Documentário Visões do Império chega às telonas de São Paulo e Rio de janeiro


Longa dirigido pela cineasta portuguesa Joana Pontes estreou em SP e Rio de Janeiro no último dia 10.
A previsão é que o filme chegue em outras praças dia 17 de março
, com distribuição da Bretz Filmes

Visões do Império é uma viagem coletiva ao passado colonial por intermédio de uma seleção de fotografias do império português, captadas desde os finais do século XIX até à Revolução de abril de 1974, que pôs fim tanto ao regime político que governava Portugal, como ao estatuto colonial de vários territórios africanos que só em 1975, depois de uma longa guerra, se tornaram países independentes.

As reflexões suscitadas pela revisitação de fotografias da infância da realizadora em Angola são o fio condutor de uma procura de contextos e sentidos sobre a documentação fotográfica do império colonial português, existente em Portugal.

Essas perguntas levaram a realizadora, Joana Pontes, ao encontro de dois investigadores, Filipa Lowndes Vicente e Miguel Bandeira Jerónimo. Com Filipa, descobrimos os locais onde hoje se compram e vendem fotografias e postais realizados em contextos coloniais e os arquivos onde se guardam as milhares e milhares de imagens relacionadas com o passado imperial português, refletindo sobre os problemas historiográficos e éticos associados aos seus usos.


Pelas mãos de Miguel, percebemos as diferentes apropriações da fotografia como instrumento político, propagandístico, documental e probatório, por exemplo ao serviço de uma suposta “missão civilizadora” colonial ou, pelo contrário, da denúncia das iniquidades recorrentes da dominação colonial. A busca pessoal da realizadora revela a relação diversa que diferentes pessoas - de colecionadores e comerciantes a arquivistas e acadêmicos - tem hoje com o tão vasto e heterogêneo arquivo fotográfico centrado no antigo império colonial português, nos seus territórios, recursos e populações.

Revela ainda como a coincidência temporal entre o colonialismo moderno e a crescente democratização da câmera fotográfica tornou a prática fotográfica num elemento central na imaginação e construção do projeto imperial. A fotografia é, assim, um objeto indispensável para repensar criticamente a história do colonialismo, incluindo o português.

"Abrimos um álbum de fotografias antigas e vemos os nossos avós, pais, irmãos, primos, tios, amigos, mas também os locais, as paisagens e os objetos que compõem a nossa história pessoal. Sem essa memória fotográfica e sem os pormenores que realçam o trajeto único que faz da nossa, uma vida diferente de outras e, ao mesmo tempo, uma vida semelhante a tantas, a nossa história apresentar-se-ia mais difusa", explica Joana Pontes.


Sobre a diretora

Joana Pontes é formada em Psicologia pela Universidade de Lisboa. Fez estudos em cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e em televisão na Rádio Televisão Portuguesa, tendo concluído formação em TV Production com a BBC, British Broadcasting Corporation. Foi realizadora da SIC, Sociedade Independente de Comunicação, de 1992 a 2002, tendo saído para se dedicar a trabalho acadêmico.

Em 2002/2003 concluiu o Programa Avançado em Jornalismo Político no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa. De 2004 a 2008 foi assessora da Direção de Programas da RTP para a área do documentário. Doutorou-se em História Contemporânea em março de 2018, tendo sido bolseira da Fundação da Ciência e Tecnologia. A dissertação, Sinais de Vida, Cartas da Guerra 1961-1974, foi publicada em 2019 pela editora Tinta da China tendo obtido o prémio Fundação Calouste Gulbenkian para a História Moderna e Contemporânea, da Academia Portuguesa da História. Dedica-se à escrita e realização de documentários.

Em 2011, recebeu o prêmio da Sociedade Portuguesa de Autores pela realização e co- autoria de argumento do filme As Horas do Douro. Em 2018 recebeu o prêmio Fernando de Sousa pela realização e co-autoria da série Europa 30, exibida na RTP2. Em 2007 recebeu o Grande Prêmio da Lusofonia pelo documentário O Escritor Prodigioso, filme sobre a vida de Jorge de Sena, de que é autora e realizadora. Tem editados em DVD, Portugal, Um Retrato Social, As Horas do Douro e a série O Valor da Liberdade - diálogos sobre as possibilidades do humano. Entre 2013 e 2015 foi membro do júri do Instituto do Cinema e do Audiovisual. Atualmente lecciona na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa.

Sinopse

Um filme sobre o modo de como o império português e sua história foram imaginados, documentados e publicados a partir da fotografia, desde o final do século 19 até a revolução que, em 1974, pôs fim ao regime político autoritário que governava Portugal.

Assista ao trailer:


Ficha técnica
Visões do Império
Portugal | 2020 | Documentário | 93 min.
Título Original - Visions of Empire
Direção - Joana Pontes
Roteiro - Joana Pontes, Miguel Bandeira Jerónimo e Filipa Lowndes Vicente
Participação (ordem de entrada) - Sandra Paraíso, Eduardo Martinho, Filipa Lowndes Vicente, Catarina Mateus, Miguel Bandeira Jerónimo, Margarida Dias da Silva, Afonso Ramos e Carmen Rosa
Produção - Filipa Reis e Patrícia Faria
Assistentes de Direção - Luís Nunes e Rui Branquinho
Direção de Fotografia - Rui Xavier
Direção de Som - Armanda Carvalho
Montagem - Rui Branquinho e Joana Pontes
Montagem e Mixagem de Som - Gonçalo Ferreira
Música Original - Carolina Néu
Colorista - Paulo Américo
Assistentes de Imagem - Afonso Marmelo e João Nunes
Assistentes de Produção - Carolina Néu, Isa Reis, Pedro Antunes, Raquel Rolim Batista e Filipa Falcão
Maquiagem - Inês Pais
Transcrições - Marta Lourenço
Coordenação de Pós-Produção - Catarina Lino
Estúdios de Pós-Produção - Walla Collective e On Air

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