Ester Laccava encerra trilogia com o vigoroso monólogo Ossada

Foto - João Caldas Fº

Terceira peça da trilogia Grito de Mulher, o monólogo traz referências à artista de vanguarda 
Laurie Anderson e à poeta polonesa Wislawa Szymborska, além de textos da autora inglesa Maureen Lipman

Para encerrar a mostra Grito de Mulher, Ester Laccava reestreia o terceiro espetáculo de sua trilogia, Ossada dia 15 de maio, no porão do Centro Cultural São Paulo. Depois de Curtume e A Árvore Seca, Ester empresta corpo e alma a mulheres angustiadas, exaustas com o dia a dia opressor. O solo reúne cinco histórias da atriz e autora inglesa Maureen Lipman, além de referências à escritora e poeta polonesa Wislawa Szymborska e à cantora, compositora e performer americana Laurie Anderson.

São situações cotidianas de cinco mulheres: um pai em coma, o casamento de um filho, uma entrevista para a TV, os abusos familiares e um cigarro que nunca acende. Nos cinco monólogos baseados em adaptações livres, o ponto comum é a figura da mulher “esgarçada” em sua existência. Personagens que desafinam diante das regras sociais e acabam “vazando”, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em nós: a mulher como sujeito, a mulher como objeto, a mulher.

Ossada funde essas narrativas num contexto que coloca em debate a trajetória do mundo enquanto humanidade, ou melhor, a capacidade do indivíduo em compreender a humanidade por um viés de fato humanístico.

Foto - João Caldas Fº

“Tudo é potencializado no sufocamento causado por frustrações dessas mulheres dentro de um cenário minimalista e selvagem”, conta Ester, completando que o cenário, ou instalação, “remete a uma sala de museu de história natural, desdobramento do significado da palavra ‘ossada”. A peça busca alcançar um frescor na linguagem e sensibilizar o espectador, que é convidado a questionar algumas constatações e crenças que já não fazem tanto sentido nos dias de hoje, como direcionamento desse projeto

“A missão é provocar o público, revelando que ainda é possível fazer as pontes emocionais e afetivas no mundo globalizado”, destaca Laccava. A escolha por um teatro com elementos da performance visa unir toda a equipe numa só voz. “Um grande sopro de um gigante que tomba esses temperamentos, colocando essas mulheres diante da fragilidade versus a força, na mesma intensidade, como se duas notas dissonantes encontrassem no universo fantástico um lugar possível de se harmonizarem’, finaliza a atriz e diretora.

Leia também:

Sinopse

Foto - João Caldas Fº

O patético inconfessável no cotidiano de cinco mulheres que desafinam diante das regras sociais e acabam vazando, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em cada um de nós. A partir de textos de Wislawa Szymborska, Maureen Lipman e Laurie Anderson, adaptados por Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury.

Ficha técnica
Ossada
Criação, AdaptaçãoDireção, Figurinos e Atuação - Ester Laccava
Diretor de Produção - Emerson Mostacco
Desenho de Luz e Imagem - Mirella Brandi
Trilha Sonora - Mueptemo
Costureira - Judite Lima
Assistentes de Direção - João Wady Cury e Elzemann Neves
Operação de Luz - Giuliano Caratori
Operação de Som - Giulia Lacava
Designer Gráfico - Giulia Lacava e Pedro Lacava
Tradutor em Libras - Ricieri Palha
Assessoria de Imprensa - M. Fernanda Teixeira | Arteplural Comunicação
Fotos - João Caldas Fº
Produção - Lacava Produções Artísticas e Mostacco Produções
Um projeto da Cia. Indomável

Serviço
Ossada
Temporada - de 15 a 31 de maio
Horário - quinta, sexta e sábado, às 21h, domingo, às 20h
Duração - 60 minutos
Dia 31 de maio acontecerá duas sessões, às 19 e 20h
Local - Espaço Cênico Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo (porão)
Endereço - Rua Vergueiro, 1.000 - Paraíso - São Paulo
Capacidade - 100 lugares
Entrada gratuita
Classificação - 16 anos

Postar um comentário

0 Comentários