Cidadão - Novo livro de Ricardo Pecego expõe a desumanização nas metrópoles em contos que cruzam trajetórias invisíveis


Obra publicada pela Editora Cachalote mergulha na complexidade das relações urbanas e questiona a indiferença social

Na metrópole de São Paulo, onde milhões de histórias se cruzam sem se tocar, o novo livro de Ricardo Pecego, Cidadão, revela as camadas ocultas de personagens muitas vezes reduzidos a estereótipos. Com contos que transitam entre o pasteleiro descendente de japoneses, a fofoqueira de WhatsApp e o passageiro solitário do trem noturno, a obra desconstrói a ideia de que conhecemos o outro apenas pelo que vemos.

"Escrevo aquilo que me toca, que observo entre as pessoas. O tema me incomoda porque não acredito nessa cosmovisão que coloca o ser humano como dono do mundo, excluindo até mesmo outros da própria espécie", afirma o autor. 

A inspiração para Cidadão veio de uma crítica à forma como as cidades modernas segregam e desumanizam. Pecego destaca que a vida urbana impõe uma hierarquia invisível, na qual alguns são tratados como não integrantes. "A cidade, que deveria ser um espaço de encontro, muitas vezes nos ensina a ignorar quem está ao lado", reflete. O livro, escrito em nove meses entre rascunhos e revisões, propõe um olhar mais atento às histórias que passam despercebidas no cotidiano. "A vida pode ser menos - e nem por isso ruim - do que os sonhos que nos vendem desde cedo", defende.

Apesar de ser seu segundo livro - após Caparaó (2020) -, Pecego ressalta que Cidadão não é uma continuação, mas parte de um projeto literário que questiona estruturas sociais. Influenciado por autores como Aílton Krenak, Joice Berth e Milton Santos, ele constrói narrativas curtas e diretas, sem artifícios. "Escrevo instintivamente. A linguagem vai se refinando no diálogo com outros autores, mas mantenho a essência: comunicar o que me aflige ou me alegra", explica. A escolha pelo gênero conto surgiu naturalmente: "o personagem dita se sua história será curta ou longa. No caso de Cidadão, todos pediam brevidade".

Além da literatura, Pecego acumula trajetória como produtor cultural, com passagem por projetos que unem arte e impacto social. Desde 2019, dedica-se integralmente à escrita e à mediação de leitura, levando livros a feiras do interior paulista com uma livraria ambulante. Para ele, "Cidadão" é um convite ao exercício da empatia. "Quero que o leitor perceba quantas vidas cabem numa cidade e o que perdemos ao não enxergá-las".

Sobre o autor


Ricardo Pecego (Santo André, 1976) é publicitário e produtor cultural com mais de duas décadas de atuação em projetos que unem arte e transformação social. Desde 2019, dedica-se à literatura: seu primeiro livro, Caparaó (2020), abordou temas como identidade e pertencimento. Residente em Espírito Santo do Pinhal (SP), mantém uma livraria itinerante e media rodas de leitura para crianças e adultos. Cidadão é seu segundo trabalho solo na literatura.

Ficha técnica
Cidadão
Autor - Ricardo Pecego
Editora - Cachalote
Páginas - 146
Preço - R$ 64,90
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