Uma vida interrompida - Diário de Etty Hillesum


Editora Âyiné lança diários de Etty Hillesum, testemunho sensível do nazismo na Holanda

Em março de 1941, Etty Hillesum, uma jovem judia que vivia em Amsterdã, começou um diário. Então com 27 anos, ela registrava os seus dias e sentimentos, cada vez mais permeados pelo avanço da Segunda Guerra Mundial e do nazismo. “Uma vida interrompida: Diário de Etty Hillesum”, edição condensada de nove diários escritos entre 1941 e 1943, acaba de chegar às livrarias pela editora Âyiné.

Esther (Etty) Hillesum nasceu em 1914 em Middelburg, no sul da Holanda. Filha mais velha de um professor de línguas clássicas e mãe de origem russa, cresceu em um lar que dava grande valor às artes. Quando tinha dez anos, mudou-se com a família para Deventer. Um dos irmãos de Etty, Mischa, era considerado um pianista genial - embora sofresse com transtornos mentais, tendo sido internado em instituições psiquiátricas diversas vezes. Seu outro irmão, Jaap, era médico.

Etty partiu para Amsterdã em 1932, onde estudou Direito e depois Línguas Eslavas. Também se interessa por psicologia e gostava especialmente da poesia de Rilke. O próprio ato de escrever é assunto frequente em seus diários, mas sempre dirigido para o outro: “gostaria de ser um bálsamo para tantas dores”. O erotismo, tratado com franqueza e liberalidade, tem vazão em histórias amorosas. A mais intensa, com o psicoquirólogo Julius Spier, discípulo de Jung. Aos poucos, acontecimentos ameaçadores começam a se infiltrar nas entrelinhas do diário. Etty percebe a evidência cada vez maior da “vida interrompida” ao redor.

“Nossa destruição se aproxima sub-repticiamente por todos os cantos e logo o círculo se fechará à nossa volta, de maneira que nenhuma ajuda de pessoas bem-intencionadas será mais possível. Agora ainda há muitas frestas, mas elas serão tapadas”.

O movimento de Etty, porém, é em direção a uma vida que se opõe ao ódio que domina amigos e inimigos. Desenvolve uma maneira muito própria de se dirigir a Deus. Mesmo no auge do horror, ela rejeita cada átomo de ódio, porque tornaria o mundo ainda mais inóspito. Diz uma de suas anotações: “Endurecido': distinguir de 'insensível”.

Etty morreu em Auschwitz em novembro de 1943, aos 29 anos. Seus pais e irmãos também morreram. Seus nove diários foram entregues ao editor J.G. Gaarlant pelo irmão de uma amiga de Etty, que por sua vez os recebeu de outra amiga que havia morado com Etty em Amsterdã. Gaarlant editou os escritos, produzindo uma versão condensada lançada em 1981. É este o texto publicado pela Âyiné. A edição também inclui cartas enviadas por Etty do campo de concentração de Westerbork, onde se apresentou voluntariamente para oferecer ajuda a outros judeus.

Sobre a autora

Esther (Etty) Hillesum nasceu em 1914 em Middelburg, no sul da Holanda, e morreu em Auschwitz em novembro de 1943, aos 29 anos. Seus diários, felizmente salvos e passados de mão em mão, foram publicados pela primeira vez em 1981 em seu país. Desde o seu lançamento, os escritos de Etty foram traduzidos para vários idiomas e tiveram ressonância em todo o mundo. Em 1983 foi criada a Fundação Etty Hillesum, cuja primeira tarefa foi a preparação de uma edição completa dos diários e cartas de Etty. Em Deventer há o Centro Etty Hillesum, dedicado à sua vida e obra. Na Universidade de Gent, na Bélgica, o Etty Hillesum Research Centre coordena pesquisas acadêmicas sobre os seus manuscritos.

Ficha técnica
Uma vida interrompida: Diário de Etty Hillesum, 1941- 4193
Autora - Etty Hillesum
Tradução: Mariângela Guimarães, do holandês
Capa - Julia Geiser
Editora Âyiné - Coleção Das Andere
Páginas - 395
Preço - R$ 52,24
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