As diretoras do longa vencedor Quando Falta o Ar, Anna e Helena Petta. Foto - Neide Fernandes |
Cerimônia de premiação aconteceu na noite de ontem, dia 10 de abril, no Espaço Itaú de Cinema
Principal festival dedicado à produção documental da América Latina, o É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários divulgou em uma cerimônia enxuta e objetiva, na noite deste domingo dia 10 de abril no Espaço Itaú de Cinema, os vencedores da sua 27ª edição. Na sequência, aconteceu a exibição do documentário O Território, do diretor Alex Pritz.
Dirigido por Anna Petta e Helena Petta, Quando Falta o Ar foi eleito o vencedor da Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens, e recebe como prêmio R$ 20.000,00 e Troféu É Tudo Verdade. O filme tem ao centro a pandemia, destacando o trabalho de enfrentamento de médicas, enfermeiras, agentes de saúde, trazendo uma face da luta coletiva contra a Covid-19.
Segundo os jurados, o documentário foi premiado pois "é mais do que uma radiografia contundente e corajosa da pandemia da Covid-19 no Brasil. As diretoras conseguem ampliar o entendimento da tragédia humanitária em várias perspectivas: desde os agentes comunitários que trabalham na prevenção até as Unidades de Tratamento Intensivo dos Hospitais, passando pelos corpos ensacados e enterrados em quantidades assustadoras. Tudo feito com um olhar extremamente cuidadoso de quem sabe construir e captar cenas que valorizam os sentimentos humanos dos indivíduos retratados".
Como melhor curta da competição brasileira, o júri escolheu Cantos de um Livro Sagrado, de Cesar Gananian e Cassiana der Haroutiounian, que recebe como prêmio R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. Para os jurados, "com uma abordagem original, o filme amplia a compreensão da Revolução de Veludo ocorrida na Armênia em 2018. Ao adotar perspectivas complementares e simultâneas, vai do particular ao coletivo sem perder o fio da meada. Para isso, adota escolhas narrativas sofisticadas, elegantes e muito eficientes. É como ver a Revolução de Veludo a partir de diversos pontos de vista e notar desde as mudanças mais simples no cotidiano até as mais complexas no espírito do tempo. Por extensão, ajuda a entender o que acontece atualmente na Ucrânia".
Sinfonia de Um Homem Comum, de José Joffily, recebeu menção honrosa, por contar "com uma montagem envolvente, o filme conta a história de um brasileiro que lutou contra os imensos interesses norte-americanos por trás da Guerra do Golfo e na Síria. O filme é hábil em equilibrar a índole inabalável e o talento artístico do diplomata José Bustani para contar sua história de um jeito original e eficiente".
Cadê Heleny?, dirigido por Esther Vital, foi escolhido como a menção honrosa na competição nacional de curtas. Como justificativa, o júri destaca que "o filme usa a técnica de stop motion a partir de bonecos e bordados, realizados com primor por um coletivo de dezenas de pessoas, para recontar a história da prisão, tortura e desaparecimento de Heleny Guariba, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), durante a ditadura militar brasileira.
O júri das competições brasileiras foi composto pela historiadora Eloá Chouzal, o diretor e fotógrafo de cinema e televisão Carlos Ebert ("O Bandido da Luz Vermelha", "Vlado - 30 Anos Depois"), e o escritor, roteirista e cineasta Renato Terra ("Uma Noite em 67", "Narciso em Férias").
Frame do longa O Filme da Sacada (Polônia), de Pawel Lozinski |
Já o vencedor da competição internacional de longas e médias-metragens foi O Filme da Sacada (Polônia), de Pawel Lozinski. No documentário, o diretor entrevista, da sacada do seu apartamento, em Varsóvia, pessoas que passam ali em frente. A partir desse dispositivo, traz histórias singulares e tratam dos modos como lidamos com a vida na condição de indivíduos. O longa recebe R$ 12.000 e o Troféu É Tudo Verdade.
Os jurados atribuíram o prêmio por unanimidade, e apontam que o filme está "levando em conta o mosaico de retratos profundos de personagens retirados do anonimato urbano por um dispositivo insólito e simples que realiza um surpreendente mergulho em suas personalidades, medos e desejos. Além do lirismo das personagens, a originalidade do dispositivo narrativo une a simplicidade da ideia genial com a postura de escuta paciente e sensível do realizador polonês Pawel Lozinski".
Como Se Mede Um Ano?, de Jay Rosenblatt (EUA), foi escolhido pelo júri como melhor curta da competição, e recebe R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. Como justificativa do prêmio, "o júri destaca a originalidade da ideia, o esforço da produção que durou 17 anos, o controle necessário para garantir que durante todos esses anos a estética e a linguagem do filme não fossem afetados e o conteúdo humano, expresso no crescimento e na transformação da filha do cineasta - única personagem do filme. As respostas que ela dá às mesmas perguntas feitas por seu pai a cada ano, trazem uma mensagem direta e existencial muito comovente. Em apenas 29 minutos, o bebê se torna uma mulher, crescendo e mudando diante de nossos olhos".
Ultravioleta e as Gangues das Cuspidoras de Sangue (França), de Robin Huzinger, recebeu do júri uma menção honrosa. "O júri decidiu atribuir o prêmio pela construção de uma narrativa lírica reveladora do sentimento de desajuste feminino num mundo institucionalizado à revelia de seus valores e demandas. A beleza da narrariva consegue construir um panorama que combina história particular e pessoal com a memória cinematográfica da época, numa linguagem poética e original", justifica o júri.
O curta Ali e Sua Ovelha Milagrosa (Iraque/Reino Unido), com direção de Maythem Ridha, recebeu do júri menção especial. Do filme, "o júri destaca a sobriedade, a sensibilidade e economia dos recursos visuais e narrativos utilizados para contar a história de um menino de 9 anos que se vê obrigado a sacrificar Kirmeta, sua ovelha favorita. Em sua jornada para o local do sacrifício, Ali torna-se nosso guia para um Iraque que é ao mesmo tempo belo e empobrecido. Sua realidade social está ligada à crenças ancestrais e a um reino superior ao qual deve sacrificar suas ovelhas. Para Ali, o sacrifício é um gesto que considera tão inútil quanto incompreensível. Sua peregrinação se torna uma rebelião contra a barbárie. O filme é feito com objetividade e contenção esmagadoras."
Para as competições internacionais de curtas e longas e médias-metragens, o júri foi formado pelo cineasta e escritor brasileiro Luiz Bolognesi ("Ex-Pajé", "A Última Floresta"), pelo escritor, jornalista e designer uruguaio Hugo Burel, e pela cineasta norte-americana Megan Mylan, ganhadora do Oscar de Melhor Documentário em Curta, em 2009, por "Smile Pinki".
Prêmios Paralelos
Na cerimônia também foram anunciados os seguintes prêmios paralelos:
- Prêmio Aquisição Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, para o filme brasileiro: Cadê Heleny?, de Esther Vital, que recebe R$ 15.000,00 e o Troféu Canal Brasil.
- Prêmio Mistika, no valor de R$ 8.000,00 em serviços de pós-produção digital, anunciado junto ao prêmio oficial de melhor curta-metragem brasileiro: Cantos de um Livro Sagrado, de Cesar Gananian e Cassiana der Haroutiounian.
- Prêmio EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual), para a melhor montagem de um curta e um longa-metragem, concedidos, respectivamente, Solmatalua de Rodrigo Ribeiro Andrade, e Sinfonia de um Homem Comum, de José Joffily.
O festival exibiu, de 31 de março a 10 de abril , um total de 78 longas e curtas-metragens em competição e hors-concours, de forma gratuita, em plataformas de streaming disponíveis em todo o território brasileiro. Além disso, neste ano o festival retomou suas sessões presenciais, que aconteceram em São Paulo e Rio de Janeiro.
Os ganhadores dos prêmios de Melhor Longa-Metragem Brasileiro e Internacional terão novas exibições hoje e amanhã, dias 11 e 12 de abril, às 21h, respectivamente, na plataforma É Tudo Verdade Play (clique aqui). O curtas nacional e estrangeiro vencedores das mostras competitivas também serão exibidos na plataforma, a partir das 12h de hoje, dia 11, até o dia 13 de abril respeitando o limite de visionamentos.
Reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA como um festival classificatório para o Oscar®, o É Tudo Verdade qualifica automaticamente as produções vencedoras nas competições brasileira e internacional de Longas/Médias-Metragens e de Curtas-Metragens para inscrição direta visando a disputa dos Oscars® para melhor documentário de longa-metragem e de documentário de curta-metragem.
"Foi emocionante, ainda nesta edição híbrida, vivenciar o reencontro em salas entre o festival, a equipe dos filmes e o público", comenta Amir Labaki, diretor do É Tudo Verdade. "Espero que o É Tudo Verdade 2022 seja um marco do retorno seguro e definitivo dos espectadores aos cinemas e aos eventos culturais presenciais, respeitando-se sempre todos os protocolos sanitários frente à pandemia".
A 27ª edição do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários conta com o patrocínio do Itaú, parceria do Sesc SP, e com o apoio cultural da SPcine, RioFilme e Itaú Cultural. É realizado pela Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo através do edital ProAC e Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo do Governo Federal através da Lei de Incentivo à Cultura. A 28ª edição do festival acontecerá entre 13 e 23 de abril de 2023.
Confira abaixo ao trailer dos vencedores 2022, nacional e internacional respectivamente, na categoria de Melhor Longa-Metragem:
Ficha técnica
Quando Falta O Ar
Brasil | 2021 | Documentário | 85 min.
Estreia Mundial.
Direção - Ana Petta, Helena Petta
Ficha técnica
O Filme da Sacada
Polônia | 2021 | Documentário | 100 min.
Título Original - Film Balkonowy/The Balcony Movie
Direção - Pawel Lozinski
Serviço
Festival É Tudo Verdade - Reprise do vencedores da 27ª ediçãoLocal - plataforma É Tudo Verdade Play (clique aqui)
Longas
O Filme da Sacada
Data - 11 de abril
Horário - 21h
Quando Falta o Ar
Data - 12 de abril
Horário - 21h
Curtas
Cantos de Um Livro Sagrado e Como Se Mede Um Ano.
Data e Horário - de 11 de abril a partir das 12h, até as 23h59 do dia 13 de abril (respeitando o limite de visionamentos)
Cantos de Um Livro Sagrado e Como Se Mede Um Ano.
Data e Horário - de 11 de abril a partir das 12h, até as 23h59 do dia 13 de abril (respeitando o limite de visionamentos)
0 Comentários