Companhia da Memória apresenta o espetáculo Punk Rock na Biblioteca Mário de Andrade

Foto - Ale Catan

Primeira montagem da obra de Simon Stephens no Brasil, a
 peça traz para a cena o bullying e a violência nas escolas. A estreia acontece em 11 de novembro

Punk Rock é o texto de um dos mais importantes e renomados dramaturgos mundiais contemporâneos, o inglês Simon Stephens, e ganhou pela primeira vez montagem no país, pela Companhia da Memória, formada por Ondina Clais, Marina Nogaeva Tenório, João Vasconcellos e Ruy Cortez. O espetáculo integra a Pentalogia do Feminino, atual projeto artístico da Cia que prevê a encenação de cinco obras que desdobram temas autônomos, porém vistos sob a perspectiva do feminino.

A peça estreou em março de 2018, no Centro Cultural São Paulo e agora, com nova concepção cênica, retorna para uma nova temporada, de 11 de novembro a 09 de dezembro de 2023, sempre aos sábados às 15h (exceto dia 25 de novembro, quando a apresentação ocorrerá às 12h), na Biblioteca Mário de Andrade, Auditório Rubens Borba de Moraes.

Simon Stephens se inspirou no massacre acontecido na escola Columbine em 1999 para escrever Punk Rock. O texto critica o elitismo do ensino, a disputa entre os vestibulandos dentro das instituições escolares, ao vestibular como afunilamento social e a forte presença do bullying nesse meio. No ano em que foi escrita, 2009, a peça recebeu duas indicações como melhor peça teatral do ano, pelos mais conceituados prêmios ingleses: TMA Theatre Awards e Evening Standard Theatre Awards.

“É preciso dar vazão à potência do texto de Simon e o que ele nos diz sobre a contemporaneidade e sua respectiva construção do sujeito social. Ainda que o bullying seja identificado como o principal motivo para a execução de massacres, não temos efetivamente políticas e diretrizes unificadas de identificação desses casos e métodos para lidar com essa questão a tempo, antes que outras tragédias aconteçam. Precisamos fomentar projetos nesse sentido, precisamos entender isso como uma questão de saúde, educação e segurança.”, diz Ondina Clais, uma das diretoras da montagem.

Vivi Ono, Conrado Costa, Yan Brumas e João Vasconcellos em cena de Punk Rock. Foto - Eduardo Bacani

“Como lidar com a violência nas escolas? É preciso pensar como podemos enfrentar esses conflitos, esses traumas, buscando apontamentos de saída que nos ajudem a imaginar uma outra escola”, opina Marina Nogaeva Tenório, outra diretora da montagem.

“Levar ao palco essa temática é a possibilidade de o teatro irromper em cena aquilo que não pode acontecer no tecido do real. A peça, enquanto texto, direção, concepção e interpretação, de maneira nenhuma faz apologia, incentiva ou apoia a violência nas escolas, o bullying e os massacres, que na verdade são apenas o último comportamento dentre a escalada de violências que ocorrem dentro das instituições escolares. Ao contrário, toda a cautela do projeto é para constituir um discurso contra o ódio e a intolerância, frisando a importância das boas relações, da empatia, do respeito às diferenças e do amor ao próximo”, comenta Ruy Cortez, diretor artístico.

“Falar sobre a educação é fundamental em tempos de inversões, que não só freiam avanços, mas que também causam retrocessos no Brasil. O memorável levante dos secundaristas e a ocupação por todo o país provam que os jovens não estão de acordo com a estrutura educacional e com a forma de se produzir - ou não - pensamento. Como estamos formando os cidadãos? O que o mundo contemporâneo propõe para o futuro sob a ótica das relações humanas?”, reflete João Vasconcellos, um dos atores da montagem.

O conceito da encenação para essa montagem é o aprisionamento, o confinamento, e isso permite à encenação destacar, isolar, aprisionar, segregar, confinar, expor, reunir, aproximar e por fim e principalmente, libertar falas, corpos, pensamentos e subjetividades dentro do espaço cênico. A cenografia é minimalista, para enfatizar a presença viva dos atores e das personagens, tendo poucos objetos pontuais, que ajudam a compor uma arquitetura impessoal.

Ciclo de Palestras Punk Rock - Escola sem Armas

Foto - Ale Catan

Após as apresentações, os diretores e integrantes da montagem conduzirão um Ciclo de Palestras com o tema: Punk Rock - Escola Sem Armas, que abordará os seguintes temas:
  1. O bullying e a violência nas escolas - como se apresenta o bullying. Direto, indireto, silencioso, verbal, físico, individual ou coletivo. Como ele acontece nas salas de aula e outros espaços da escola e como ele é naturalizado.
  2. Panópticos e a sociedade de controle de Foucault - as câmeras de vigilâncias. Numa sociedade disciplinar, onde o ponto de apoio é a ideia do controle, de estarmos o tempo todo sendo vigiados, a escola surge como esse lugar onde se procura generalizar um bom comportamento e assim punir o que é considerado fora deste. Assim se instaura o vigiar e punir.
  3. Os secundaristas e a rebelião nas escolas como potência - como traduzir em propostas as novas formas de exercer a potência, de se fazer valer o desejo, de expressar a libido coletiva, de driblar as hierarquias, de redesenhar a escola.
  4. Os romances de formação (Bildungsroman) - romances que abordam os ritos de passagem do feminino e do masculino do período da adolescência para a vida adulta. Como podemos nos munir de outras armas que abram novas possibilidades para recriarmos e ritualizarmos essas passagens. Lembrando que praticamente em sua totalidade os ataques com armas foram feitos por estudantes do sexo masculino.
  5. A iniciação nos mitos - como são vividas as transições dessa fase tão crucial na vida das adolescentes. Como os mitos podem abrir a nossa compreensão sobre as mudanças e nos trazer apoio para criarmos os nossos próprios ritos de passagem. O teatro como campo de possibilidades para criação.
Sinopse

Na biblioteca de uma escola, sete colegas se preparam para as provas do vestibular, enquanto atravessam os desafios da adolescência. À medida que os exames se aproximam, a ansiedade e as pressões aumentam, a agressividade irrompe e o convívio se transforma em violência.

Sobre o autor

Foto - Kevin Cummins

Simon Stephens é um dos mais importantes nomes da dramaturgia inglesa contemporânea, ainda pouco conhecido no Brasil. Nascido em fevereiro de 1971, em Stockport (Manchester), Stephens graduou-se em História pela Universidade de York. É associado ao Royal Court Theatre e, entre 2001 e 2005, foi tutor de dramaturgos no Programa de Jovens Escritores, realizado por esta instituição.

O primeiro grande sucesso dramatúrgico de Stephens foi On The Shores Of The Wide World, peça ganhadora do prêmio Olivier, em 2005. No ano seguinte, Motortown, que tem como contexto a guerra no Iraque, recebeu críticas admiráveis. Dentre suas obras que também ganharam destaque e premiações estão: Pornografia (2007), Harper Regan (2008) e Punk Rock (2009).

Autor de 32 peças, Stephens explora uma escrita frequentemente brutal que, ao mesmo tempo, permite que uma espécie de otimismo venha à tona, com autenticidade que o diferencia de muitos escritores de sua geração. Na maioria das vezes, seus personagens não se expõem por inteiro e transitam numa justaposição constante entre medos e dúvidas, em territórios violentos, contraditórios e moralmente incertos. Stephens vive em Londres atualmente, com sua esposa e três filhos. Diz que escreve porque entende, porque não entende e também porque tenta entender a escuridão.

Ficha técnica
Punk Rock
Texto - Simon Stephens
Tradução - Marcos Daud e Mônica Ohno
Revisão da Tradução - Nunila Katz e João Vasconcellos
Direção Artística - Marina Nogaeva Tenório, Ondina Clais e Ruy Cortez
Direção de Produção - Emerson Mostacco
Elenco (por ordem de entrada em cena) - Lais Gavazzi, Yan Brumas, Vivi Ono, João Fenerich, Conrado Costa, Ivone Dias Gomes, João Vasconcellos e Jorge Peloso
Iluminação - Rodrigo Alves
Sonoplastia - Aline Meyer
Cenografia - Juliana Lobo
Figurino - Anne Cerutti
Artista Visual Convidado - Matheus Ribs
Fotos - Ale Catan
Fotos (temporada 2018 CCSP) - Danillo Anastácio, Eduardo Baccani, Klaus Mitteldorf e Mônica Côrtes
Textos do Programa - João Vasconcellos e integrantes da Cia da Memória (Vozes)
Ação Educativa Junto a Professores e Estudantes do Ensino Médio - Graziela Kunsch Assessoria de Imprensa - Adriana Monteiro
Produção - Companhia da Memória e Mostacco Produções

Serviço
Punk Rock
Data e Horários - dias 11, 18, às 15h,  25 novembro, às 12h e 02 e 09 de dezembro, às 15h
Duração - 100 minutos
Palestras - duas horas após o início da peça
Local - Biblioteca Mário de Andrade - Auditório Rubens Borba de Moraes
Endereço - Rua da Consolação, 94 - Centro - São Paulo
Capacidade - 175 lugares
Ingressos Gratuitos
Senhas retiradas a partir de uma hora antes na recepção da Biblioteca
Classificação - 16 anos

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