Foto - Mariana Chama |
Um misterioso veículo subaquático. Uma tripulação cheia de segredos. Um monstro assombrando os oceanos. Três tripulantes que acabaram de chegar. E você, já entrou em um submarino? O palco será o oceano; as cortinas, as paredes do submarino. Poltronas e corredores viram cabines enquanto varas de luz fazem as vezes do equipamento de mergulho. Nessa aventura, atores serão os tripulantes e o público, os passageiros. A ideia de transformar o teatro num autêntico submarino está na concepção de encenação do mais novo espetáculo da Cia Solas de Vento, formada pelos atores Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, e assinada pelo diretor convidado Alvaro Assad.
20.000 Léguas Submarinas está na programação da Temporada Alfa Criança até o dia 04 de dezembro, aos sábados e domingos, e fecha a trilogia sobre a obra de Júlio Verne. A intenção é mexer com a fantasia do público. Inspirados pelas viagens extraordinárias do escritor francês Júlio Verne (1828-1905), um dos pioneiros do gênero ficção científica, a Cia Solas de Vento já apresentou dois espetáculos da trilogia: A Volta ao Mundo em 80 Dias (2011) e Viagem ao Centro da Terra (2015).
Júlio Verne, conhecido como o homem que previa o futuro, foi um dos maiores escritores franceses de todos os tempos e um dos mais influentes da literatura mundial. Além de escritor de romances de aventuras, é considerado um dos pais da ficção científica. Seus escritos anteciparam equipamentos que só surgiram muitos anos depois, como televisão, submarino, nave espacial, fax etc. A Volta ao Mundo em 80 Dias foi escrita em 1872 e narra uma exótica aposta de um estranho personagem e seu criado ao redor do mundo, contra o tempo.
Sobre a montagem
Foto - Mariana Chama |
A partir da análise do romance 20.000 Léguas Submarinas, escrito em 1869, o diretor e os atores desenvolveram um repertório de ações, jogos e esboços de cenas, usando os recursos oferecidos pelo vocabulário físico da pantomima e pelo vídeo com elementos que darão forma aos cenários da aventura. O diretor Alvaro Assad enxerga o teatro como um lugar de transformação.
“Atravessar os corredores e entrar na plateia diante de um palco é fazer acordo com o imaginário. No teatro para todas as idades, esse lugar é desafiador e rico de simbologias e troca. Júlio Verne nos brinda com as mais significativas viagens no imaginário. Em 20.000 Léguas Submarinas vamos às profundezas do oceano em um meio de transporte fantástico. Nada melhor do que transformar o espaço do teatro nesse universo. Transportar os espectadores para os elementos subaquáticos”.
Para o encenador, a livre adaptação para o teatro de uma das obras literárias mais famosas de Júlio Verne foi desafiadora, como toda criação de obra cênica. “Principalmente quando trabalhamos com um dos livros mais potentes de Júlio Verne e criamos uma enorme história sem palavras. Desenvolver roteiro em forma de pantomima, junto com elenco e o roteirista/dramaturgo Bobby Baq, faz com que a equipe esteja uníssona nessa concepção. Roteiristas, elenco (André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues), direção e aporte de luxo da música e direção de arte”.
Com a proposta de criar os efeitos aquáticos descritos no romance, a cenografia é elaborada para receber e jogar com as projeções de vídeo. O principal elemento cenográfico é o corpo de cada ator, com seus comportamentos físicos descrevendo a espacialidade ao seu redor. A direção de arte conta com adereços que estão a serviço da história. As ações executadas pelos atores ao vivo, muitas delas com as técnicas circenses, também são exibidas, oferecendo ao espectador um efeito de zoom ou um ângulo de visão diferente, recurso que dá uma dimensão fantástica às peripécias, criando ilusões e imagens inusitadas.
Alvaro Assad acredita que conceber uma encenação é criar a harmonia do diálogo entre todas as áreas da criação. “A direção de arte de Renato Bolelli e Vivianne Kiritani dialoga com figurinos e adereços nesse espaço de tempo fictício, sem perder o humor, necessário para o jogo de cena do elenco”.
O diretor conta que o visagismo de Cleber de Oliveira traz um visual fantástico de histórias em quadrinho, tornando, por meio da maquiagem, próteses e pêlos, o elenco irreconhecível e surpreendente. A música original de André Vac, de acordo com Assad, pontua o espetáculo como um cinema mudo, com sua marca em perfeita sintonia com a movimentação em cena e o jogo de projetar que é identidade do Solas de Vento.
Compostos a partir da necessidade de desempenho físico dos atores, os figurinos dão a cada personagem características arquetípicas de maneira a enfatizar seus traços psicológicos. A iluminação de Marcel Gilber preenche os episódios da viagem para além das cores e efeitos com lanternas e refletores manipulados pelos próprios atores. A música mescla temas incidentais e a edição da trilha sonora é realizada a partir das partituras de ações dos atores.
Sobre a história
No livro, Verne criou o submarino Náutilus completamente autônomo do meio terrestre, movido somente pela eletricidade. O engenheiro e dono de tal feito é o Capitão Nemo, que, com sua tripulação, cortou qualquer relação com as nações e com a humanidade. Vivem somente do que o mar lhes dá - a comida e a matéria-prima que necessitam para a produção de eletricidade, tudo vem do mar. Mas a humanidade não conhece a existência da obra-prima de engenharia que o capitão Nemo criou em segredo, e, quando este, com ou sem intenção, começou a provocar desastres em navios e embarcações, o mundo começou a temê- lo, julgando-o um monstro marinho.
“Para ressaltar as ideias do autor, tomamos a liberdade de não seguir ao pé da letra a sua narrativa, mas de concentrar na essência da história, ou seja, nas transformações que ocorrem nos personagens, traduzidas e atualizadas para o público de hoje”, informam os atores.
“Um aspecto importante do romance é o constante jogo entre espaços fechados e abertos. Os protagonistas se deparam, ora protegidos por estreitas salas e corredores do submarino Nautilus, ora se aventurando na imensidão do mundo oceânico, frente a uma fauna desconhecida e ameaçadora. O conjunto dos recursos que serão desenvolvidos durante o processo de criação visam recriar cenicamente esses efeitos”, explica o ator Ricardo Rodrigues.
Confira no vídeo abaixo trecho do espetáculo:
Ficha técnica
20.000 Léguas Submarinas
Adaptação livre do romance de Julio Verne
Idealização - Cia Solas de Vento
Direção - Alvaro Assad
Elenco - André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues
Participações - Bobby Baq e Marcel Gilber
Dramaturgia - Bobby Baq e Alvaro Assad em colaboração com elenco
Música Original - André Vac
Direção de Arte e Figurinos - Renato Bolelli e Vivianne Kiritani
Visagismo - Cleber de Oliveira
Cenografia - Cia. Solas de Vento e Alvaro Assad
Cenotecnia - Cesar e Jeremias
Adereços - Chico Matheus e elenco
Costureira - Judite Lima.
Desenho de Luz - Marcel Gilber
Design de Vídeo - Rodrigo Gontijo
Operações Técnicas - Luana Alves
Arte Gráfica - Sato do Brasil
Fotos - Mariana Chama
Vídeos - Cassandra Mello
Produção - Natalia Salles
Gestão - Doble Cultura e Social
Realização - CCBB SP e Cia Solas de Vento
Serviço
20.000 Léguas Submarinas
Temporada - até 04 de dezembro - sábados e domingos
Horário - 16h
Duração - 65 minutos
Local - Teatro Alfa
Endereço - Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 - Santo Amaro - São Paulo
Ingressos - R$ 40,00 ( inteira) e R$ 20,00 (meia)
Bilheteria Teatro Alfa (sem taxa de conveniência) - segunda a sexta-feira das 11h às 16h
Venda de ingressos online aqui
Classificação - recomendado para crianças a partir de 06 anos
Mais informações 11 5693-4000 e pelo site aqui
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