De 25 de julho a 04 de agosto, a literatura será a estrela do evento em homenagem a Oswaldo Camargo, um dos mais destacados escritores pretos das últimas décadas
A literatura está em alta em Sampa e os amantes desta área de expressão artística poderão desfrutar de um evento onde as estrelas são os autores e seus livros. O público terá a possibilidade de compartilhar trocas intelectuais e afetivas, além de circular entre escritores, leitores e livreiros, personagens do vasto mundo das ideias.
A 2ª edição do Festival Literário Arena da Palavra movimenta São Paulo entre 25 de julho e 04 de agosto quando 18 livrarias de rua da cidade estarão de portas abertas para receber 22 autores durante os nove dias do projeto. A programação inspiradora inclui quatro lançamentos de livros, debates e shows.
A abertura para convidados, acontece dia 25 de julho no MAM, Museu de Arte Moderna, no Parque Ibirapuera. com pocket show da cantora e compositora Fernanda Porto, quando haverá a confraternização entre livreiros, autores participantes e homenageado, e os curadores apresentarão os destaques do evento, ressaltando o que norteou sua linha curatorial.
Nesta edição do Arena da Palavra, a curadoria segue com o formato de ter, em cada livraria, a figura do autor-livreiro, que conduzirá um debate com o público a partir dos títulos e/ou obras que terá selecionado previamente. Entre outras atrações, está a apresentação do Sarau do Capão e o show do violeiro Paulo Freire, no Sebo Pura Poesia.
O evento homenageia Oswaldo Camargo, poeta, ficcionista, crítico, historiador da literatura e um dos mais destacados escritores negros das últimas décadas. O escritor estará na Livraria Megafauna dia 30 de julho, às 19 horas, quando terá seus livros relançados - O carro do êxito, 30 poemas de um negro brasileiro, A Descoberta do Frio (Companhia das Letras). Também estará domingo, 04 de agosto, no encerramento do projeto, na Pura Poesia.
O Arena da Palavra também presta homenagem à Livraria Taverna, uma das afetadas pela tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul. Seus sócios estarão dia 26 de julho, às 19h, na Livraria Ponta de Lança. Trata-se de uma das mais tradicionais livrarias de Porto Alegre. Seu acervo e mobiliário foram danificados.
Entre os autores escolhidos pela curadoria, estão o jornalista e professor Eugênio Bucci, a dramaturga e poeta Ave Terrena, o autor Felipe Franco Munhoz, o quadrinista e ilustrador Alcimar Frazão e as escritoras Lilia Guerra e Aline Bei, entre outros. Para saber a programação completa, visite o site aqui e acompanhe as redes do Polo Cultural.
O evento tem idealização do produtor cultural Marcelo Sollero, diretor do Polo Cultural, que assina a curadoria ao lado do Claudiney Ferreira (Certas Palavras), o jornalista Ubiratan Brasil (crítico de Literatura da APCA) e a escritora Cidinha Silva. Com produção do Polo Cultural, o festival pretende aquecer o circuito/cenário das pequenas empresas do universo do livro.
A ideia é fortalecer as livrarias independentes, principalmente as livrarias de rua, de pequeno porte. Busca-se valorizar a diversidade literária e promover o acesso à cultura, proporcionando aos leitores uma experiência enriquecedora e diferenciada. Para viabilizar esta programação, as livrarias receberão pequeno aporte de recursos proveniente de emenda parlamentar.
Lançamentos dos autores Cidinha da Silva, Oswaldo de Camargo, Cristino Wapichana e Felipe Franco Munhoz
Cristino Wapichana. Foto - Renato Parada |
O autor indígena Cristino Wapichana (Boa Vista, Roraima, 1971) - contador de histórias, escritor, músico, compositor - autografa o seu Terra Rio e Guerra da editora Moderna no sábado, dia 27 de julho, às 15h, na Livraria Miúda. Contador de histórias, escritor, músico, compositor, produtor cultural, artista indígena, utiliza-se de sua familiaridade com as palavras e a música para disseminar histórias, saberes e heranças dos povos originários, reforçando a importância dessa população para a formação da sociedade brasileira.
O homenageado Oswaldo de Camargo estará no dia 30 de julho, sexta, 19h, na MegaFauna, com o relançamento de seus livros (Cia das Letras) - O carro do êxito, 30 poemas de um negro brasileiro, Descoberta do frio. Felipe Franco Munhoz, que estreou na literatura com o romance Mentiras, em 2016, estará na Livraria Sentimento do Mundo no dia 30, terça-feira, 19h, autografando Dissoluções e Lanternas Ao Nirvana (audiolivro - Editora Moderna).
A mineira Cidinha da Silva - que tem 22 livros publicados, distribuídos entre os gêneros crônica, conto, ensaio, dramaturgia e infantil/juvenil - assina o seu Vamos Falar de Relações Raciais? Crônicas para Debater o Antirracismo (Editoria Autêntica) no sábado, dia 03 de agosto, às 17h , na Livraria Cabeceira.
Autor-livreiro
Sobre o conceito de autor-livreiro, Marcelo Sollero diz que “foram convidados autores de livros para visitar as livrarias e escolher dentro de seus acervos alguns livros de sua preferência E a partir daí abrir para debater. Esperamos que o festival tenha o poder de ajudar a impulsionar o crescimento do mercado editorial dos independentes, fomentando a cultura e incentivando a formação de leitores”, afirma.
Ubiratan Brasil conviveu durante anos com o homenageado. “Conheci o Oswaldo quando eu entrei no grupo Estado, em 1990, no Jornal da Tarde, quando ainda era repórter de Esporte. Naquela época, como não tinha internet, o acervo do jornal era importante fonte de pesquisa. Oswaldinho, como a gente o chamava, era um dos atendentes e sempre demonstrou ser uma pessoa culta, antenada com tudo o que acontecia no Brasil e no mundo - e não só na área de cultura. Era um homem muito divertido, com um jeito muito gracioso de falar. Eu gostava de conversar com ele, mesmo que esporadicamente”.
Sobre a linha da curadoria, Ubiratan buscou nomes novos ou ainda pouco conhecidos no mercado editorial, mas cujo trabalho já chama atenção das editoras, independente do seu tamanho. “Há muita gente escrevendo hoje em dia, mas poucos com real qualidade. E os que escolhi me pareceram mais representativos desse momento”.
Como visitante ou a trabalho, há exatos 40 anos o curador Claudiney Ferreira frequenta festivais e feiras de livros no Brasil e no exterior. “No geral, os formatos dos eventos são um tanto semelhantes. Normalmente, interessantes. Arena da Palavra nos apresenta uma outra perspectiva de evento literário, principalmente na sua fase presencial. Não só a literatura, escritoras e escritores, editores são personagens importantes deste evento, mas a cidade é também essencial. A cidade e suas pequenas livrarias de rua, todas dotadas de distintas personalidades. Arena da Palavra nos provoca com fluxos e fruição pela urbanidade paulistana”, analisa.
Sobre o homenageado
Foto - Renato Parada |
Oswaldo de Camargo nasceu em Bragança Paulista (SP), em 1936. Estudou música e humanidades no Seminário Menor Nossa Senhora da Paz, mas, percebendo intimidade com as letras, decidiu dedicar-se à escrita. Foi revisor do jornal O Estado de S. Paulo, redator do Jornal da Tarde, diretor de cultura da Associação Cultural do Negro e um dos principais colaboradores de periódicos como Novo Horizonte, Niger e Cadernos Negros. Dele, a Companhia das Letras também publicou O carro do êxito.
Confira no vídeo entrevista com o escritor:
Sarau do Capão na Megafauna
Foto - Divulgação |
A literatura circula na Periferia por meio de coletivos e slams e o Festival Literário Arena da Palavra dá voz a essas manifestações artísticas ao realizar o Sarau do Capão na Livraria Megafauna dia 30 de julho, às 19 horas. Trata-se de um coletivo que apresenta um sarau itinerante desde janeiro de 2017, fundado por Tawane Theodoro e Jéssica Campos - duas jovens mulheres pretas e poetas, nascidas e criadas no Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo. Mescla de poesia, dança, música e diversas formas de arte, além de debate em torno de questões de gênero, raça e classe.
Serviço
2ª edição do Festival Literário Arena da Palavra
Período - de 25 de julho a 04 de agosto
Para mais informações e conferir a programação completa clique aqui
0 Comentários