Quarto Minguante - Texto do autor português Rodrigo Francisco estreia no teatro FAAP

Anderson Muller e Giovano Tozi em Quarto Minguante. Foto - Priscila Prade

Com encenação de Neyde Veneziano e interpretação de Anderson Muller e Giovani Tozi, espetáculo estreia dias 16 e 17 de maio e depois cumpre temporadas gratuitas em junho e julho nos teatros da Prefeitura

O espetáculo teatral Quarto Minguante, com texto do autor português Rodrigo Francisco, diretor artístico da Companhia de Teatro de Almada e do Festival de Almada, direção de Neyde Veneziano, com os atores Anderson Muller e Giovani Tozzi, estreia dias 16 e 17 de maio, terça e quarta, no Teatro FAAP. Em seguida faz duas temporadas gratuitas em teatros da Prefeitura: Teatro Paulo Eiró, de 02 a 25 de junho) e Teatro Arthur Azevedo, de 13 a 16 de julho.

Em o Quarto Minguante, em um quarto de hospital, o filho chega para visitar seu pai, que acabou de sofrer um AVC. O barulho da rodovia ao lado não é o único ruído na comunicação dos dois. A peça é contada por meio de sete visitas feitas pelo filho único, ao pai. A partir daí se desenrola a complicada relação entre os dois, com a intimidade esvaziada pela ação do tempo. O filho percebe que já não sabe o que dizer para aquele que outrora fora seu herói. Embaraçado, acaba por levar-lhe um livro.

Anos antes, o filho deixou a pequena cidade onde morava para viver sozinho na capital. Entre sonhos e lembranças, os dois percebem que a cidade da infância já não existe, assim como já não existem o pai e o filho do passado, e sim dois homens que se encontram num quarto de hospital para conversar enquanto o jantar não chega.

O autor português Rodrigo Francisco escreveu a peça aos 26 anos, e o que se vê nas páginas do livro é o cuidado com a memória, equilibrada entre o peso da saudade e a leveza das lembranças. Essas qualidades foram rapidamente notadas pelo público e a crítica em sua estreia.

Na sequência o texto ganhou versões na Espanha, pela revista Primer Acto, e na França, pelas Éditions l’Oeil du Prince, além de uma adaptação para a televisão. “Escrevi esta peça por sugestão de Joaquim Benite, o fundador da Companhia em que trabalho e um dos nomes fundamentais da renovação do teatro português, na sequência da Revolução de Abril de 1974. O Joaquim sabia que eu tinha veleidades literárias e, sendo um dos mais reputados encenadores portugueses, teve o gesto generoso de dirigir um texto de um principiante de 26 anos. Na verdade, ele próprio me ajudou bastante na reescrita da primeira versão da peça. Os seus ensinamentos dramatúrgicos, fruto da sua carreira de (na altura) quase 40 anos, foram preciosos e ainda os guardo hoje em dia”, conta o autor.

Foto - Priscila Prade

Não à toa Francisco demonstra em sua dramaturgia tamanha intimidade com a memória. O dramaturgo e encenador fez a sua formação teatral com Joaquim Benite, de quem foi assistente de encenação em diversas produções. Benite é figura fundamental no teatro português, além de ter oferecido uma contribuição imensa aos palcos portugueses, Benite foi durante 10 anos o diretor da Companhia de Teatro de Almada e diretor do Festival de Almada, funções herdadas atualmente por Rodrigo Francisco.

Em entrevista por e-mail, Rodrigo Francisco conta que o ponto de partida para este texto foi um poema do autor inglês Tony Harrison, Book ends. “Book ends é como os ingleses chamam aqueles objetos que colocamos nas estantes para segurar os livros, nos topos: quanto mais livros entre eles, maior é a distância afetiva, tal como o pai e o filho desta história”, diz.

Na definição do autor, esta é uma peça sobre crescer nos subúrbios, sobre ascensão social, sobre um filho que teve acesso a um mundo ao qual o seu pai não teve. “Este filho julga que a vida interior que lhe advém da vivência artística lhe há de trazer a felicidade. Mas eu não estou lá muito certo de que assim seja, na verdade. No final, acabam a prometer um ao outro que ainda hão de ir os dois à pesca. Ambos sabem que não será assim. Este pai teve um AVC grave e o filho, na primeira visita que lhe faz, no hospital, traz-lhe um livro. O que, tendo em conta as circunstâncias e as histórias de ambos, é um ato simultaneamente desesperado, ternurento e cruel”.

Francisco conheceu Neyde Veneziano junto com Giovani Tozi, quando ambos estavam em Portugal para assistir a estreia dos eventos relacionados ao Festival de Almada, e aproveitou para presenteá-los com quatro livros seus, entre eles Quarto Minguante.

“Do encontro que tive com ambos, em Almada, fiquei com a clara ideia de estar perante duas pessoas que amam profundamente o teatro. Li o livro que a Neyde escreveu sobre o Dario Fo: um mestre para várias gerações de criadores. Espero que tanto a encenadora quanto o ator se tenham deixado levar pelo que esta peça de juventude possa ter-lhes tocado”.

O autor não estará presente na estreia aqui no Brasil pois na mesma época em que Quarto Minguante entrará em cartaz, ele começa a ensaiar sua próxima peça, a comédia Calvário.Como em Quarto Minguante, é do encontro entre a experiência com a ousadia, que nasce algo único e potente. Qualidades essenciais para que o teatro cumpra sua vocação inicial, de comunicar a todos, de ser popular, além de ser inovador, e por isso inesquecível.


Ficha técnica
Quarto Minguante
Dramaturgia - Rodrigo Francisco
Direção - Neyde Veneziano
Elenco - Anderson Müller e Giovani Tozi
Trilha Sonora Original e Piano ao Vivo - Rafael Passos
Cenografia - Duda Arruk
Figurino - Karen Brusttolin
Iluminação - Wagner Pinto
Direção de Vídeo e Videomapping - André Grynwask e Pri Argoud | Um Cafofo
Assistente de Direção - Mercedez Vulcão
Fotografia - Priscila Prade
Produção - Tozi Produções
Produção Executiva - Dani Agarelli
Administração - Carlos Gustavo Poggio
Assessoria de Imprensa - M. Fernanda Teixeira e Macida Joachim | Arteplural
Idealização e Direção de Arte Gráfica - Giovani Tozi
Realização: ProAC, Veneziano Produções, Tozi Produções, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Serviço
Quarto Minguante
Entreia - 16 e 17 de maio - terça e quarta
Horário - 20h
Duração - 80 minutos.
Local - Teatro FAAP
Endereço - Rua Alagoas, 903 - Higienópolis - São Paulo
Capacidade - 510 lugares
Ingressos - R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
Classificação - 12 anos

Temporada

Data - de 02 a 25 de junho
Local - Teatro Paulo Eiró
Endereço - Av. Adolfo Pinheiro, nº 765 - Alto da Boa Vista - Santo Amaro
Grátis
Informações 11 5686-8440 | 5546-0449

Data - de 13 a 16 de julho - quinta a domingo
Local - Teatro Arthur Azevedo
Endereço - Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca - São Paulo
Grátis
Informações 11 2604-5558

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