A Peste, de Albert Camus, entra em curta temporada digital


Pedro Osório em cena fotografada por Renato Mangolin

Monólogo de Pedro Osório, dirigido por Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia, entra em cartaz aos sábados de setembro, em transmissão ao vivo e on-line diretamente da casa do ator

Considerado o principal romance do escritor franco-argelino Albert Camus, A Peste, escrito em 1947, dez anos antes de ganhar o Nobel de literatura, ganhou adaptação teatral e retorna a São Paulo, no formato On-line - Ao Vivo, a partir de 28 de agosto, depois de passar pelo Rio de Janeiro, por Belo Horizonte e São Paulo, em bem-sucedidas temporadas.

Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia dirigem o monólogo, que concentra a dramaturgia na figura e na perspectiva do personagem-narrador do romance, o médico Bernard Rieux interpretado pelo ator Pedro Osório. O trabalho começou há três anos, quando Osório convidou Leme para dirigi-lo em uma obra de Camus. O diretor havia atuado em 2009 numa versão para “O estrangeiro” dirigida por Vera.

Sob o signo da miséria moral que se instala em uma sociedade, o texto da peça apresenta um recorte no romance que trata da história , cidade no litoral da Argélia, infestada por ratos e devastada por um mal súbito, que dizimou sua população. O médico Bernard Rieuxse dirige ao público após passar um ano preso lutando contra o bacilo da peste expressando, em metáfora amplificados males da Guerra, especificamente da ocupação da França pelos nazistas, o flagelo de uma civilização contemporânea sob o signo da miséria moral.

“O texto é como uma vacina, que nos ajuda a enxergar através de uma tragédia ficcional a tragédia na nossa sociedade hoje. Assim podemos impedir e não sucumbir”, diz Osório.

“A Peste reflete sobre a empatia, a prioridade do coletivo e a existência colocada como prioridade em contraponto ao indivíduo egoísta, em um estado febril dentro de uma sociedade doente. O personagem não é um herói, mas um homem que acha a saída através do trabalho cotidiano e honesto”, conclui o ator.

E quase numa escolha visionaria a peça A Peste  se torna hoje uma cruel realidade em que se encontramos como brasileiros e como humanidade.

"Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que esta alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que esta multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para a desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz", Albert Camus.

“Retomar a temporada de A Peste, de Camus, desta vez da minha casa, neste contexto de pandemia em apresentações digitais e ao vivo é inovador para todos nós e sabemos que mesmo sem o público presencial podemos usar a tecnologia a favor do teatro mantendo o frescor e o efêmero que ele nos proporciona”, diz Pedro Osório.

A apresentação da peça será transmitida diretamente da casa do artista aos sábados, às 20h. Sem público presencial, após as sessões, será oferecida uma conversa interativa digital entre ator e público. A plataforma utilizada para a transmissão será o Zoom, com acesso pela plataforma Sympla. Os ingressos, que vão de R$ 5,00 a R$ 200,00) podem ser obtidos por meio do link aqui.

Sobre o autor
Albert Camus (1913-1960) escritor e dramaturgo francês, nascido na Argélia. Militante da Resistência Francesa, construiu suas obras a partir de discussões morais e existencialista sobre o mundo destruído e miserável do pós-guerra, principalmente em seu continente natal, África. Recebeu o Prêmio Nobel em 1957.

Ficha técnica
A Peste
Texto- Albert Camus
Adaptação - Pedro Osório e Guilherme Leme Garcia
Atuação e idealização - Pedro Osório
Direção - Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia
Colaboração - Gustavo Rodrigues
Provocação de movimento - Toni Rodrigues
Assistente de direção e coordenação artística - Karla Dalvi
Cenografia - Guilherme Leme Garcia e Pedro Osório
Iluminação - Adriana Ortiz
Figurino - Ana Roque
Paisagem sonora - Marcello H
Design gráfico - Roberta de Freitas
Fotos - Renato Mangolin
Produção executiva e administração - Sofia Papo
Operação de luz e som - Sofia Papo
Apoio técnico - Leonardo Bispo
Técnico do teatro - Alam Medison Jr.
Assessoria de imprensa - Adriana Monteiro

Serviço
A Peste
Data - 05, 12, 19 e 26 de setembro - sábados
Horário - 20h
Duração - 45 minutos
Local - da sala do Ator Pedro Osório
Ingressos - de R$ 5,00 a R$ 200,00
Vendas de ingressos pelo site do Sympla aqui
Classificação - 16 anos

Postar um comentário

0 Comentários