Sesc Bom Retiro apresenta espetáculo com as Filhas da Dita na mostra Cidade para Pessoas

Elenco de Canto das Ditas. Foto - Daisy Serena

Antes da sessão do dia 01 de abril tem exibição do documentário As Mulheres e o Moinho, da série Protagonismo e Articulação do Território, da primeira edição do projeto Isto Não É um Mapa, Produzido por Caio Castor, com Alessandra Moja, Fabiana da Silva e Edwiges Pinheiro

O Núcleo Teatral Filhas da Dita apresenta o espetáculo Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes no Sesc Bom Retiro, nos dias 01 e 02 de abril, sexta e sábado, às 20 horas. Com direção e dramaturgia de Antonia Mattos, a montagem entrelaça a força ancestral de orixás femininas com a construção do bairro Cidade Tiradentes por mulheres negras.

As sessões integram a mostra Cidade para Pessoas que faz parte do projeto Isto Não é um Mapa, realizado pelo Sesc Bom Retiro, desde 2020, e traz dessa vez uma série de cartografias afetivas, poéticas, sociais e micropolíticas em múltiplas linguagens, que exploram e refletem sobre os diferentes desdobramentos temáticos relacionados à discussão sobre cidade.

Com um olhar atento para a diversidade de raça, de gênero, e também territorial, o projeto busca conectar o público com diferentes espaços da cidade, seja na integração mais direta entre centro e periferias, ou na concepção mais ampla e abstrata, ao propor uma troca múltipla entre as pessoas e suas subjetividades e como elas também não apenas se relacionam, mas constituem esses espaços.

Sobre o espetáculo

Em cena Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches e Thábata Letícia. Foto - Areta Padma

Para refletir sobre como a África se manifesta no dia a dia das moradoras de Cidade Tiradentes, o Núcleo Teatral Filhas da Dita encarou o desafio de ‘afrografar’ o bairro - referência ao termo ‘afrografias’ da poetisa e ensaísta Dra. Leda Maria Martins, que coloca em evidência e consciência a nossa herança africana. O trabalho do Núcleo Filhas da Dita mapeou esse legado ancestral por vários ângulos: ao próprio redor, junto a parentes, pessoas próximas e até mulheres desconhecidas que caminham pelo bairro.

A partir da investigação proposta, Canto das Ditas coloca em cena histórias de mulheres pretas de Cidade Tiradentes que se entrecruzam com histórias de Yabás (orixás femininas). A montagem busca o reflexo das histórias do cotidiano em um espelho ‘mítico’ das personagens sagradas. A diretora Antonia Mattos explica que os depoimentos colhidos pelo grupo aparecem no texto e na dramaturgia de forma não linear e fragmentada.

“A narrativa é espiralada, pois procura se relacionar com um tempo mítico, da memória e da ancestralidade. As personagens reais correspondem, de forma arquetípica, às personagens míticas. Recorremos ao ‘espírito ancestral feminino’, às ‘grandes mães da humanidade’, às Yabás para contar e cantar as histórias dessas mulheres, as Ditas, que fundaram Cidade Tiradentes”, explica a diretora.

As atrizes que interpretam as quatro mulheres - Bendita/Nanã, Marta/Iemanjá Maria/Iansã, e Joana Nega Su/Obá - são Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches e Thábata Letícia, respectivamente. Segundo Antonia, “a poética cênica é atravessada por elementos e saberes ancestrais, dentro de um tempo/espaço espiralado que aponta para as reminiscências de um passado sagrado, buscando fortalecer o presente e deslumbrar o futuro”. A origem da humanidade na África e a fundação de Cidade Tiradentes são contadas simultaneamente: o passado sagrado se revela no presente e no passado recente.

A origem do bairro passa pela força dessas mulheres negras que ali chegaram, se instalaram e fizeram a história local. E são delas as histórias contadas na encenação Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, onde a música tem papel fundamental, trazendo a voz e o canto dessas mulheres em um cenário lúdico que se estabelece entre o ritual e o urbano contemporâneo.

“Tempos e lugares diferentes mostram que, apesar de toda a repressão sofrida, as mulheres sempre se reuniram em grupos para buscar alternativas, para desafiar o sistema patriarcal e mudar sua condição, seja na sociedade secreta africana de Eleko, seja na Casa Anastácia (Centro de Defesa e Convivência da Mulher) em Cidade Tiradentes”, reflete Antonia Mattos.

Em cena Thábata Letícia, Luara Sanches e Ellen Rio Branco. Foto - Daisy Serena

Ficha técnica
Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes
Direção e Dramaturgia - Antonia Mattos
Elenco - Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches, Thábata Letícia e Cláudio Pavão
Direção Musical - Jonathan Silva
Concepção de Luz - Antonia Mattos e Fernando Alves
Cenário e Figurino - Eliseu Weide
Contrarregra - Gley Santos
Assessoria de Imprensa - Verbena Comunicação
Produção - Dandara Kuntê
Idealização - Núcleo Teatral Filhas da Dita
Realização - Sesc.

Serviço
Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes
Com Núcleo Teatral Filhas da Dita
Datas - 01 e 02 de abril - sexta e sábado
Horário - 20h
Duração - 70 minutos
Local - Sesc Bom Retiro - Teatro
Endereço - Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos - São Paulo
Capacidade - 291 lugares
Transporte - van gratuita entre a Estação Luz (saída CPTM/José Paulino) e o Sesc Bom Retiro. Ida às sextas e sábados, a partir das 17h30, domingos e feriados, a partir das 16h. Volta às sextas e sábados, até 23h45, domingos e feriados, até 21h
Ingressos - R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia e comerciário)
Estacionamento - R$ 7,50 (Credencial Plena) e 15,00 (outros)
Apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19 e documento com foto
Classificação - 14 anos
Mais informações 11 3332-3600 e pelo site aqui

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