Cia Quatro Ventos abre inscrições para os Círculos de Confluências Germinar - Sobre infâncias e mulheridades numa perspectiva afro-indígena


Serão sete encontros, nas terça e sextas-feiras do mês de julho, 
na sede da Cia Quatro Ventos em Cidade Tiradentes

Estão abertas as inscrições para os Círculos de Confluências Germinar - sobre infâncias e mulheridades numa perspectiva afro-indígena que acontecerão em julho, no Espaço CoCriar, na sede da Cia Quatro Ventos em Cidade Tiradentes. “Todas as histórias importam, traga sua história para contribuir com essa espiral de encontros”, Cia Quatro Ventos.

Serão 7 vivências formativas de 3h cada, com inscrições gratuitas, num total de quinze vagas,  com certificado e registro de participação. A prioridade é para mães, educadores, artistas, corpos dissidentes, afim de construir um espaço de trocas saudável, diversa e de qualidade voltando para o passado, para aprender sobre ser e estar presente e transformar o futuro.

Os Círculos de Confluências Germinar - Sobre infâncias e mulheridades numa perspectiva afro-indígena são ações propostas por meio do projeto Território Semear - nutrindo raízes para cocriar! contemplado pela 42ª Edição do Programa Fomento ao Teatro e acontecerão no Espaço CoCriar na sede da Cia Quatro Ventos, em Cidade Tiradentes.

Os círculos de confluências germinar, prometem fazer a gira girar, vem para nutrir um processo de pesquisa que tece numa perspectiva cosmovisões afro-indígenas que entrelaça universos, a infância, maternagem, artes e a natureza plena em coletividade, memórias, pesquisas, práticas, projetos e reflexões que serão fortalecimento para mulheridades presentes no novo espaço, uma nova sede que acolhe quem mais quiser chegar junto com a Cia Quatro Ventos nessa nova fase.

As atividades previstas serão essenciais para discutir, refletir e acolher a importância do fazer artístico também durante a maternagem. Compreender os desafios e também aberturas de caminhos para a coletiva, que essa formação pode ser potente para fortalecer essas mulheres enquanto mães, artistas, pesquisadoras, educadoras, um círculo que se movimenta, se transforma e que cresce no território. Serão discutidas questões étnicos raciais dentro dos trabalhos artísticos voltados para crianças e principalmente para cocriar novas perspectivas por intyermédio da ludicidade na arte e na cultura no combate ao racismo.

As vivências formativas visam o aperfeiçoamento anticolonial em arte, cultura, educação entrelaçada à espiritualidade ancestral para o fortalecimento de ações afroreferenciadas e indígenas em pedagogias para fazer arte com foco no tempo das infâncias (dentro e fora de nós) numa perspectiva criativa que parte do olhar feminino, principalmente, enquanto manifestação de uma essência que gesta, pari, cria, cuida, educa, nutre, liberta e nesse caso não numa perspectiva de gênero.

As infâncias e as mulheridades serão o elo central dos encontros, unidas a referências teóricas e práticas que tenham como base na conexão ancestral com o sagrado feminino, com o tempo não engaiolado e a produtividade cíclica entrelaçada aos ciclos lunares e de como somos influenciadas pelo tempo da natureza e das estações. Que valoriza a cultura das infâncias para a construção de um presente e um futuro antirracista que apresente caminhos de dignidade, acolhimento, equidade, respeito e liberdade para serem o que são, que busca integrar suas crianças de um modo mais saudável e conectados à natureza e seus elementos, saudando o tempo de ser criança e de como elas estão presentes e se relacionam com a vida. Para nunca esquecer que somos parte da natureza.

Os círculos de confluência serão conduzidos majoritariamente por mulheres, mães, educadoras e coletividades femininas que atuam no campo das artes afro-indígenas, das terapias naturais, da educação, e do empreendedorismo sustentável. As trocas de saberes terão uma natureza lúdica e formativa, um processo de investigação criativa com temas inerentes que apresentem novas perspectivas de tecer uma rede de apoio e trocas de saberes que entrelaçam o universo feminino de mulheres para a (re) conexão com a ancestralidade e o contemporâneo.

Serão encontros cíclicos e acolhedores voltados para o nutrir o corpo território, retomar e promover um processo cocriativo dessa coletividade por meio da arte, da cultura e de uma educação respeitosa e afetuosa para nossas crianças, começando com o plantio de sementes em suas terras férteis, com o propósito de nutrir a construção de novas narrativas a partir de nossas ancestralidades afrocentrada e indígenas, sua relação com o sagrado em sua energia física, emocional e espiritual em toda a força e natureza criativa, considerando e compreendendo a maternagem e as infâncias como parte indissociável dentro dessas tradições até os dias de hoje.

Confira abaixo a programação completa:

Gira Brincante: A brincadeira que nos insPira!
Com Larissa Violeta
Data - 01 de julho - terça-feira
Horário - 13h

Brincar é coisa séria, já nos mostram as crianças todos os dias. Sendo pessoas adultas, artistas, mães, cuidadoras, educadoras, rede de apoio e tantas que somos, nos falta tempo e disposição de retomar o movimento e a presença para o universo da brincadeira que é possível e necessária para pessoas de 0 à 200 anos. Essa vivência nos convida a descobrir e partilhar os brincares e brincadeiras que moram em nosso cotidiano. Unindo palhaçaria, brincadeiras populares, dança, música, poesia e arte terapia, a artista educadora propõe práticas que acolhem, extravasam e cocriam respiros diferentes em nosso dia-a-dia.

Sobre Larissa Violeta

Foto - Divulgação

Artista circense, arte educadora, produtora cultural, artesã, poetisa e brincante da cultura popular brasileira há mais de 10 anos. Reside em Piracaia, interior paulista, e hoje vive, aprende e partilha com o mundo apresentações artísticas, aulas e oficinas, vivências pedagógicas, rodas de conversa, produções artísticas/culturais e vendas de brinquedos educativos. Ao longo dos anos participou de coletivos como Cia Bambolística (2015 à 2018); Sagrado Circo Feminino (2016 à 2019); Projeto Ponto de Luz - Penitenciárias Femininas de SP (2018); ONG Beija Flores Solidários (2018 à 2020); Noite da Rose (2015 à 2018); Encontro de Artes Circenses da Zona Leste (2014 à 2019); Brincando no Pé (2017 à 2025); Associação Sementeira Piracaia (2022 à 2025); Batuque Todo dia (2023 à 2025). É curiosa dos saberes populares e atua em movimentos relacionados a parentalidade e sociabilidade de forma inclusiva e urgente.

Omi Ọro - Palavras das Águas
Com Priscila Obaci
Data - 04 de julho - sexta-feira
Horário - 13h

Omi Ọro - Palavras das Águas é um curso de escrita materna inspirado nas forças das Ayabás (orixás femininas) e nos ciclos lunares. A cada encontro, uma orixá guia as reflexões, conectando as participantes a elementos da natureza como águas nascentes, rios e marés. Por meio de sensibilizações corporais, histórias contadas, cantigas em iorubá e escrita criativa em prosa ou poesia, a vivência propõe que cada mulher mergulhe em suas memórias de renascimento, maternagem e ancestralidade. A escrita nasce como extensão do corpo, da espiritualidade e do afeto, em travessia coletiva pelas águas que moldam e sustentam a vida.

Sobre Priscila Obaci

Foto - Naná Prudêncio

Artista, educadora e mãe de duas crianças, vivendo com HIV desde 2018. Transita entre teatro, dança e poesia, com formação em Comunicação das Artes do Corpo pela PUC-SP. É professora de Dança Materna e criadora das vivências Kisânsi e Xirezinho, que unem cuidado, sensorialidade e filosofia do candomblé. Autora dos livros Poesias Pós-Parto e Xirezinho - Coleção Águas, é integrante do Instituto Umoja e conduz práticas que cruzam arte, maternagem, espiritualidade e ancestralidade. Sua atuação é marcada pela escuta das águas internas e pelo compromisso com linguagens que valorizam a oralidade, o corpo e os saberes da cultura preta.

Corpos - Memória: Raízes Ancestrais
Com Ciléia Biaggioli e Júlia Biaggioli
Data - 08 de julho - terça-feira
Horário - 13h

Em nossas memórias habitam nossas ancestralidades. Somos, ao mesmo tempo, guardiãs e continuidade dos sonhos de quem veio antes. A partir desse entendimento, as artistas Ciléia Biaggioli e Júlia propõem uma vivência sensível que investiga a memória como caminho para a criação artística. Partindo das lembranças que cada participante carrega de sua ancestralidade, a proposta convida à criação de conexões poéticas que inspirem processos baseados em uma visão de retomada identitária e reconexão com as raízes. É uma travessia criativa que nos chama a reconhecer, no gesto artístico, a possibilidade de ser elo entre passado, presente e futuro - pois, como disse Nêgo Bispo: somos começo, meio e começo.

Ciléia Biaggioli e Júlia Biaggioli. Foto - Divulgação

Sobre Ciléia Biaggioli

Palhaça, arte-educadora e produtora cultural, possui uma trajetória marcada pelo compromisso com o riso, o afeto e a transformação social por meio da palhaçaria. Atua há mais de duas décadas na cena artística, integrando coletivos e iniciativas de teatro de rua, com destaque para sua atuação no grupo Família Rocokóz, com o qual desenvolve espetáculos, oficinas e ações formativas que exploram a comicidade popular em diálogo com os territórios periféricos de São Paulo. Indicada ao prêmio de Melhor Atriz pela peça Gran Circo Rocokóz, dirigida por Cida Almeida, Ciléia reafirma em cena a potência do riso como linguagem de presença, resistência e escuta. Sua pesquisa mergulha nas linguagens do circo, do improviso e nas práticas de cuidado, tendo como foco as infâncias, as mulheres e as comunidades.

Sobre  Júlia Biaggioli

Artista popular, produtora cultural e comunicadora. Participa de diversos coletivos trabalhando pela reconstrução das noções de cultura, identidade, pertencimento e cidadania nas periferias da cidade. É matrigestora na produtora de comunicação Ecoar, uma empresa focada em criação de conteúdo e marketing digital.

Raízes em Movimento
Com Natália Santos
Data - 11 de julho - sexta-feira
Horário - 13h

Raízes em Movimento é um projeto de dança e criação cênica voltado para mães e seus filhos, com base nas corporeidades de matrizes banto e indígenas. A proposta nasce do desejo de cultivar espaços artísticos afetivos que acolham a maternagem como saber e potência criadora. A partir de experiências corporais e memórias afetivas, o projeto convida as participantes a acessarem suas ancestralidades como fontes de expressão e reconexão com o território e a comunidade. Ao unir arte e cuidado, a vivência promove autonomia criativa, pertencimento e fortalecimento de mulheres periféricas como protagonistas de suas histórias. O corpo é tomado como território de resistência e afeto, em movimento contínuo entre passado, presente e futuro.

Sobre Natalia Santos

Foto - Divulgação

Artista, educadora, produtora e articuladora cultural, possui trajetória dedicada à valorização das ancestralidades e ao fortalecimento de comunidades periféricas. Graduanda em Pedagogia, é formada em Direito e pós-graduada em Ciências Sociais e Educação Social, com foco em epistemologias do Sul e direitos humanos. Criada em terreiro, vivencia desde a infância manifestações do Sertão e da Zona da Mata Pernambucana, expressando essas raízes em sua pesquisa corporal e cênica. Formada em balé armorial e danças afro-brasileiras, dirigiu os espetáculos Transpondo Mares e Sertões, No Mangue Tem Frevo e Rainha Quelé. Atua em ocupações culturais da Zona Norte de São Paulo e foi uma das idealizadoras do Cursinho Popular Sérgio Lapaloma, na Uneafro. Sua prática integra arte, educação, território e ancestralidade como formas de resistência, cuidado e transformação social.

Nhimangaá - Danças e Brincadeiras para movimentar corpo e espírito!
Com Txembo'ea Luã Apyká
Data - 15 de julho - terça-feira
Horário - 13h

Nhimangaá é mais que uma vivência - é um chamado. Um sopro de encantamento que atravessa corpo e espírito, conduzido pelas danças, brincadeiras e cantos que vêm das memórias do povo tupi-guarani. Com a orientação de Txembo'ea Luã Apyká, esta experiência propõe um mergulho no universo do Djeroky - o dançar que é reza, que é cura, que é resistência. No Djeroky, cada gesto é um elo entre o corpo e o mundo espiritual, entre o chão e o céu. Dançar é também invocar a chuva, pedir ao cosmos que molhe a terra e alimente a vida. É reconhecer o corpo como canal de ligação com as forças da natureza, como território sagrado que vibra em comunhão com outros corpos, com a água, com o tempo. A vivência envolve movimentos inspirados nas danças Tangará Ka'aru nhawõ (dança dos pássaros) e Txondaro (dança das guerreiras), que ativam a escuta, o pertencimento e a coletividade. As brincadeiras Pegwapy pepuã (senta e levanta) e Pegwatá (numerais em tupi-guarani) abrem espaço para o riso e a aprendizagem compartilhada, enquanto E awe - a dança do amor e da luta - nos lembra que cada passo carrega força, memória e afeto. Nhimangaá é dança que chama a chuva. É o corpo território que brinca com o tempo. É território que pulsa em cada gesto.

Sobre Txembo'ea Luã Apyká

Foto - Divulgação

Mestre nas linguagens tupi-guarani e membro da comunidade Tabaçu Rekoypy, no município litorâneo de Peruibe (SP). Artista, escritor, ativista, contador de história e diálogo com os espíritos dos sons para transformar a realidade por meio da arte do bem falar. É diretor audiovisual na coletiva Sopro, mestre nos encontros tupi-guarani (Nhe'Ē Porã), membro do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas de São Paulo e conselheiro no Cepisp (Conselho dos Povos Indígenas do Estado de São Paulo e da Executiva Nacional da Década Internacional das Línguas Indígenas (UNESCO). Além dessas participações, contribui na elaboração do título Lições de gramática: nhandewa-guarani, publicado pela Kamuri (2017), e autor da publicação Ywyra rogwé ywyrá rapó - Folhas e Raízes, lançado pela Comissão Pró-Índio (2014), autor do livro Mandi Reko (2023) , coordenador de políticas linguísticas na aldeia Tabaçu e graduando licenciatura intercultural para professores indígenas no estado de São Paulo.

Ndaku ya Kidilu - Brincar é Ato, Corpo e Raiz
Com Tamis Ferreira
Data - 18 de julho - sexta-feira
Horário - 13h

Ndaku ya Kidilu - Brincar é Ato, Corpo e Raiz é uma vivência cênica para atrizes que desejam explorar o brincar como linguagem ancestral e dramaturgia viva. Por meio de jogos africanos, cantigas, dinâmicas coletivas e ritmos tradicionais, a atividade propõe reconexão com a ludicidade como potência de criação e memória. Ao valorizar práticas afro-diaspóricas, a vivência fortalece a escuta, a improvisação e o corpo simbólico como ferramentas expressivas e políticas. Trata-se de um espaço coletivo de experimentação sensível e descolonial, onde o brincar se afirma como tecnologia ancestral de presença e transformação.

Sobre Tamis Ferreira

Foto - Divulgação

Pedagoga formada pela USP e arte-educadora, possui ampla atuação nos campos da educação e da cultura. Participou da equipe do Piapi (Programa de Iniciação Artística para a Primeira Infância) em 2023 e é autora dos livros Ayo e as Formiguinhas e Manual de Brincadeiras Africanas. Atua como contadora de histórias, matrigestora do projeto Xirê de Quintal e educadora formativa, promovendo capacitações voltadas à educação afrocentrada. Seu trabalho valoriza práticas educativas que fortalecem as identidades negras, com foco na infância, na oralidade e nos saberes africanos como base pedagógica, estética e política.

Agbalá Conta: um encontro com o avesso
Com Giselda Perê
Data - 22 de julho - terça-feira
Horário - 13h

Nesse encontro Giselda Perê trará sua trajetória como artista, mãe, Iyalorixá, empreendedora, produtora cultural, diretora e matrigestora da Perê Produções. O objetivo do encontro é humanizar os fazeres femininos, que sustentam nossa sociedade, mas que invisibiliza necessidades específicas do fazer artístico e profissional de mulheres mães.

Sobre Giselda Perê

Foto - Thais Namai

Mestra em arte/educação pelo Instituto de Artes da Unesp, é artista e educadora há mais de 20 anos. Dedica-se a criação artística que valorize as sabedorias, as estéticas e a oralidade presente em nossas ancestralidades africanas e afro-brasileiras. Na educação já atuou em sala de aula por mais de 10 anos, e há 15 anos fundou a Agbalá Conta e com ela, dedica-se a criação na arte da narrativa, à formação de artistas e professores que buscam descolonizar o pensamento, e investigar novas epistemologias fundadas nas culturas tradicionais pretas africanas e brasileiras. Foi atriz no Clã do Jabuti no espetáculo Eleguá, menino e malandro, foi diretora artística na Cia Quatro Ventos no espetáculo Awá, tecendo fios de ouro. Coordenou a equipe educativa da exposição Lélia em nós: festas populares e a americanidade no Sesc Vila Mariana. Atualmente coordena o projeto Erê no Colo de Iansã, projeto de acolhimento e formação das crianças do bloco afro Ilú Obá De Min.

Serviço
Círculos de Confluências Germinar - sobre infâncias e mulheridades numa perspectiva afro-indígena
7 vivências formativas
Público Alvo - mães, educadoras, artistas e corpos dissidentes
Vagas -15
Período - todas as terças e sextas-feiras do mês de julho
Horário - início de cada vivência às 13h e término às 16h
Local - Espaço CoCriar - Sede da Cia Quatro Ventos
Endereço - Rua Álvaro Borges dos Reis, 72 - Cidade Tiradentes - São Paulo
Inscrições gratuitas aqui

Postar um comentário

0 Comentários