Lacerdine Galeria de Arte realiza a 1ª Semana da Diversidade

Foto de Fernando Jensen, que estarão na exposição Trans-Lado, e que terão intervenção artística em pintura de Geraldo Lacerdine

De 17 a 20 de junho, acontece uma intensa programação gratuita com rodas de conversas com o padre Júlio Lancellotti, com a comunidade LGBTQIAPN+ e seus pais, exposição com fotos de transgêneros

Para refletir sobre o orgulho LGBTQIAPN+ e todo o cuidado necessário das pessoas em situação de vulnerabilidade, é que o espaço multicultural Lacerdine Galeria de Arte realiza a 1ª Semana da Diversidade, de 17 a 20 de junho, com uma programação gratuita

Rodas de conversa com o padre Júlio Lancellotti, com a comunidade LGBTQIAPN+ e seus pais, da ONG Mães pela Diversidade e a exposição inédita Trans-Lado, com fotos com transgêneros em situação de rua, do fotógrafo Fernando Jensen. E, ainda, na semana o desfile Sobreviventes da Selva Urbana, do projeto Linhas da Vida, do Movimento Estadual da População de Rua de São Paulo.

A Semana da Diversidade quer fomentar o diálogo cultural sobre a aceitação à diversidade, combater o preconceito e a discriminação, propor soluções educativas e aumentar o engajamento social nas questões da diversidade. Segundo o fundador da GaleriaGeraldo Lacerdine, o evento propõe abordar temas importantes sobre direitos humanos, sabendo do potencial transformador que a arte tem na vida das pessoas.

“Hoje a violência e o desrespeito são cultuados nas redes sociais e em conversas informais. Muitas pessoas padecem a dor da exclusão de uma sociedade, que quer torná-las invisíveis. É importante a realização de atividades de conscientização, ações educativas, diálogo e discussões sobre os temas da diversidade e problemas candentes, pois se acredita que assim podemos melhorar o mundo”, reflete o artista expressionista contemporâneo Lacerdine

Roda de conversas e exposição

Padre Sílvio Lancellotti. Foto - Divulgação

Amplamente reconhecido por seu trabalho humanitário e sua defesa dos direitos humanos, incluindo o apoio à comunidade LGBTQIAPN+, o padre Júlio Lancellotti será o destaque da abertura da Semana, dia 17, quando falará sobre o combate à violência e o respeito as individualidades. Também abordará a experiência de cuidado e acolhimento das pessoas LGBTQIAPN+ em situação de rua da cidade de São Paulo, a extrema urgência para a conscientização da sociedade, e as políticas públicas atuais. Após sua apresentação, de aproximadamente 20 minutos, terá início um bate-papo com os presentes. O momento será transmitido ao vivo, via Live, pelo Instagram aqui.

“Pela nossa experiência e convivência diária com a várias pessoas do grupo LGBT nas ruas, percebemos que são triplamente rejeitados e descartados. Se for uma pessoa negra, já existe o preconceito. Se for uma pessoa também pobre, mais um preconceito. Se for uma mulher trans mais preconceito e mais discriminação”, explica o Padre Lancellotti.

Ele orienta que é necessário olhar essas questões de baixo para cima, “porque há grupos que sabem se defender, que têm um nível de posição na sociedade, mas há aqueles que não têm nenhum. Por exemplo, existem trans em situação de rua que usam silicone industrial, que acabam descendo para os pés, não têm a hormonioterapia e questões de saúde garantidas. Tudo isso tem que ser visto e protegido a partir de baixo para cima”, completa.

Foto de Fernando Jensen, que estarão na exposição Trans-Lado, e que terão intervenção artística em pintura de Geraldo Lacerdine

Também faz parte da inauguração da Semana da Diversidade a estreia da exposição inédita Trans-Lado, que permanecerá até o dia 30 de junho, com fotos de transgêneros e intervenção artística em pintura de Geraldo Lacerdine. “Eu faço foto da realidade urbana. Nessa mostra estarão expostas as imagens que registrei com os transgêneros na Cracolândia, no Vale do Anhangabaú, entre outros locais no centro de São Paulo”, explica o fotografo Fernando Jensen, que na abertura contará sobre sua jornada neste trabalho iniciado há cinco anos.

Ele conta que gosta muito de fotografar trans porque ao conversar percebe o quanto elas querem ser notadas. “Minha intenção com este trabalho é mostrar para a sociedade a realidade do que acontece nas ruas do centro da cidade que, na maioria das vezes, é ignorado pelo poder público. Com as imagens tento dar luz e mais dignidade a moradores de rua”, completa o fotógrafo.

Segundo Jensen, essas fotos que nunca foram expostas, renderam boas histórias. “No caso, por exemplo, da foto da transgênera com o cachorro ao lado, ela estava sentada na porta de um abrigo e muito triste, de cabeça baixa, e eu estava passando do outro lado da rua. Quando a vi virei a câmera pra ela perguntando se podia fotografá-la. No ato ela abriu um grande sorriso de tal maneira que eu me emocionei. Isso demonstra o poder da fotografia”, conclui.

Foto de Fernando Jensen, que estarão na exposição Trans-Lado, e que terão intervenção artística em pintura de Geraldo Lacerdine

A atração da Semana, o desfile Sobreviventes da Selva Urbana, do projeto Linhas da Vida, do Movimento Estadual da População de Rua de São Paulo (responsáveis: Robson Cesar C. de Mendonça, Karen Cristina e Neia Pereira) será na quarta-feira, dia 18 de junho. Linhas da Vida é um projeto que ensina a arte da costura para pessoas em situação de vulnerabilidade, pessoas em situação de calçada e ao público da comunidade LGBTQIA+.Proporciona um ambiente enriquecedor, onde os alunos têm a oportunidade não apenas de aprender técnicas de costura, mas também de explorar e expressar sua criatividade.

O desfile Sobreviventes da Selva Urbana retrata nos looks a realidade da população vulnerável e considerada invisíveis perante a sociedade. E traz, também, reflexão sobre a proteção ao meio ambiente. Os trabalhos são desenvolvidos coletivamente por aproximadamente 30 alunos do projeto, conhecidos carinhosamente como Bonde da Costura.

Outro momento da semana que promete ser marcante é a roda de conversa com pessoas LGBTQIAPNA+ e seus pais da ONG Mães pela Diversidade no dia 20, sexta-feira. O objetivo é levantar uma reflexão sobre o processo de acolhimento e aceitação dessa comunidade.

“Ser mãe do meu filho é algo grande e cheio de afeto. Ser mãe de um adolescente de 15 anos trans nos traz desafios todos os dias, sem aviso prévio. Mas isso só aumenta o nosso amor por ele. Essa realidade imposta, me fez e me faz estar no centro de uma luta que só vai terminar quando tivermos um olhar mais gentil, digno e humano para todos, todas e todos”, afirma Gabriela Kimura é ativista pela causa e membro da ONG Mães pela Diversidade.

A ONG Mães pela Diversidade nasceu em São Paulo, em 2014, fruto de um encontro espontâneo de mães e pais de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de todo o Brasil, preocupados com o avanço do fundamentalismo religioso, a insegurança jurídica, o preconceito e a violência contra a população LGBTQIAPNA+.

Sobre a Galeria

Com 400 m², lounge, mezanino e área externa, a Lacerdine Galeria de Arte abriga o Café Falasartes. Inaugurada em fevereiro deste ano, a galeria tem a proposta de ser um espaço multicultural para diversas manifestações, além de exposições de arte, também apresentações musicais, de teatro, e literatura, e rodas de conversas sobre temas atuais, como a diversidade, preservação ambiental, a luta contra o racismo, igualdade de gênero, entre outros.

Serviço
1ª Semana da Diversidade
Período - de 17 a 20 de junho
Organização e Curadoria - Geraldo Lacerdine
Local - Lacerdine Galeria de Arte
Endereço - Avenida Angélica, 2578 - Higienópolis - São Paulo
Entrada gratuita
Para mais informações clique aqui

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