove o estudo e a pesquisa sobre a imprensa, a defesa do jornalismo independente e a formação de jovens profissionais. Em janeiro deste ano, o jornalista se exilou na Costa Rica após uma invasão policial ao escritório do Confidencial, em dezembro de 2018. O foco do seu trabalho em todas as frentes do Canal 12 da Nicarágua é o jornalismo investigativo, as entrevistas com líderes políticos e os debates sobre conteúdos relevantes de seu país.
Programação
Data - 05 de outubro - sábado
Horário - 10h
Entrevistada - Beatriz Adrián - Venezuela
Mediadores - Fernando de Barros e Silva - Piauí e Edilamar Galvão - FAAP
Horário - 12h
Conversa com a Fonte
Rodrigo Maia entrevistado por Malu Gaspar
Horário - 14h30
Entrevistada - Jane Mayer - EUA
Mediadores - Malu Gaspar - Piauí e André Petry - Galápagos Newsmaking
Horário - 16h3
Entrevistado - Piotr Pacewicz - Polônia
Mediadores - Alcino Leite Neto - Piauí e Patrícia Campos Mello - Folha de S.Paulo
Horário - 18h30
Entrevistada: Pelin Üunker - Turquia
Mediadores - José Roberto de Toledo - Piauí e Aline Midlej - GloboNews
Data - 06 de outubro - domingo
Horário - 10h
Entrevistado - Tamás Bodoky - Hungria
Mediadores - Rafael Cariello - Piauí e Luciana Garbin - FAAP
Horário - 12h
Foro de Terezina ao Vivo
Com Fernando de Barros e Silva, José Roberto de Toledo e Malu Gaspar
Horário - 14h30
Entrevistada - Rania Abouzeid - Líbano-Síria
Mediadores - Fabio Victor - Piauí e Marcelo Lins - GloboNews
Horário - 16h30
Entrevistado - Ivan Golonov - Rússia
Mediadores - Thaís Bilenky - Piauí e Jaime Spitzcovsky - Folha de S.Paulo
Horário - 18h30
Entrevistado - Carlos Fernando Chamorro - Nicarágua
Mediadores - João Moreira Salles - Piauí e Natuza Nery - GloboNews
Serviço
Festival Piauí de Jornalismo
Data - 05 e 06 de outubro
Local - FAAP
Endereço - Rua Alagoas, 903 - Higienópolis - São Paulo
Horário - sábado e domingo das 10h às 18:30h
Ingressos - a partir de R$ 280,00
Para mais informações ou comprar clique aqui
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