Farol Santander SP apresenta a exposição Colecionismo - o belo, o raro, o único

Foto - Everson Verdião

Mais de mil itens e objetos raros estão reunidos em uma exposição que acontece até o dia 14 de julho

O Farol Santander São Paulo - centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia - apresenta até o dia 14 de julho, a exposição Colecionismo: o belo, o raro, o único, com curadoria de Carlos Faggin e Diana Malzoni. Inédita, a mostra aborda a prática e o conceito milenar de colecionar, exibindo mais de mil objetos diversos, provenientes de colecionadores particulares e instituições.

Entre as coleções estão: bandejas de faiança, de Sandra Gorski; bancos brasileiros, de Adélia Borges; bicicletas, de Marcos Perassollo; bonecos do Star Wars, de Rodrigo Moreno; canetas, de Carlos Augusto Faggin; carimbos, de Carlos Matuck; cartões postais, de Mário Figueroa; colheres, de Ricardo Marques; ex-votos, de Gilberto Sá, maquetes de arquitetura, de Marcio Mazza; máquinas de escrever, de Sergio Type; bandejas Rio de Janeiro e sanfonas, de Sergio Campos; óculos, do Museu dos Óculos Gioconda Giannini; e xícaras bigodeiras, do Instituto Ricardo Brennand.

“Esta é uma exposição que, assim como o ato de colecionar, fascina a todos os públicos. Desperta a nostalgia daqueles que conhecem e se lembram dos objetos expostos, bem como acende o interesse de quem descobre novos universos nas coleções. E ainda traz uma diversidade cultural que prezamos muito no Farol Santander”, afirma Maitê Leite, Vice-presidente institucional do Santander Brasil.

Foto - Everson Verdião

O ato de colecionar é uma atividade reconhecida já há mais de 500 mil anos, como expressão de grupos de objetos com familiaridade formal, funcional, cromática ou de constituição material. Há razões para o ato de colecionar que vão desde o desejo da preservação de objetos significativos para a vida de indivíduos ou de grupos sociais, até o extremo patológico da dificuldade de se desfazer das coisas, nisso incluído o desejo de materializar a memória.

Há sinais arqueológicos de coleções datados de até 600 mil anos. Colecionava-se fragmentos de pedra, torrões de terra endurecidos ou de cores inusitadas, lascas de ossos, pedras ou calcários com desenhos.

“Essa exposição foi concebida para evidenciarmos e apresentarmos o belo, o raro e o único, agrupados dentro dessa arte de guardar o mundo. Praticamente todos nós já colecionamos algo em algum momento, que seja na infância, com brinquedos, figurinhas, futebol de botão. É uma prática milenar que pode ter os mais variados aspectos e motivos e que se tornou inerente a nossa sociedade”, contam os curadores Carlos Faggin e Diana Malzoni.

Colecionismo: o belo, o raro, o único

Foto - Everson Verdião

Com cenografia assinada pelo arquiteto Fernando Brandão para ocupar toda a galeria do 20º andar no icônico edifício do Farol Santander São Paulo, a mostra reunirá um acervo com aproximadamente 1,1 mil peças. São itens e objetos diversos, das mais variadas épocas. Entre os mais antigos, estão os óculos pertencentes à coleção do Museu dos Óculos, de São Paulo, já que alguns dos modelos datam do século XVII. Há ainda uma série de objetos do início das primeiras décadas do século XX, como cartões postais, carimbos, bandejas, máquinas de escrever, sanfonas e bicicletas.

Confira abaixo os destaques:

Bandejas e Sanfonas - Coleção Sergio Campos

Foto - Domingos Netto

Além das sanfonas, Campos trás para essa mostra um acervo com 34 bandejas raras, com iconografia de paisagens do Rio de Janeiro. Estes modelos foram majoritariamente elaborados em países como Áustria e a antiga Tchecoslováquia, no início do Século XX, com desenhos que representavam a imagem exótica e paradisíaca da então capital do Brasil.

“Nessa coleção, uma peça se destaca pela sua raridade e beleza singular: uma miniatura da Pedra da Gávea. Esse monólito de rocha à beira-mar, o maior do mundo, é retratado com esplendor na bandeja, capturando sua imponência e beleza natural.”; comenta o colecionador.

Não poderia faltar um espaço dedicado aos instrumentos musicais. Serão exibidas 21 sanfonas pertencentes a coleção de Sergio Campos, com peças produzidas em variadas épocas. Destaca-se um modelo criado pelo italiano Mariano Dallape, um dos precursores na produção de acordeons, conforme explica abaixo Sergio Campos: minha paixão por sanfonas me levou a colecionar diversos modelos ao longo dos anos, e entre as minhas preciosidades, está uma das primeiras peças fabricadas por Dallapé. Composta por botões de madrepérola, antes mesmo da introdução do teclado, e ricamente decorada em fino trabalho de marchetaria no final do século XIX, essa sanfona é uma verdadeira joia”.

Banquinhos Brasileiros - Coleção Adélia Borges

Foto - Domingos Netto

A mostra conta com parte da coleção da jornalista especializada em desgin Adélia Borges, somando 30 bancos genuinamente produzidos no Brasil, em diversas décadas e locais. Muitos deles foram feitos por povos indígenas em madeira maciça, como os Menihako, Karajás, Suyás e Wajampis. Entre os destaques está também um modelo de banco Mocho, elaborado por Sérgio Rodrigues, em 1953. A inspiração para essa peça foi nos bancos de fazendas para ordenhar vacas.

“Minha paixão por banquinhos começou em meados dos anos 1980, quando me tornei uma jornalista especializada em design. Essa tipologia de móveis está profundamente enraizada na cultura brasileira. Ele está presente entre os povos originários, em cada etnia com sua linguagem própria; e disseminado em mil feições, materiais e acabamentos pelos interiores do país, do Oiapoque ao Chuí”.; explica Adélia Borges.

Bicicletas, Escudos e Buzinas - Coleção Marcos Perassollo

Foto - Domingos Netto

Com um acervo de 221 itens, a exposição terá uma ala dedicada a bicicletas e itens relacionados, como escudos de fabricantes e os mais variados tipos de buzinas para bikes. Destaca-se uma réplica de bicicleta modelo Stella Bianca, do ano de 1937, com medidas de 190 x 105 cm, construída pelo próprio colecionador, Marcos Perassollo.

“Após um acidente, o ciclismo se tornou parte da minha recuperação. Fascinado pela qualidade e história das bicicletas, comecei a comprar e restaurar outras, de maneira espontânea. Sem perceber, me tornei um colecionador, acumulando 30 anos de história. A Stella Bianca, inspirada na Litorina da Fratelli Vianzone, é fruto do isolamento da pandemia. Uma bicicleta esporte típica italiana dos anos 1930, com tubos do quadro, garfo, guidom e aros em madeira, que representa a minha visão de como seria a bicicleta dos meus sonhos", comenta o colecionador.

Bonecos Star Wars - Coleção Rodrigo Moreno

Foto - Domingos Netto

Na exposição, são apresentadas 30 peças, representando o fruto de uma antiga curiosidade sobre a fabricação de brinquedos que se transformou em dedicação à coleção. Ao tornar-se consultor da linha Star Wars da Iron Studios, Rodrigo Moreno contribuiu para projetos notáveis, como a estátua Darth Vader - 1/4 Legacy, que tem seu protótipo em miniatura apontado como um dos destaques do seu acervo exibido na mostra. Esta obra foi premiada internacionalmente como Estátua do Ano em 2017.

Foto - Domingos Netto

“A paixão por colecionar floresceu na infância, quando brinquedos eram mais que diversão, eram "aventuras" a serem colecionadas. Hoje, esses mesmos brinquedos, cuidadosamente preservados, integram minha coleção”, relata o colecionador.

Canetas Tinteiro - Coleção Carlos Faggin

Foto - Domingos Netto

Esta coleção é a reunião de objetos que deu origem a ideia da exposição. Pertencente ao curador Carlos Faggin, estão exibidas um total de 140 peças de canetas tinteiro, algumas com medidas de até 15cm. Se hoje esse modelo não pode ser considerado o mais utilizado ou popular, ainda há países como Japão e Alemanha que buscam alfabetizar as crianças com as canetas tinteiros. Faggin explica que começou a colecionar este item ainda na faculdade: "sempre gostei de canetas tinteiro e fui alfabetizado com uma Parker 21. A coleção propriamente dita se iniciou durante o começo dos anos 1970, portanto são mais de 50 anos!”.

Carimbos - Coleção Carlos Matuck

Foto - Domingos Netto

Os carimbos são itens popularmente conhecidos também por serem objetos de coleção e certamente ganhariam espaço nessa exposição. São 60 modelos pertencentes ao acervo do artista plástico e colecionador Carlos Matuck.

“Não consigo lembrar uma razão específica para o impulso de colecionar carimbos de borracha. A verdade é que sempre fui fascinado pelas imagens gravadas, infinitamente reproduzíveis. Ao me tornar artista visual, descobri o potencial dos carimbos na criação de obras, inspirado por Saul Steinberg. Iniciei essa coleção ainda na década de 1970”, comenta Carlos Matuck.

Bandejas em faiança - Coleção Sandra Gorski

Foto - Everson Verdião

Complementando a ala das coleções de bandejas, 22 peças dos mais variados tamanhos e estilos, feitas em faiança, podem ser conferidas pelos visitantes. Os modelos raros são pertencentes a colecionadora Sandra Gorski, que comenta: "aos domingos, indo à feira do MASP, ganhei de meu marido uma bandeja desenhada em cerâmica, com bordas de estanho. A partir daí, minha família sempre procurou me presentear com alguma dessas peças. Tomei interesse e passei a procurar as exclusivas, e agora, com a exposição, voltei no tempo e percebi o quanto elas são importantes para mim. Foi assim que tudo começou; hoje, a minha coleção possui aproximadamente 130 bandejas”.

Cartões Postais - Coleção Mário Figueroa

Foto - Domingos Netto

Também tradicionais objetos de coleção, os cartões postais do acervo do arquiteto Mário Figueroa são exibidos aos visitantes da mostra. São 120 modelos que retratam décadas passadas de capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além de outros exemplares que abordam a construção de Brasília.

Foto - Domingos Netto

Entre os destaques está um postal de 1911, que realça uma paisagem emblemática do centro da capital paulista, conforme explica o colecionador: "olhar para um cartão postal como este é viajar no tempo. Mais que memória, é testemunho vivo de uma cidade efervescente que se transformava em metrópole. Em primeiro plano, o Viaduto do Chá, o primeiro da cidade, inaugurado em 1892. Ao fundo, o Theatro Municipal, de Ramos de Azevedo, do mesmo ano do envio do postal”.

Colheres - Coleção Ricardo Marques

Foto - Everson Verdião

Há oito décadas na família de Ricardo Marques, a coleção de mais de 90 colheres apresentada na mostra guarda segredos e histórias. Sua origem remonta ao início do século XX, quando o marquês Francesco de Canella, um expert e colecionador italiano, mudou-se para o Brasil, trazendo consigo o núcleo da coleção, composta por peças raras e de notável virtuosismo artesanal, desde as primeiras versões rudimentares até as obras de arte em miniatura.

“Por meio da variedade de formas e origens, podemos viajar no tempo e explorar culturas e costumes. A coleção vai além de um mero conjunto de objetos, representa a paixão e a herança cultural da família. Cada colherinha conta uma história, um capítulo de um passado rico em detalhes e encantamento”, comenta o colecionador.

Ex-votos - Coleção Gilberto Sá

Foto - Everson Verdião

O ex-voto, tipo de expressão artística de caráter religioso, é mais um item colecionado exibido aos visitantes da mostra. Pertencentes a coleção de Gilberto Sá, os ex-votos esculpidos em madeira do sertão nordestino representam a fé, a arte e a tradição de um povo. São 43 peças que registram a religiosidade popular e a criatividade artesanal da região.

“No início do século XX, ex-votos de madeira surgiram no sertão nordestino como expressão de fé e agradecimento por graças alcançadas. Esculpidos pelos próprios penitentes em madeiras locais, representavam partes do corpo humano a serem curadas por intervenção divina”, explica o colecionador Gilberto Sá.

Maquetes de Arquitetura - Coleção Marcio Mazza

Foto - Domingos Netto

Mais de 110 miniaturas arquitetônicas são exibidas, divididas em dois conjuntos. Entre os destaques estão uma maquete do prédio do Farol Santander São Paulo e outra do Centre Pompidou (França), ambas com 18 x 12 cm.

Foto - Domingos Netto

O arquiteto, Marcio Mazza ressalta: "minha coleção de maquetes começou em 1980, em Paris, com a compra impulsiva de uma miniatura do Centro Georges Pompidou. Desde então, acumulei mais de 120 peças, que para mim transcendem souvenirs de viagens, tornando-se testemunhas da importância da arquitetura em nossa cultura”.

Máquinas de Escrever - Coleção Sergio Type


As máquinas de escrever são objetos raros hoje em dia, muitas vezes desconhecidos das mais novas gerações, mas que certamente provocam nostalgia e memorias afetivas de quem as utilizou como uma grande invenção desde o final do Séc. XIX. O redator e colecionador Sergio Type apresenta nessa exposição um acervo com 14 peças de sua coleção, iniciada no ano de 2015, com ênfase para modelos Hermes 3000 (1960) e Olivetti Lettera 35 (1960).

Olivetti Lettera 35 (1960). Foto - Domingos Netto

“De uma forma orgânica, as máquinas de escrever mexeram com a minha memória afetiva. Não por nostalgia ou saudosismo, mas pela sensação de interagir com coisas reais, repletas de sensibilidade, emoção e histórias, muitas histórias”, afirma Sergio Type.

Óculos - Coleção Museu dos Óculos Gioconda Giannini (SP)

Foto - Domingos Netto

A exposição exibe uma coleção com mais de 80 óculos, de variados estilos e épocas, de grau e de sol. Em evidência está um modelo chinês original do Séc. XVII, feito em cobre, com medidas de 15 x 6 cm. Além dele, o acervo do Museu cedeu à mostra peças originais utilizadas por personalidades brasileiras como Rita Lee, Elis Regina e Jô Soares.

Foto - Domingos Netto

Fundado em 1996 por Miguel Giannini, o Museu dos Óculos Gioconda Giannini abriga um acervo de mais de 900 peças, desde os primórdios até a atualidade. A coleção é uma homenagem à paixão de Miguel Giannini pelos óculos. Por ela, podemos conhecer essa história, apreciar a beleza das peças e entender como esse objeto se tornou parte essencial da vida de milhões de pessoas.

Xícaras Bigodeiras - Coleção Instituto Ricardo Brennand (PE)

Foto - Domingos Netto

Ao todo, 50 peças de xícaras bigodeiras feitas em porcelana policromada, pertencentes ao acervo do Instituto Ricardo Brennand, são exibidas ao público na exposição Colecionismo. Peças raras e que nunca foram exibidas em São Paulo, as xícaras de bigode começaram a se destacar na Era Vitoriana (1837 a 1901). Naquela época, ostentar os bigodes era símbolo de status e elegância entre os homens e, para proteger a cera e os penteados do vapor do chá, o engenheiro inglês Harvey Adams adaptou as xícaras com uma saliência em forma de meia-lua, que permitia a degustação sem molhar os pelos faciais.

Esse acervo foi reunido e cuidadosamente colecionado pela professora e desembargadora pernambucana Margarida Cantarelli, até ser adquirido por Ricardo Brennand. No Museu, em Pernambuco, são mais 1,2 mil peças que revelam a diversidade de designs e funcionalidade das xícaras.

Serviço
Exposição Colecionismo: o belo, o raro, o único
Período - até 14 de julho
Visitação -  terça-feira a domingo, das 09h às 20h
Local - Farol Santander SP
Endereço - Rua João Brícola, 24 - Centro - São Paulo (estação São Bento - linha Azul do Metrô)
Ingressos - R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
Vendas de ingressos na bilheteria local e online aqui
Classificação - livre
Informações 11 3553-5627 e no site do Farol Santander aqui

Postar um comentário

0 Comentários