Foto - Sérgio Porto |
Dias 06 e 07 de julho, sexta às 20h30 e sábado às 18h, o auditório do Sesc Vila Mariana apresenta as duas últimas sessões do espetáculo teatral “Euforia”. Com direção de Victor Garcia Peralta, texto de Julia Spadaccini e interpretação de Michel Blois, a peça foi indicada aos prêmios Cesgranrio e Botequim Cultural de melhor ator e melhor texto de 2017. Os ingressos estão à venda no Portal Sesc SP e nas bilheterias das unidades.
Dividida em dois solos, “Euforia” trata do desejo e é um desabafo de dois personagens - um idoso e uma cadeirante - que socialmente são olhados como seres assexuados, invisíveis aos olhos do prazer comum.
Uma mulher paraplégica
Foto - Sérgio Porto |
Uma publicação britânica sobre deficiências, que entrevistou mais de mil pessoas nessas condições, aponta que 85% já fizeram sexo alguma vez na vida e metade tinha um parceiro. Mas, por outro lado, um levantamento divulgado por um jornal do país revelou que 70% dos britânicos não iriam para a cama com alguém com algum tipo de deficiência física. Esse é um preconceito comum. O deficiente é visto como uma vítima eterna, um “coitado”, um ser completamente assexuado.
Através do olhar dessa jovem personagem que ficou paraplégica em função de um acidente, seremos levados a uma viagem onde a sexualidade é tão ou mais explorada pelo corpo e suas incríveis terminações nervosas.
No início, envolta pela percepção dos limites que o novo corpo lhe trazia, em meio a raiva e tristeza, não chegou a pensar em sexo. O seu foco era reaprender o cotidiano, como comer, lidar com a sonda, escovar os dentes. Até que um dia conhece um homem e sente que ele lhe desperta a consciência sobre áreas de seu corpo que se tornaram mais sensíveis após o acidente. Ela fica obcecada pelas próprias bochechas, pescoço e outras partes não convencionais do corpo, aprendendo também a decifrar aos poucos um novo mundo de fantasias e sensações.
Um senhor de 87 anos homossexual
Foto - Sérgio Porto |
A sexualidade dos mais velhos é um dos aspectos do envelhecimento que mais sofre preconceito, muitas vezes avaliada como um período assexual e de renúncia. A libido não se apresenta somente no ato sexual em si, mas nos pensamentos, na observação, nos sonhos, no desejo constante. Foi constatado que os indivíduos, quando vão para um asilo, escondem suas sexualidades. Homossexuais, assumidos socialmente quando jovens, voltam a vestir a máscara social para não passar “constrangimentos”.
Esse personagem vai se desenvolver justamente nesse ambiente e com essa inquietação: viver num asilo e ter que se distanciar novamente de sua própria identidade. Porém, dentro de si, o que ainda persiste é a euforia do desejo que se mantem vivo, jovem e pleno. Um universo pulsante ainda está ali, querendo, sentindo e sendo o que sempre foi.
A sexualidade em toda sua amplitude, não sendo restrita ao ato sexual, ganha contornos simbólicos que falam do desejo de permanecer vivo, da persistência exigida quando o vigor do corpo declina. Mesmo tendo superado os medos e os conflitos gerados pelo desejo homossexual ao longo da vida, este é um momento de entender que a vida sexual pode ser realizada de várias formas contradizendo a norma conservadora.
Agora, ele vê emergir imagens da infância e da adolescência. Os choques entre desejo e aceitação, beleza e envelhecimento perduram assim como o medo do abandono. A situação fica mais delicada com a perda da independência financeira e da saúde, normalmente associada à permanência de idosos nos asilos. Em contrapartida a tenacidade de realizar seus desejos plenamente é fruto de uma construção de identidade pessoal preciosa e possível para algumas pessoas.
O processo
Esta é a segunda peça que Michel Blois é dirigido por Victor Garcia Peralta, a primeira foi "The Pride" em 2016 em cartaz na Caixa Cultural e Teatro Ipanema. Já com Julia Spadaccini sua parceria vem desde 2006 quando fez assistência de direção de Kiko Mascarenhas na peça "Por enquanto é isto" em que a Julia fazia como atriz.
Já dirigiu outras duas peças da dramaturga, em 2007 o solo do Rodolfo Mesquita "A Sônia é que é feliz" e em 2017, ao lado da diretora de cinema Sandra Werneck, "E se eu não te amar amanhã" com Luana Piovani, Leonardo Medeiro e Marcelo Laham. Como ator fez "Aos Domingos" em 2013, indicada ao prêmio Shell de dramaturgia e "Os Inocentes" em 2010.
Ficha técnica
Euforia
Direção - Victor Garcia Peralta
Texto - Julia Spadaccini
Elenco - Michel Blois
Diretora Assistente - Flavia Milioni
Iluminação - Wagner Azevedo
Cenografia - Elsa Romero
Figurino - Ticiana Passos
Trilha Sonora Original - Holograma - Pedro Guedes e Rafael Langoni
Projeto Gráfico - Raquel Alvarenga
Foto e Vídeo - Rodrigo Turazzi e Duda Paiva
Pesquisa Dramatúrgica - Marcia Brasil
Cenotécnica - Fatima de Souza
Operadora de Luz e Som - Debora Thomas
Administradora de Temporada - Anna Bittencourt
Modelos para Arte - Zuka Blois e Terra
Direção de Produção - Aline Mohamad e Michel Blois
Realização - Eu e Ele Produções Artísticas Ltda
Serviço
Euforia
Data - 06 e 07 de julho, sexta, às 20h30 e sábado, às 18h
Duração - 60 minutos
Local - Sesc Vila Mariana - Auditório
Endereço - Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana - São Paulo
Capacidade - 128 lugares
Ingresso - R$ 17,00 (inteira), R$ 8,50 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) e R$ 5,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes/Credencial Plena)
Venda de ingresso online e nas bilheterias
Limitado a quatro ingressos por pessoa
Não recomendado para menores de 14 anos
Mais informações 11 5080-3000 ou clique aqui
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