Remissão e outras agruras do Sertão


Na obra Curva de Rio, Roosevelt Colini narra a trajetória de uma família de retirantes nordestinos pelos olhos de uma garota que vive o drama da ausência paterna

As cartas do pai não chegam mais. O aguardo pelo seu retorno, no fim da tarde, começa a desesperançar mãe e filha que decidem partir à procura dele, porém sem nenhuma pista do seu paradeiro. É assim, com muito suspense, que Curva do Rio, de R. Colini, se inicia e convida os leitores a viajarem no tempo e conhecerem um Brasil, das décadas de 1970, 1980 e 1990, com repressões, desigualdades sociais e revoluções.

"O livro é abrangente a respeito do cenário histórico e cultural dessas décadas, em meio aos impasses da personagem que tem de se haver com a perda paterna e procura se emancipar dos destinos pré-estabelecidos por conta de sua condição econômica e social", destaca o autor.

Em um cenário novo, a menina nordestina e de baixa renda enfrentará os desafios da migração, o começo tardio na escola e sua jornada à ascensão social por meio da educação, que a levará a seguir uma carreira acadêmica. Em meio a estas transformações, a personagem crescerá, viverá amores, a liberdade sexual, as repercussões da AIDS no Brasil, a inflação galopante e a política estudantil.

Em todas as fases, porém, ela nunca esqueceu ou deixou de procurar o pai. Ele, cada vez mais perto e mais longe, ao mesmo tempo, como o vai vem das águas de um rio que, aliás, era o local onde a menina aguardava as cartas ou o retorno dele, no Sertão.

"Nas curvas do rio, eu ficava horas olhando na direção que papai tomara. Minha mãe pedia ajuda para as tarefas da roça e eu recusava. Queria estar alerta para quando papai retornasse, bem de longe; procurava no sentido inverso um pontinho que fosse crescendo até virar ele de novo", Curva do Rio, pág. 12.

A obra marca da estreia de R. Colini na literatura de ficção e mostra como, ao longo das décadas, três gerações de brasileiras precisarão conquistar espaço em um mundo feito para oprimi-las. No entanto, a menina, que agora é uma mulher, deverá entender que as diferenças entre sua mãe e filha podem ser a chave para superar os impasses da alma.

Sobre o autor

Foto - Divulgação

Roosevelt Colini é um escritor que andou fazendo outras coisas por 30 anos e que faz agora meio século de idade. Quando o vagalhão de 1968 acabava de deixar suas últimas espumas na praia e recuava com força ao mar, arrastando aquela geração de volta para as utopias irrealizadas e deixando o cheiro de maresia e AIDS na década de 1980, Roosevelt participou da última leva do movimento estudantil não-profissionalizado. Depois, foi jornalista por dois anos na Folha de S.Paulo e então decidiu batalhar grana virando empresário. Estudou Filosofia e Ciências Sociais na USP, mas não concluiu nenhum dos cursos. Escalou dois dos sete cumes mais altos dos continentes: Elbrus e Kilimanjaro. Montou uma operadora de telecomunicações, mas há três anos, delegou a gestão da empresa. Escreveu três romances e dezenas de contos. Daqui para frente, sua vida será focada na escrita.

Ficha técnica
Curva do Rio
Autor - Roosevelt Colini
Editora - Labrador
Páginas - 224
Preço - R$ 33,52 (e-book) e R$ 45,52 (impresso)
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