Mostra de Cinema de Tiradentes divulga os longas que integram a seleção da Olhos Livres

Cena do longa Foram os Sussurros que Me Mataram, de Arhur Tuoto

Evento acontece de 19 a 27 de janeiro de 2024 na cidade histórica mineira, com programação gratuita

A 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a ser realizada entre 19 e 27 de janeiro de 2024, anuncia a seleção da Mostra Olhos Livres, espaço de abordagens estéticas arrojadas para possibilidades lúdicas e criativas da linguagem desenvolvidas por realizadores já com alguma circulação por festivais. São seis longas-metragens e, numa situação poucas vezes repetida na mostra, todos são inéditos no país. A escolha foi feita pela curadoria coordenada por Francis Vogner dos Reis e composta por Tatiana Carvalho Costa e Juliano Gomes e assistência de Rubens Anzolin.

Os filmes na Mostra Olhos Livres 2024, avaliados pelo Júri Jovem e concorrendo ao Troféu Carlos Reichenbach, são:.
  • Terror Mandelão (SP), de Felipe Larozza e GG Albuquerque
  • A Câmara (DF), de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão
  • Foram os Sussurros que me Mataram (PR), de Arhur Tuoto
  • SOAP (RJ/SP), de Tamar Guimarães
  • Aquele que Viu o Abismo (SP), de Gregorio Gananian
  • Negro Léo e Seu Cavalcanti (PE), de Leonardo Lacca

Para Juliano Gomes, que estreia em 2024 na equipe de curadoria da Mostra, a escolha dos títulos a comporem a Olhos Livres seguiu alguns critérios adotados pelo grupo e sempre teve por horizonte a heterogeneização dos filmes a serem exibidos. Ou seja, fazendo jus ao conceito da seção - uma homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012), que por sua vez adotava a ideia dos “olhos livres” a partir de escritos de Oswald de Andrade (1890-1954) -, a ideia é que o público tome contato com filmes de estilos muito distintos que forme “um conjunto de possibilidades de invenção que não se dão por repetição de procedimentos, e sim pela percepção de que não existe uma fórmula única de expressão do mundo”, conforme o curador.

“O contexto que se desenha hoje no Brasil de retomada do audiovisual produzido no país parece se demonstrar talvez refratário ao cinema independente que Tiradentes ajudou a cunhar e projetar intensamente nos últimos anos. Então a Mostra precisa, assim, afirmar e reafirmar sua história e seus marcos. Os filmes que estão na Olhos Livres de 2024 fazem parte de uma fornada de títulos inéditos que representa um índice muito pulsante e de técnicas, abordagens e tons variados e estimulantes. É uma parte muito viva da programação”, reflete Juliano Gomes.

Sobre os filmes

Cena de SOAP, de Tamar Guimarães

Aquele que Viu o Abismo tem direção de dois artistas que já passaram pela Olhos Livres: Gregorio Gananian vencedores da mostra em 2017 com Inaudito, enquanto Negro Léo foi personagem-título de É Rocha e Rio, Negro Léo (Paula Gaitán, 2020). Unidos, eles desenvolvem o retrato de um sujeito paranoico diante de uma situação descrita como “escassez da civilização ingênua”.

Foram os Sussurros que me Mataram é uma fábula política contemporânea protagonizada por Mel Lisboa no papel de Ingrid Savoy, celebridade prestes a entrar num reality show que passa dias confinada em um quarto de hotel. Entre visões premonitórias, um ataque de paparazzi e atentados anarquistas, ela vive a constante iminência de um escândalo. O diretor Arthur Tuoto já esteve em Tiradentes, onde participou da Mostra Aurora em 2014 com Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças.

Seu Cavalcanti é um docuficção de cunho familiar dirigido por Leonardo Lacca, que filma o próprio avô de mais de 90 anos que, depois de sofrer uma grande contrariedade, tenta reconquistar a própria independência e prestígio, num instigante jogo de indeterminação entre performance pessoal e performance artística. O filme tem produção de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux (Bacurau, Retratos Fantasmas) e conta no elenco com a atriz Maeve Jinkings (O Som ao Redor).

Terror Mandelão aborda o som, a tecnologia e o mercado de trabalho dos bailes funk de quebradas de São Paulo. O foco é no DJ K, um dos principais artistas do Baile do Helipa, maior comunidade da capital paulista, e seu amigo MC Zero K. O filme combina documentário, elementos ficcionais e experimentação visual e trata, com profundidade criativa, as desventuras desses jovens na luta para viver de música. O diretor GG Albuquerque, que assina com Felipe Larozza, integrou o Júri da Crítica na Mostra Aurora na edição de 2023.

A Câmara é um documentário de urgência, feito no calor político de hoje, e acompanha deputadas trabalhando no Parlamento em Brasília. Temas como direitos reprodutivos, educação, estado laico, racismo e polarização surgem nos embates e performances captados de forma límpida, transparente e rigorosa pela dupla Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão.

SOAP é um projeto experimental nascido como uma série em seis partes, que foram expostas em galerias de exposição e agora são reunidas num longa-metragem, criando uma outra possibilidade de apreensão. O experimento, desenvolvido pela artista plástico Tamar Guimarães, consiste na manipulação da linguagem de cinema e de telenovelas para acompanhar a tentativa de infiltração de intelectuais e agentes culturais de esquerda nas redes sociais de defensores da direita. O intuito é construir uma novela com mensagens subversivas sob a forma conservadora de um produto cultural religioso.

Sobre o júri

Em 2024, o Júri Jovem convidado a avaliar os filmes da Mostra Olhos Livres é formado por:

  • Bárbara Mello, 24 anos, aluna de Cinema e Audiovisual no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
  • Emmanuel Corrêa, 25, aluno do 6º período de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
  • Helena Elias, 23, aluna do 8º período de Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Marina Bonifácio, 23, aluna do 4º período de Arte Dramática na Escola Técnica de Artes da Universidade Federal do Alagoas (UFAL)
  • Wandryu Figueiredo, 24, aluno do 7º período de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Sobre a Mostra de Cinema de Tiradentes

Cena do documentário A Câmara, de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão

Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país chega a sua 27ª edição. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais - uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

O evento exibe mais de 100 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita.

Ficha técnica
27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Curadoria - Tatiana Carvalho Costa e Juliano Gomes
Coordenação - Francis Vogner dos Reis
Assistência - Rubens Anzolin
Idealização e Realização - Universo Produção
Patrocínio - CBMM, Itaú, Cimento Nacional, Aymoré, Copasa | Governo de Minas Gerais
Parceria Cultural e Educacional - SENAC e Sesc em Minas, Instituto Universo Cultural e Casa da Mostra
Apoio - Prefeitura de Tiradentes
Lei Federal de Incentivo à Cultura, Lei Estadual de Incentivo à Cultura
Secretaria de Estado de Cultura e Turismo | Governo de Minas Gerais
Ministério da Cultura - Governo Federal | União e Reconstrução

Serviço
27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Período - de 19 a 27 de janeiro de 2024
Programação Gratuita
Para mais informações clique aqui

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