BRASA (inacabado manifesto) questiona injustiças culturais na história de artistas mulheres


Em performance online com fragmentos de discursos pessoais e dramatúrgicos, elenco busca rememorar temas como feminilidade, sensibilidade e afeição

A influência do feminino nos intérpretes e como esta se apresenta hoje em cada um, em quaisquer esferas de suas vidas, se entrelaçam no jogo da representação em performance audiovisual, esses são os objetivos do experimento teatral BRASA (inacabado manifesto).

Com criação coletiva e canções autorais de Jade Faria, o elenco se apresenta usando a palavra e o corpo como discurso, referenciando gêneros textuais como o manifesto e com inspirações estéticas advindas da body art, da performance e do happening.

Com uma dramaturgia organizada por Giuliana Dall’Stella, com fragmentos escritos pelo elenco e inserções de textos previamente abordados no formato de grupo de estudos, a perspectiva feminina se amplia. Em ação, seis atrizes e um ator se colocam como intérpretes-criadores de suas próprias narrativas, encorajando o espectador a questionar as injustiças culturais e a dar mais visibilidade às mulheres, artistas ou não, que abriram - e abrem - espaços para esta incessante caminhada.

Foto - Álefe Ouriques

Seguindo ainda a estética da arte feminista consolidada em 1971 a partir de ensaio de Linda Nochlin, intitulado 'Por que não houve grandes mulheres artistas?', a performance 'BRASA (inacabado manifesto)' busca também refazer o caminho trilhado por essas artistas, valendo-se de materiais historicamente associados à mulher como os tecidos, bem como algumas mídias, também historicamente, menos utilizadas pelos homens, como vídeos.

Neste ponto, a performance mescla encenação realizada com o elenco no mesmo espaço físico com registros feitos pelos próprios artistas em espaços distintos, como os lares que habitam.

Os ingressos já estão a venda, e a performance online acontece nos dias 11, 12 e 13 de dezembro, via plataforma Sympla.

Processo de criação

Século XXI. Ano de 2020. Por necessidades que se sobrepõem aos nossos desejos - uma pandemia que não requer mais explicações - o isolamento nos foi imposto, sobretudo aos que puderam cumpri-lo, num ato de cuidado ao se distanciar do outro. Em meio a esse momento, a atriz e diretora Victoria Ariante iniciou diálogos que pudessem fomentar as artes cênicas e percebeu que suas pesquisas se inclinavam para temas que relacionavam o teatro e a mulher. Surgiu, então, o Grupo de Estudos e Leituras: Mulheres do Teatro.

Foto - Álefe Ouriques

Inicialmente, por meio de quatro encontros online, o estudo propôs um panorama do feminino na linguagem teatral desde a considerada primeira dramaturgia feita por uma mulher, transitando por relevantes acontecimentos como o movimento Restoration, em 1660, a dramaturgia na Europa a partir do século XVII e a atuação na Broadway a partir do século XIX. E, para complementar a teoria, houve a leitura de textos dramáticos resultantes dessa trajetória de ocupação da potência feminina, desde a francesa Marguerite Duras às brasileiras Leilah Assumpção e Consuelo de Castro, entre muitas outras.

O grupo optou por seguir os estudos e mergulhou ainda mais profundo no segundo ciclo, que se sucedeu com mais quatro encontros com enfoque no potencial feminino em outras funções para além da dramaturgia. Nesse sentido, foram abordadas bibliografias de mulheres como Susan Sontag, Virginia Woolf, Elza Cunha de Vincenzo, Hilda Hilst, Simone de Beauvoir, Hélène Cixous, Ariane Mnouchkine e do grupo Monstrous Regiment.

O fim do segundo ciclo do Grupo de Estudos e Leituras: Mulheres do Teatro atrelado à postergada reabertura dos teatros gerou, no coletivo ali constituído, o desejo de partilhar, artisticamente, o conteúdo apreendido, bem como pesquisar, de modo cênico, o que havia sido estudado até então por meio de textos.

Unido no processo de criação, em 12 encontros realizados virtualmente, o elenco refez a pesquisa realizada anteriormente, dando luz naquilo em que mais se identificava e propondo encontrar, em suas memórias, temas como feminilidade, sensibilidade e afeição, e como tais elementos se colocam na contemporaneidade.

Assim, o desejo do grupo é de reconhecer aquelas e aqueles que vieram antes de nós para dar voz àquelas e àqueles que virão, sendo, nós mesmos, atravessados em nosso tempo, agora. Um inacabado manifesto, em BRASA.

Foto - Álefe Ouriques

Ficha técnica
BRASA (inacabado manifesto)
Idealização e Direção - Victoria Ariante
Assistência de Direção - Jade Faria
Dramaturgia - Giuliana Dall’Stella
Direção Musical e Canções Originais - Jade Faria
Direção de Movimento - Larissa Noel
Produção - Letícia Reis
Assistência de Produção - Raphael Mota
Elenco - Giuliana Dall´Stella, Jade Faria, Julianna Bettim, Karol Rodrigues, Larissa Noel, Mariana Neris e Raphael Mota
Figurino e Visagismo - Mariana Neris e Karol Rodrigues
Design de Luz e Direção de Fotografia - Diego Rodda
Audiovisual - Studioum & VCL Prods
Identidade Vidual - Julianna Bettim
Redes Sociais - Julianna Bettim e Raphael Mota
Assessoria de Imprensa - Unicórnio Assessoria e Mídia
Fotografias - Álefe Ouriques
Apoio - Casa De Artes Operária, Studioum e VCL Prods

Serviço
BRASA (inacabado manifesto)
Data - 11, 12 e 13 de dezembro
Horário - 20h
Local - via plataforma Sympla
Ingresso - valor colaborativo R$10,00, R$ 20,00 e R$30,00
Venda de ingressos aqui

Em tempo: parte do valor dos ingressos será destinado à Casa Florescer - Centro de Acolhida Especial para Travestis e Mulheres Transexuais.

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