Foto - João-Caldas |
Para revisitar Cinderela sem cair na mesmice e ao mesmo tempo manter a história desse clássico conto de fadas, o diretor Isser Korik optou por preservar o conteúdo e trabalhar com o formato e a linguagem. Em cena, dois atores interpretam onze personagens. Ian Soffredini e Michelle Zampieri, em ritmo dinâmico, entram e saem do palco, como uma bela e delicada moça, como um rei bonachão, como frágeis ratinhos, como megeras, como príncipe, como fada, e assim por diante. A agilidade da dupla provoca surpresa e encanta o público.
Para compor seus personagens, os atores se valem de mudanças de voz e uma refinada linguagem corporal, resultado de um profundo estudo e preparo técnico. “A ênfase na composição dos atores para cada personagem e sua preparação técnica é a chave do espetáculo. Ter apenas dois atores em cena é dinâmico. Isso desperta a curiosidade das crianças”, acredita Isser.
As mudanças rápidas de papéis e a habilidade dos atores na composição dos personagens surpreendem o público jovem e adulto. As crianças acompanham as transformações dos atores e são justamente fisgadas e encantadas por elas. A partir da segunda cena, no entanto, ninguém mais lembra que o elenco é formado por apenas duas pessoas, ao assistirem Michele e Ian se multiplicando no palco.
O ágil vaivém de muitos personagens exige dos atores um vasto repertório de vozes, linguagens corporais, jeitos e trejeitos que dão a graça e o diferencial de cada figura em cena. A precisão na troca dos figurinos é fundamental para imprimir com qualidade a velocidade exigida pelo encenador na montagem.
Michele Zampieri explica que: "é preciso habilidade e cuidado na hora de encarnar e desencarnar papéis para não confundir o espectador”. Ian acrescenta que: "essa mudança significa uma troca energética, e não apenas uma mudança no figurino”.
Para compor os vários tipos interpretados, Ian Soffredini buscou referências pessoais, se apropriando de características de amigos e familiares. “Sotaques locais também inspiraram na criação dos variados papeis, como a modo de falar típico do paulistano morador de Higienópolis e Bom Retiro. O desafio de interpretar vários personagens é que cada um tem seu ritmo, sua forma própria de pensar e reagir. Trazer essas nuances de cada é o nosso desafio”, diz Ian.
Foto - João-Caldas |
Michele conta que brincou com referências colhidas em sua atuação como dubladora, para compor suas personagens. “O desafio maior foi ampliar tudo isso e vestir no personagem com a agilidade para rápidas mudanças de voz e físico de cada tipo, assim como mantê-los únicos e fiéis até a próxima troca”.
Vale destacar o toque moderno na encenação. Um exemplo é a mimada Anastácia, irmã postiça de Cinderela, que tem um jeito enjoado de se expressar, usando termos típicos de adolescentes, de forma caricatural. Tais aspectos fazem desse Cinderela um espetáculo único, sutil, dinâmico e muito bem-humorado.
Ficha técnica
Cinderela
Direção e Iluminação - Isser Korik
Elenco - Ian Soffredini e Michelle Zampieri
Figurinos e Adereços - Inês Sacay
Produção - Will Siqueira
Preparação Corporal - Vanessa Guillén
Preparação Vocal - Madalena Bernardes
Trilha Sonora - Wagner Bernardes
Assistência de Direção - Eduardo Leão
Cenário - Sidnei Caria
Patrocínio - Hospital 9 de julho e Salomão e Zoppi
Serviço
Cinderela
Temporada - até 25 de maio
Horário - sábados, às 12h e 15h
Duração - 60 minutos
Local - Oficina Cultural Oswald de Andrade
Endereço - Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro - São Paulo (estação Tiradentes do Metrô)
Capacidade - 50 lugares
Ingressos Gratuitos (retirada 1h antes da apresentação)
Classificação - a partir de 3 anos
Informações (11) 3221-5558
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