Cia A Motosserra Perfumada apresenta mostra de repertório transpondo trabalhos para o formato de teleteatro


Frame de Cão do Senhor. Foto - Renado Gramião

Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou, Res Pvblica 2023 e Red Line (2021), criadas em 2015, 2019 e 2021, respectivamente, são exibidas em formato de teleteatro no YouTube. Além disso, acontece o lançamento do livro de dramaturgia Cão do Senhor (inédita) contendo também a íntegra das três peças exibidas

A companhia de teatro A Motosserra Perfumada apresenta, desde o dia 08 de outubro, uma mostra de repertório que contempla a apresentação de três espetáculos adaptados para o formato de teleteatro: Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou (apresentada entre os dias 08 e 10 de outubro, Res Pvblica 2023 e Red Line.

Além disso, a mostra também contempla o lançamento do livro Cão do Senhor, que traz as dramaturgias completas das três obras e também da peça homônima ao título do livro, cujo espetáculo inédito deve ser apresentado ao público no primeiro semestre de 2022. Todas as peças têm texto e direção de Biagio Pecorelli.

Segundo o dramaturgo, as obras Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou e Res Pvblica 2023 foram readaptadas para o formato do teleteatro tendo como referências pesquisas das novelas executadas ao vivo nos anos 1950 e também de outras experiências derivadas dessa linguagem, como versões gravadas de Antunes Filho para as peças Vestido de Noiva (Nelson Rodrigues) e Yerma (Federico García Lorca). "O Brasil tem uma força muito grande nessa linguagem, então exploramos ao máximo como propor essas adaptações pensando nos limites entre teatro e cinema", diz Pecorelli.

O artista reforça que, para firmar sua ideia, o grupo gravou as peças numa mansão alugada no bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, com exceção de Red Line, que foi gravada e exibida pela primeira vez em maio de 2021. O espetáculo Cão do Senhor, que não será exibido nesta mostra, também foi gravado no mesmo ambiente.

As apresentações em teleteatro foram uma oportunidade para que as peças, já vividas pelo elenco e equipe técnica em outras circunstâncias, ganhassem novos sentidos. "É uma oportunidade de revisitar esses trabalhos encarando um processo de negociação com o corpo e a história dos atores", comenta o dramaturgo. As adaptações contam com planos-sequências longos, além de cortes muito bem fundamentados para que a experiência cênica se aproxime mais do teleteatro.

Pecorelli também destaca que todo trabalho de adaptação foi feito tendo em vista as escolhas criativas de artistas que fazem parte da história da companhia desde sua fundação, como Cesar Pivetti (desenho de luz), Dugg Mont (desenho de som, mixagem e masterização), Dellani Lima (direção de fotografia, edição de imagens e cor) e Jonnata Doll, integrante da banda Jonnata Doll e Os Garotos Solventes, que além de participar do elenco de duas peças, ainda assina trilha sonora original de Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou e Res Pvblica 2023.

Sobre as peças

Res Pvblica 2023

Foto - Dellani Lima

Gravado no sótão da mansão, a peça conta a história de seis personagens que estão entrincheirados neste espaço no final do ano de 2022, quando o Brasil está vivendo um momento de grande prosperidade econômica sob o Governo do Tropical Fascism, que vive amparado pelo movimento Anaconda Brazil um braço civil do Governo que leva semanalmente às ruas grandes massas patrióticas. Billy, John, Suzanne, Vicent, Valentina, Tom e uma cadela vivem amontoados. É noite de Réveillon e eles têm para comer apenas alguns macarrões instantâneos e sardinhas. Os seis personagens se revezam na tarefa de trazer da rua objetos abandonados que remetem à coisa pública. Nestes movimentos, eles estão sempre entre a ideia de combater ou esperar misticamente por dias melhores. Res Pvblica 2023 foi censurado em agosto de 2019 pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Ficha técnica
Res Pvblica 2023
Texto e Direção - Biagio Pecorelli
Elenco - Bruno Caetano, Camila Rios, Edson Van Gogh, Jonnata Doll, Leonarda Glück e Thiago Brianti
Participação Especial - Marina Rios
Direção de Fotografia, Edição de Imagens e Cor - Dellani Lima
Desenho de Luz - Cesar Pivetti
Desenho de Som, Mixagem e Masterização - Dugg Mont
Trilha Original - Jonnata Doll e os Garotos Solventes
Direção de Arte e Figurinos Originais - Coko Capitanio e Rafael Bicudo
Iluminadores Associados - Rodrigo Pivetti e Marina Stoll
Assistente de Iluminação - Carol Soares
Identidade Visual - Bruno Caetano
Imagens de Arquivo - Camila Rios, Dellani Lima e Nossila Rosa
Contra-Regragem - Marcão
Produção de Set - Lud Picosque
Produção - Corpo Rastreado
Agradecimentos - Giovanna Federzoni, Acervo Gulanne Entretenimento, Heitor Dhalia, Mônica Rodrigues, Not Dead e Veronica Valenttino

Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou

Foto - Dellani Lima

Escrita há nove anos, esta é a peça que dá origem ao grupo. Gravada em vários ambientes da casa, incluindo as escadas, ela procura por vezes gerar no público a sensação de um passeio por um labirinto. A obra conta a história de Matheus, um jovem junkie que corre pela cidade batendo de porta em porta para reaver pedaços do seu corpo. Cada um dos órgãos pode ser visto como metáfora de temas afetivos e existenciais da vida do personagem e do público. A encenação toma a correria de Matheus para reaver seus pedaços como trampolim para problematizar em cena a construção do gênero masculino, evidente no objetivo principal do personagem, que é o de reconquistar, com seu pai, seus olhos para conseguir chorar.

Ficha técnica
Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou
Texto e Direção - Biagio Pecorelli
Elenco - Bruno Caetano, Caio D’aguila, Camila Rios, Jonnata Doll e Thiago Brianti
Ator Convidado - Mário Bortolotto
Banda - Jonnata Doll e os Garotos Solventes
Participação Especial - Veronica Valenttino
Direção de Fotografia, Edição de Imagens e Cor - Dellani Lima
Desenho de Luz - Cesar Pivetti
Desenho de Som, Mixagem e Masterização - Dugg Mont
Trilha Original - Edson Van Gogh, Feiticeiro Julião e Jonnata Doll
Direção de Arte - Lia Petrelli
Figurino - Alexandra Thomaz e Mônica Rodrigues
Iluminadores Associados - Rodrigo Pivetti e Marina Stoll
Assistente de Iluminação - Carol Soares
Maquiagem de Efeitos e Órgãos - Dennis Dal Bello
Direção de Movimento - Giovanna Federzoni
Identidade Visual - Bruno Caetano
Produção de Set - Lud Picosque
Produção - Corpo Rastreado
Agradecimentos - Heitor Dhalia e Not Dead

Red Line

Foto - Dellani Lima

A peça narra a história de Rose Casanova, mulher que para em um sinal vermelho que não abre mais. Abordada por um coach, ela entra em uma discussão infindável que mistura passado e presente. Essa peça, apresentada em maio de 2021, foi exibida em formato online e deve chegar aos palcos tão logo for possível a retomada presencial.

Ficha técnica
Red Line
Texto e Direção - Biagio Pecorelli
Elenco - Bruno Caetano e Camila Rios
Atriz Convidada - Guta Ruiz
Direção de Fotografia, Captação de Som, Edição de Imagens e Cor Dellani Lima
Desenho de Som, Mixagem e Masterização - Dugg Mont
Direção de Arte - Coko Capitanio
Iluminação e Elétrica - Marcela Katzin
Assistência de Direção - Mônica Rodrigues
Trilha Original - Edson Van Gogh
Música Final - Edifício Joelma - Jonnata Doll e os Garotos Solventes
Maquiagem - Nana Lucarini
Assistência e Montagem de Iluminação - Maurício Shirakawa e Pâmola Cidrack
Produção de Objetos - Nathália Freitas
Identidade Visual - Bruno Caetano
Produção Executiva - Corpo Rastreado
Agradecimentos - Andrea Simonetti, Autus Comércio de Peças, Camila Gutierrez, Giovanna Federzoni, Giuliano Rossi, Luciano da Silva Teodoro e Paulo Leierer

Cão do Senhor

Foto - Dellani Lima

Ainda sem data definida para a estreia, a obra foi gravada na área externa da mansão. A peça, que transita pelos gêneros do suspense e do terror, parte de uma pesquisa sobre frades dominicanos que foram presos e torturados no período da ditadura militar brasileira. O estilo neogótico da mansão, somado a takes noturnos e na fachada do espaço, colaboram com o clima soturno idealizado pelo grupo.

Sobre a Cia

A Motosserra Perfumada é um coletivo artístico que pesquisa os limites entre Teatro, Performance e Música, além de produzir encontros que visam refletir as relações entre Texto, Cena e Cidade no contexto político contemporâneo. Sediado em São Paulo, o grupo toma a cidade como locus de criação, investigando aquilo que habita o interior de suas engrenagens políticas e afetivas, os discursos/práticas desviantes que grandes metrópoles tem por hábito esconder, tornar invisível. A Motoserra foi fundada em 2013 a partir do encontro do poeta e diretor Biagio Pecorelli, do ator Bruno Caetano e da atriz Camila Rios e músicos como Jonnata Doll, Edson Van Gogh, Feiticeiro Julião e Verónica Valenttino.

Serviço

Res Pvblica 2023
Data - 15, 16 e 17 de outubro - sexta-feira a domingo
Sessões às 20h e às 22h
Duração - 90 minutos
Transmissão - YouTube da Corpo Rastreado aqui
Classificação - 14 anos

Red Line
Data - 22, 23 e 24 de outubro - sexta-feira a domingo
Sessões às 20h e às 22h
Duração - 50 minutos
Transmissão - YouTube da Corpo Rastreado aqui
Classificação - 14 anos

Lançamento do e-book Cão do Senhor + Bate-papo do público com o Núcleo, com exibição de trechos do novo processo
Data - 22 de outubro - sexta-feira
Horário - 21h
Transmissão - Zoom (o link estará disponível na descrição do vídeo de Red Line)

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