Será que o BBB realmente está preparado para receber participantes PCDs?

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Psicóloga fala sobre capacitismo após caso de inacessibilidade em dinâmica de prova no Big Brother Brasil 24

O BBB 24 iniciou no dia 8 de janeiro com uma prova de resistência para definir a primeira liderança. Vinicius Rodrigues, atleta paralímpico, teve sua perna amputada após um acidente de moto e faz parte do elenco da edição. Ele é o terceiro participante PCD da história do BBB e esteve presente na dinâmica proposta na estreia do programa. O que ninguém esperava, foi a necessidade do participante retirar sua prótese da perna para concluir o circuito que a prova demandava. Afinal, por que isso chocou tantas pessoas?

Priscilla Souza, psicóloga comportamental e pessoa com deficiência física explicou que Vinicius ficou em desvantagem quando mudou a própria forma de ser para concluir a prova. Portanto, a produção deveria, neste caso, elaborar provas em que a pessoa, com suas restrições, pudesse competir no mesmo nível.

A psicóloga explica que adaptar uma prova não seria uma questão de superproteção e nem vantagem do jogador em relação aos outros participantes, e sim garantir equidade e que, mesmo com as limitações na mobilidade, o brother não ficasse prejudicado em relação aos outros integrantes.

Apesar do desafio e da revolta do público diante da situação considerada constrangedora, Vinicius se adaptou para fazer a prova e a produção permitiu que o atleta trocasse sua prótese por uma que pudesse molhar, como forma de deixar a condição mais justa entre ele e o restante dos participantes.

No entanto, o participante Maycon, durante a prova, fez piadas sobre o participante PCD. “Vamos botar um nome no cotinho. A gente pode botar um apelido no cotinho? Te batizar?”, comentário que deixou Vinicius desconfortável. A fala do cozinheiro reflete o capacitismo presente na sociedade, a discriminação de pessoas com deficiência e a subestimação da capacidade e aptidão dessas pessoas. O público pediu que Maycon fosse o primeiro eliminado do programa.

“Para lutar contra o capacitismo, o PCD quer ser tratado da mesma forma como todos, porque ele não é tratado com os mesmos direitos, sempre fica faltando algo. Eu não quero privilégio, mas eu quero ser atendida na minha necessidade, eu quero chegar a participar de um programa de reality show segura de que a minha necessidade vai ser atendida, independente da circunstância. A gente sempre tem que achar uma solução para o problema social. A alteração do local precisa ser feita com naturalidade, sem ninguém ficar olhando torto, como se você estivesse ‘dando trabalho’, porque eu não estou dando trabalho. É a exigência que eu preciso para ser uma pessoa normal”, ressalta a psicóloga.

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