Espetáculo Yeyê, da Cia de dança AfroOyá, acontece no Sesc Bom Retiro. Foto - Luan Batista |
A iniciativa, com mais de 200 atividades, tem o intuito de fomentar, fortalecer e ampliar diálogos sobre o letramento racial e a luta antirracista
Idealizado pelo Sesc São Paulo com um título que faz alusão aos dias 13 de maio de 1888 e 20 de novembro, datas da assinatura da Lei Áurea e Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, respectivamente, o projeto Do 13 ao 20 - (Re)Existência do Povo Negro, que vem sendo realizado ativamente desde maio, chega ao mês de encerramento com uma ampla programação com cerca de 230 atividades (saiba mais aqui).
Com ações presenciais e atividades online nas plataformas digitais do Sesc, a quinta edição de Do 13 ao 20 - (Re)Existência do Povo Negro reúne oficinas, vivências, cursos, bate-papos, espetáculos musicais, exibições de filmes e apresentações artísticas, entre outras produções que exaltam o legado da cultura afrodiaspórica por meio da educação, das artes visuais, da literatura, da religiosidade, das africanidades e do feminismo negro, com intersecções entre essas diferentes linguagens que estão em movimento e dialogam entre si.
Nesta edição, o projeto celebra a efeméride de 20 anos da criação da Lei 10.639/2003, que decretou a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas instituições educacionais do país.
A programação da 5ª edição de Do 13 ao 20 - (Re)Existência do Povo Negro também é permeada pelo processo de “ensinagem”, método idealizado pela pedagoga Léa das Graças Camargos Anastasiou, segundo o qual a ação de ensinar está diretamente relacionada à ação de ‘apreender’, objetivando a apropriação tanto do conteúdo quanto do processo.
Pautado por esse conceito, para além do compartilhamento de conteúdos negroreferenciados, o projeto também dá ênfase às cosmopercepções e modos de ser e fazer da negritude, considerando processos e experiências como potencializadores do ensino-aprendizagem e de transformação social.
Destaques da programação
Música
O evento reúne espetáculos que evidenciam a influência decisiva da herança afrodiaspórica para a construção da diversidade musical brasileira. Com atrações gratuitas e em espaço aberto para o grande público, o Sesc Campo Limpo recebe artistas como a cantora Graça Cunha, que apresenta o espetáculo Divas do Jazz, com releituras de clássicos de Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Sarah Vaughan e Nina Simone; e o grupo Pastoras do Rosário, coral formado por oito mulheres pretas que recentemente lançou pelo Selo Sesc seu primeiro álbum, Da Nebulosa ao Brilho, e se apresenta com participações especiais de Izzy Gordon, Carlos Casemiro, Tita Reis e Jongo de Guaianas.
No Sesc Consolação, Gabi Guedes, percussionista que lidera a Orkestra Rumpilez desde a morte do maestro Letieres Leite (1959-2021), ministra uma masterclass; na mesma unidade, a cantora, compositora e instrumentista Xeina Barros faz releituras de Pixinguinha e Dona Ivone Lara, e também coordena uma oficina de percussão com prática coletiva. No Sesc Guarulhos, o rapper Rico Dalasam leva ao público a potência de seu hip-hop engajado com a causa LGBTQIAP+.
Exposições e espetáculos
Aberta para visitação até 06 de abril de 2024 no Sesc 14 Bis, a mostra Constelação Celestina destaca o trabalho de Wagner Celestino, veterano fotógrafo preto que se notabilizou pela qualidade de suas reportagens fotográficas que transitam entre o projeto artístico e o documentário histórico investigativo.
Dois espetáculos teatrais reverenciam a memória de personagens que marcaram a história de resistência do Movimento Negro: no Sesc Vila Mariana, em Negra Palavra - Solano Trindade, a poesia do folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta pernambucano é redimensionada por meio da música e da expressão corporal.
Dirigido por Renato Farias e Orlando Caldeiras, o espetáculo reúne um elenco de dez atores; no Sesc Santo André, em Luiza Mahin... Eu Ainda Continuo Aqui, a história da mãe do advogado e escritor abolicionista Luiz Gama (1830-1882) é evocada pelo grupo carioca Quintal das Artes e associada ao drama de outras mulheres negras de quem os filhos foram subtraídos em séculos de violência racial.
Rodas de conversa
No Sesc Avenida Paulista, Deivison Faustino, cientista social considerado o maior especialista brasileiro na obra do psiquiatra e filósofo francês Frantz Fanon, conduz uma série de bate-papos intitulada Aquilombamento nas Margens, que propõe um letramento racial radical, capaz de compor uma rede de saberes que abarque novas experiências de vida.
Recém-aberto ao público, o Sesc Casa Verde promove, entre outras atividades, a série de bate-papos Terça Afro - Rodas de Conversa, que receberá personagens de referência na comunidade local, como o histórico sambista Carlão do Peruche, o poeta, músico e educador Akins Kintê, e a cantora e compositora Adyel Silva. Promovidas pelo Coletivo Terça Afro, as conversas terão de mediação de Alex Barreto, Ana Carolina da Silva, Amanda de Jesus, Harry de Castro, Luiz Felipe Novaes e Vic Sales.
Serviço
Do 13 ao 20 - (Re)Existência do Povo Negro
Período - de 01 a 30 de novembro de 2023
Acesse a programação completa disponível em todas as unidades da rede Sesc aqui
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