Eros - Rachel Daisy Ellis faz do autorregistro uma linguagem para discutir intimidade e afeto


Com distribuição da Fistaile, documentário chega aos cinemas em 12 de junho, narrando 10 histórias distintas ambientadas em motéis espalhados pelo país

Não é difícil compreender por que a diretora Rachel Daisy Ellis decidiu investigar os motéis no seu primeiro longa-metragem, Eros. Quer você nunca tenha pisado em um estabelecimento como este ou seja frequentador recorrente, fato é que estes são locais, no mínimo, intrigantes. Se por um lado, como instituição de sexo mais importante do pais, os motéis integram a paisagem urbana de todo o Brasil, com seus letreiros luminosos e entradas chamativas, por outro há um genuíno mistério sobre o que acontece ali e quem são as pessoas que ocupam suas suítes.

Ciente da riqueza deste tema, Ellis viu em Eros uma oportunidade de explorar e provocar uma reflexão sobre o que é o motel. Curiosamente, a forma de conduzir o público por sua pesquisa veio mais tarde, quando ela mesma teve uma noite frustrada em um destes quartos, enquanto ouvia as pessoas das suítes vizinhas e imaginava as histórias por trás daqueles gemidos. Tendo escutado depoimentos de frequentadores de motel de vários cantos do país, Ellis convidou alguns deles a se filmarem durante uma das suas noites. O resultado está no documentário: uma costura de experiências e visões que, por mais distintas que sejam, compartilham entre si olhares profundos sobre as relações de intimidade e afeto.


Desta forma, a intimidade que Eros registra não se resume a sexo: há prazer e fantasias sim, mas há também amor, solidão, liberdade, confiança e introspecção. Quer dizer, entre as quatro paredes de um quarto de motel, existe uma vulnerabilidade reveladora muito rica - não só para entender os indivíduos retratados, mas a própria relação do Brasil com estes estabelecimentos tão tradicionais.

“Quando vi as primeiras filmagens dos personagens, fiquei impressionada com a intimidade compartilhada”, lembra a cineasta. “Tinha algo mágico ali, entre o exibicionismo e a partilha íntima, que foi muito especial. Os momentos capturados antes e depois do sexo, onde a intimidade se constrói eram fascinantes”.

O autorregistro se mostrou uma linguagem interessante também do ponto de vista estético: as imagens mudavam não só conforme o aparelho usado para registrá-las, como também pela própria individualidade das personagens. Com a câmera na mão, viravam diretores e gravavam sua experiência como bem entendessem. “Me interessava pensar também até que ponto as pessoas usariam o palco da suíte do motel como espaço de performance de suas histórias e reflexões e como seria a mistura de performance e registro de observação”, explica Ellis.


Todas as filmagens foram realizadas com os celulares das próprias personagens que foram convidadas a se filmar durante uma estadia, numa suíte de sua escolha. “Escolhi o dispositivo do auto registro como maneira de adentrar a intimidade e explorar a auto-representação. O filme acabou sendo um mergulho nas relações íntimas, a liberdade sexual, o refúgio, a relação corpo-espaço, a auto-representação, a performance, o amor romântico e a solidão”.

Com distribuição da Fistaile, Eros convida públicos de todo o Brasil a se surpreenderem e, claro, a refletirem sobre suas próprias relações de intimidade e afeto a partir de 12 de junho, quando o documentário chega aos cinemas.

Sinopse

O filme Eros acessa a intimidade vivenciada na maior instituição erótica do Brasil: o motel. Pessoas frequentadoras foram convidadas a se filmar durante uma noite e compartilhar os seus vídeos para fazer parte de um filme.

Assista ao trailer:


Ficha técnica
Eros
Brasil | 2024 | Documentário | 108 min.
Direção e Argumento - Rachel Daisy Ellis
Participantes e Filmagens - Marlova Dornelles e Andrade, Gabriel Soares e Hagar, Joana e José dos Santos, Ale Gaúcha e amigos, Fernanda Falção e Ribersson, Camila e Heber, Barbara Drummond e Paulo Vela, Luis de Basquiat, Rachel Daisy Ellis
Produção - Dora Amorim e Rachel Daisy Ellis
Empresa Produtora - Desvia
Coprodução - Ponte
Montagem - Matheus Farias, Edt
Desenho de Som - Nicolau Domingues
Mixagem - Nicolau Domingues e Mauricio D´Órey
Assistência de Direção - David Moura, Everton Federico e Hellyda Cavalcante
Pesquisadores - Victoria Alves, Bruna Leite, Chico Ludemir, Chico Ludemir, Vanessa Forte, Maria Clara Escobar, Fernanda Luá, Tainã Aynoã dos Santos Barros, Mayara Sanchez e Laura Dornelles
Assessoria de Imprensa - Sinny Assessoria
Distribuição - Fistaile
Cartaz - Guilherme Luigi
Trailer - Matheus Farias e Will Oliveira
Classificação - 18 anos
O projeto foi contemplado pelo Edital da Lei Paulo Gustavo (LPG) do município de Recife, com recursos da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, da Prefeitura de Recife e do Ministério da Cultura, Governo Federal

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