Farol Santander traz a exposição inédita Narciso - a beleza refletida e explora a história dos autorretratos às selfies

Foto - Domingos Netto

Apresentada pelo Ministério da Cultura e Santander Brasil, as obras mostram uma viagem pela história da autoimagem e a transição dos autorretratos analógicos às selfies digitais. 
Mostra apresenta obra inédita de Vik Muniz, nunca exibida no Brasil. Busto com autorretrato do artista foi moldado em mármore de Carrara e esculpido por um robô

O Farol Santander São Paulo centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugurou a exposição inédita Narciso - a beleza refletida, que explora o mito de Narciso, paradigma da cultura ocidental, relativo ao cultivo da própria imagem, por meio do olhar do artista para si mesmo. Com curadoria de Helena Severo e Maria Eduarda Marques, além de direção artística de Marcello Dantas, a mostra reúne um acervo com 101 obras de diversos e representativos artistas brasileiros, entre pinturas, desenhos, esculturas e fotografias, produzidas entre a fase modernista e a contemporaneidade. A exposição ocupará toda a galeria do 22º andar do Farol Santander São Paulo e ficará em cartaz até o dia 05 de janeiro de 2025.

Ao longo da história, a parábola de Narciso, jovem de rara beleza aprisionada à própria imagem, inspirou artistas por mais de dois mil anos. Resgatada durante o Renascimento, após ser esquecida na Idade Média, a mitologia de Narciso passou a simbolizar a busca pela identidade do indivíduo, em um período de grandes transformações na arte e na valorização do autorretrato. A figura de Narciso, associada ao drama da individualidade, foi especialmente marcante para artistas renascentistas.

O autorretrato sobreviveu às transformações das vanguardas modernas, incorporando expressões subjetivas e interpretações mais livres. Com a chegada da fotografia, especialmente no século XIX, o autorretrato ganhou nova força. Nos tempos atuais, as fotografias digitais e as redes sociais revolucionaram a forma como a autoimagem é produzida e compartilhada.

“No coração do Farol Santander, este espaço de cultura e inovação, convidamos os visitantes a refletir sobre a linha tênue entre a busca por identidade e o narcisismo no século XXI. A exposição explora como o fascínio pela própria imagem atravessa os séculos”; comenta Maitê Leite, vice-presidente executiva Institucional do Santander Brasil.

A mostra exibe ao público 100 obras da coleção particular de Lúcia Almeida Braga, produtora de cinema, que foi concebida e organizada pelo arquiteto Márcio Rebello, seu marido, a partir de do ano de 1997. Trata-se de um conjunto de obras de arte em autorretratos produzidos em diversas técnicas e no mesmo formato, pelos mais destacados artistas modernos e contemporâneos brasileiros, que foram comissionados e agrupados durante duas décadas, de modo a desvendar “a cara do Brasil” na virada do milênio. O autorretrato de Cícero Dias, por exemplo, foi a última obra realizada pelo artista, em 2003, ano de seu falecimento.

Foto - Domingos Netto

Entre os destaques da coleção estão nomes como: Antonio Peticov, Beatriz Milhazes, Carlos Sciliar, Cícero Dias, Emanoel Araújo, Fernando Barata, José Roberto Aguilar, Leda Catunda, Luiz Zerbini, Siron Franco, Romero Brito, Tomie Ohtake, entre outros. Os trabalhos serão exibidos em telas originais e também em reproduções de backlight.

Para além da coleção e entre os grandes destaques desta exposição, está o autorretrato em formato de busto de Vik Muniz, que será exibido pela primeira vez no Brasil. A peça é resultado de um sofisticado processo fotográfico digital, que capturou imagens em 360 graus do artista, maquiado e vestido como Puck, personagem mitológico da peça Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare. O busto tem dimensões de 67x54x100 cm e foi moldado em mármore de Carrara, proveniente da Itália, material nobre utilizado por escultores desde a antiguidade.

“A mostra é uma reflexão sobre a relação entre autoimagem e arte. Não buscamos uma interpretação psicanalítica, mas sim uma abordagem alegórica que conecta o autorretrato artístico com as características contemporâneas das selfies”; relatam Helena Severo e Maria Eduarda Marques, curadoras.

O circuito expositivo conta ainda com um grande espelho na entrada para receber o público e ambientar ao tema da exposição. Ao final do circuito, os visitantes podem conferir e explorar um ponto ‘instagramável’, com três salas coloridas e espelhadas em sua totalidade, com iluminação especial ativada quando os visitantes entram. A exposição é apresentada pelo Ministério da Cultura e Santander Brasil, com organização da Oficina de Artes e produção da Ayo Cultural.

Linha do tempo em exibição: Autorretratos e selfies

Foto - Domingos Neto

A exposição Narciso - a beleza refletida apresenta uma linha do tempo, acompanhada de imagens item a item, para ilustrar essa história e evolução.

Autorrretratos

1839
Acredita-se que o mais antigo autorretrato seja o de Robert Cornelius. Aos trinta anos, Cornelius se autofotografou com um daguerreótipo, do lado de fora de sua loja de lâmpadas na Filadélfia, EUA. Estima-se que ele tenha permanecido de pé por mais de quinze minutos para conseguir a fotografia. Seu semblante é de surpresa.

1914
Aos treze anos, a Grã-duquesa Anastásia Nikolaevna, filha mais nova do czar Nicolau II, se autofotografou diante de um espelho. A foto circulou no Twitter em 2006, após a postagem da famosa selfie de Britney Spears e de Paris Hilton.

1920
O fotógrafo nova-iorquino Joseph Byron registrou uma foto de si e amigos em um terraço, utilizando uma câmera grande e pesada segurada por dois amigos, sem estar ciente do ângulo da imagem. Já o francês Félix Nadar, conhecido por seus autores retratos na "era de ouro dos retratos na França", também foi fotografado em um estúdio e em uma gôndola de balão de ar quente. Alfred Stieglitz, o primeiro fotógrafo a expor em um museu, criou uma série de mais de quinze autorretratos, incluindo “Autorretrato com câmera”. Por fim, Man Ray, artista norte-americano de ascendência russa, fez história na fotografia surrealista e publicou sua autobiografia Autorretrato em 1963.

1938
Aos vinte e três anos, o cantor Frank Sinatra se fotografou no espelho do banheiro. Ele usa um chapéu e faz um sinal de “ok” para a câmara.

1954
Autorretrato de Jackie Kennedy, tirado em frente a um espelho, no qual ela aparece com uma câmera na mão. Na imagem, também estão presentes o jovem futuro Presidente John Kennedy e sua cunhada Ethel.

1966
George Harrison, guitarrista dos Beatles, em viagem pela Índia, levou sua câmera com lente olho de peixe e se autofotografou em frente ao Taj Mahal.

Além do artista Andy Warhol que foi um inovador da imagem fotográfica. Durante sua trajetória, produziu incontáveis autorretratos. Na década de 80, ele replicou fotografias feitas em polaroide em suas telas, criando autorretratos que se tornaram icônicos para a cultura pop.

Selfies

2002
O primeiro registro da palavra selfie foi feito em um fórum online na Austrália. Os australianos costumam encurtar a pronúncia das palavras acrescentando a terminação “ie”. Selfie é uma abreviação da palavra self-portrait, que inglês significa autorretrato. Nathan Hope postou uma foto de seu lábio cortado em uma festa de aniversário de um amigo, acompanhada do comentário: “desculpem o foco, era uma selfie”.

2004
As redes sociais passaram a divulgar o termo selfie. Seu uso, no entanto, só ganhou verdadeira expressão em 2012, quando a palavra se tornou recorrente nas principais plataformas de mídia.

2006
Britney Spears e Paris Hilton postaram no Twitter uma selfie em que aparecem sorrindo. Onze anos depois, Hilton declarou que ela e Britney haviam inventado a selfie.

2008
O iPhone de segunda geração permitiu que a telefonia móvel processasse a transmissão imediata de dados, além da transmissão de sinais de áudio. Com isso, o material visual passou a circular livremente pela web, impulsando a banalização do registro cotidiano social, e não mais apenas a fixação dos registros extraordinários.

2011
O cinegrafista David Slater, em trabalho na Indonésia, permitiu que vários macacos brincassem com sua câmera. A selfie tirada por um macaco da espécie Macaca nigra, chamado Naturo, gerou uma disputa legal sobre a autoria e os direitos da foto, na qual Naturo aparece sorridente. Slater decidiu doar 25% das receitas obtidas com a reprodução da foto para instituições que protegem primatas.

2013
As selfies com o Papa Francisco viralizaram. Nesse ano, o presidente americano Barack Obama, quebrando o protocolo, foi comentado por tirar uma selfie com os primeiros-ministros David Cameron e Helle Thorning. Foi quando o Oxford English Dictionary escolheu “selfie” como a palavra do ano. Naquele ano, o emprego da palavra cresceu 17.000%, tornando-se uma das expressões mais procuradas.

2014
Durante a cerimônia do Oscar, a apresentadora Ellen DeGeneres foi à plateia para tirar uma selfie com os atores Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Brad Pitt, Kevin Spacey, Meryl Streep e outras celebridades. Postada, a imagem viralizou com quase três milhões de retuítes, quebrando recorde de engajamento no ambiente digital de então.

Confira no vídeo abaixo detalhes da exposição:


Serviço
Exposição Narciso - a beleza refletida
Período - até 05 de janeiro de 2025
Local - Farol Santander - 22º andar
Endereço - Rua João Brícola, 24 - Centro - São Paulo (estação São Bento - linha 1 azul do Metrô)
Visitação - de terça-feira a domingo das 09h às 20h
Ingressos - R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
Venda de ingressos na bilheteria do local e online aqui
Classificação - livre
Mais informações 11 3553-5627 e no site do Farol Santander aqui

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