Obra de Corina Ishikura da série Seres Invisíveis - tinta a óleo sobre tela |
Há um duplo do mundo. Um que todo ser humano carrega dentro de si. Em suas entranhas. Nas órbitas de seus olhos. Em sua mente. Um duplo do mundo: ordenado pelo coração e gravado em nossos cérebros. A mostra Para onde ela estava olhando quando tudo ficou escuro, com curadoria de Paulo Gallina, especula e apresenta estes espaços anômalos que não obedecem às leis imperativas e objetivas da física.
As artistas Corina Ishikura e Jussara Marangoni trazem ao público, no Centro Cultural Correios, um conjunto de obras que, ao se debruçarem em estudos sobre o espaço e as conexões por vezes literais, habilitam a ocupação e o habitar desse país-continente que é o Brasil.
Obra de Jussara Marangonia Flor da Pele - aquarela sobre papel |
Como é típico da inquietação de artistas, a pesquisa de ambas, em determinado ponto, dá um passo para o lado e observa a realidade material do mundo de viés, em busca, talvez, daquilo que a física e a ótica não dão conta de revelar: talvez buscando um ponto de confluência, onde a humanidade se integra e se insere na natureza, ao invés de se contrapor a ela na forma de cultura.
Aqui, neste espaço expositivo tão cheio de afeto, não existe separação entre natureza e cultura, entre humano e inumano, entre selvagem e civilizado, pois aqui só existe aquilo que afeta e aquilo que é afetado, confluindo como um rio. Rio, cujas águas sempre passam para que sempre seja o mesmo; assim como ideias que sempre fluem para que as provocações, sobre o que ao fim nos faz humanos, sempre nos levem mais adiante, para dentro de uma certa ideia de paisagem e natureza, nunca para mais longe.
Corina Ishikura é artista e pesquisadora. Sua produção tenta expressar, por meio da pintura, colagem, desenhos e outros materiais, a natureza como algo muito além do homem e dos elementos do planeta Terra, é sobre o existir por meio da conexão entre todos os corpos e elementos que compõem o universo. Fala de uma existência impregnada de vibrações e mutações que remete a uma grande rede neural biológica, onde todos interagem com seus vizinhos, da mesma forma pelo qual os neurônios o fazem com vários terminais axônios conectados via sinapses a dendritos. Nesse espaço vazio, nesse espaço entre, não há como existir por si só.
Jussara Marangoni nasceu em São Paulo, vive e trabalha em Araçatuba. Graduou-se em Artes na FAAP e concluiu mestrado em design pela UNESP. É professora de artes, tendo colaborado com universidades como Mackenzie, FAAP, Santa Marcelina, Belas Artes, PUCSP e oficinas no Sesc. Suas recentes pesquisas em pinturas com aquarela e desenhos com carvão, remetem à matéria viva, estruturas que parecem raiz, mas também redes neurais como os desenhos de anatomia. Falam de uma vida, de um corpo inumano, muitas vezes materializado em sua versão carbonizada e em processo de apagamento.
Serviço
Exposição - Para onde ela estava olhando quando tudo ficou escuro
Artistas - Corina Ishikura e Jussara Marangoni
Período - de 08 de março a 22 de abril
Horário - de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h
Local - Centro Cultural Correios São Paulo
Endereço - Praça Pedro Lessa, s/n - Vale do Anhangabaú - Centro - São Paulo (Metrô Estação São Bento, saída para o Vale do Anhangabaú)
Entrada gratuita.
Acesso para pessoas com deficiência
Classificação - livre
Mais informações 11 2102-3691 e pelo e-mail aqui
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