Gabriel Villela comemora seu 50º espetáculo com adaptação de Henrique IV, de Luigi Pirandello

Cena de Henrique IV. Foto - João Caldas Fº

Chico Carvalho interpreta o personagem título da obra do ganhador do Nobel de Literatura. A temporada entra em cartaz 
no Sesc Vila Mariana, Teatro Antunes Filho, em 28 de abril

O encenador Gabriel Villela apresenta Henrique IV, obra adaptada de texto de Luigi Pirandello, para comemorar a sua 50ª direção teatral. O espetáculo estreia em 28 de abril de 2022 no Teatro Antunes Filho, no Sesc Vila Mariana, e narra a história de um nobre que acredita (ou finge acreditar) ser um imperador de oito séculos antes, depois de sofrer um acidente. A temporada estende-se até 05 de junho, de quinta a domingo, e a venda de ingressos se inicia hoje, dia 19 de abril, pelo Portal Sesc SP, e no dia 20, em qualquer unidade do Sesc no Estado. As sessões de 01 a 05 de junho contarão com intérprete de Libras.

Chico Carvalho interpreta Henrique IV, Rosana Stavis é a Marquesa Matilde da Toscana, seu amor não mais correspondido, Hélio Cícero, o Doutor Genoni, que tenta trazer Henrique IV de volta à sanidade e André Hendges, o Barão Tito Belcredi, amante da Marquesa. Acompanhando Chico Carvalho em cena, seus dois camareiros-cantores Artur Volpi, o Oração, e Breno Manfredini, o Sonho. Todo o elenco compõe o quadro de espelhamento disforme do protagonista, que toma distância da própria existência e vê a si mesmo ridicularizado pelo olhar dos outros.

Cena de Henrique IV. Foto - João Caldas Fº

O elenco conta ainda com Regina França (como Frida), Rogerio Romera (como Carlo Di Nolli), além do músico Jonatan Harold, que toca piano ao vivo para acompanhar o elenco e é responsável pela direção musical, juntamente a Babaya Morais.

A peça, em três atos sem intervalo, tem cenário de J.C. Serroni. Para essa nova parceria com Villela, o cenógrafo escolheu ressaltar os aspectos circenses e homenagear o encenador mineiro, com direito a picadeiro e arena. “E Gabriel Villela joga a encenação num circo teatro, não de cores vivas como de costume, já que ali habitam os fantasmas que rondam a cabeça do nosso Henrique, o que me traz um caminho claro para a encenação: um circo em desconstrução de uma trupe itinerante com sua carroça encenando por castelos medievais”, conta Serroni.

Os figurinos são de Gabriel Villela e trazem tecidos das mais variadas origens, muitos bordados, adamascados da igreja ortodoxa grega e muito colorido. A iluminação é de Caetano Vilela.

Elementos cênicos

Cena de Henrique IV. Foto - João Caldas Fº

Mestre na crítica ao mundo, às suas aparências e convenções, Pirandello monta em Henrique IV um cômico e revelador jogo de espelhos. Um jovem fantasiado de Henrique IV perde a razão a caminho de uma festa de Carnaval, passando a acreditar que é de fato o imperador. Nesta versão dirigida por Villela, a história é contada por uma companhia de circo mambembe (e fictícia) italiana chamada “Francisco Eugydio do Calvário", que apresenta o drama de circo-teatro "Enrico IV" ao público.

Além disso, fazem parte da montagem várias menções contemporânea - as canções cantadas ao vivo pelos atores, figurino e maquiagem fellinianos, numa lembrança feita ao cinema, entre outras. A escolha das músicas levou em consideração alguns fatores como o diálogo das letras com o texto e com a ação da peça, e são cantadas em italiano e em inglês (os dois idiomas que referenciam o texto em cena). No repertório estão "The Logical Song", do Supertramp, "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)", da Nancy Sinatra, "Canzone Arrabbiata", do Nino Rota, "I Started a Joke", dos Bee Gees, e “Lascia Ch'io Pianga”, de Georg F. Händel.

“Confiar nas pessoas, isso sim é loucura! Estas roupas são para mim uma representação clara e voluntária desta encenação diária, da vida! E a vida nada mais é que uma mascarada contínua, de cada minuto, de que somos os palhaços involuntários e quando, sem saber, nos fantasiamos daquilo que pensamos ser”, Trecho de Henrique IV.

Mais sobre a trama

Cena de Henrique IV. Foto - João Caldas Fº

Henrique IV trata sobre a psicologia dos loucos e como a loucura é uma forma de representação e de simulação também. Henrique IV parece ser louco aos olhos de seus companheiros, mas finge estar louco porque só aos loucos é dado o direito de dizer certas verdades.

O drama Henrique IV foi escrito por Pirandello em 1922 e estreou um ano depois do sucesso de Seis Personagens em Busca de Autor, que já tratava sobre os desdobramentos de personalidades (e de personagens). A narrativa se desenvolve em Úmbria, no centro da Itália (Perugia), na época em que foi escrita. O nobre que dá nome à peça viveu nos anos 1500, e, ao cair do cavalo, considera ser o imperador da Alemanha (que reinou por volta de 1050) - por isso há saltos temporais no texto.

A peça faz um jogo imbricado e permite à plateia uma série de possíveis leituras, sempre mostrando que todos representam papéis - seja na sociedade, na vida e até mesmo os atores, nos palcos. A linguagem circense ainda possibilita a leitura segundo a qual a trupe em cena brinca de ser ou parecer louca. Villela optou por combinar atores de diferentes idades e experiências, apesar de voltar a trabalhar com parte do elenco de Estado de Sítio, como Chico Carvalho, Rosana Stavis, André Hendges e Rogerio Romera.

A ideia é que a dicotomia do texto de Pirandello (entre lucidez e loucura, sinceridade e fingimento, clareza e obscurantismo, ser e parecer e entre o dia e a noite) possibilite o jogo cênico. O autor italiano em seus textos aproximava o relativismo existencial de seus personagens à teoria da relatividade de Einstein (documentos da época mostram um encontro dos dois, Einstein e Pirandello, em um camarim de teatro na Itália).

Sinopse

Henrique IV é uma obra-prima do dramaturgo Luigi Pirandello. Aqui, Pirandello explora os limites entre a loucura e a lucidez a partir da história de um homem que, após uma queda do cavalo e uma pancada na cabeça, vive (ou finge viver) o personagem que representava em uma festa de carnaval.

Ficha técnica
Henrique IV
Autor - Luigi Pirandello
Tradução - Claudio Fontana
Direção, Adaptação e Figurinos - Gabriel Villela
Elenco - Chico Carvalho, Rosana Stavis, Hélio Cícero, André Hendges, Regina França, Rogerio Romera, Jonatan Harold, Breno Manfredini e Artur Volpi
Cenografia - J C Serroni
Iluminação - Caetano Vilela
Diretores Assistente - Ivan Andrade e Douglas Novais
Direção Musical, Canto e Arranjos Vocais e Instrumentais - Babaya Morais e Jonatan Harold
Assistente de Figurinos - José Rosa
Adereços de Arte - Jair Soares Jr
Costureira - Zilda Peres
Maquiagem - Claudinei Hidalgo
Fotografia - João Caldas Fº
Assistência de Fotografia - Andréia Machado
Diretor de Palco - Tinho Viana
Operador de Lua - PH Moreira
Camareiras - Ana Lucia Laurino e Maria Helena Arruda
Produção Executiva - Augusto Vieira
Direção de Produção - Claudio Fontana
Apoio - Só Dança

Serviço
Henrique IV
Estreia - 28 de abril de 2022 - quinta-feira
Horário - 21h
Temporada - até dia 05 de junho
Horário - quinta a sábado, às 21h, domingos e feriados, às 18h
Sessão de 01 de junho, às 15h
Local - Teatro Antunes Filho - Sesc Vila Mariana
Endereço - Rua Pelotas, 141, Vila Mariana - São Paulo
Ingressos - R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (credencial plena, estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência)
Bilheteria - terça a sexta, das 09h às 20h30, sábado, das 10h às 18h e das 20h às 21h, domingos e feriados, das 10h às 18h
Vendas online a partir de 19 de abril aqui, e presencialmente no dia 20, em qualquer unidade do Sesc no Estado de São Paulo
Classificação - 14 anos
Mais informações 11 5080-3000

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