No dia 13 de maio, chega às salas de cinema a trajetória do controverso grupo estudantil Liberdade e Luta, conhecido como Libelu, em que militaram figuras como o cientista político Demétrio Magnoli, o ex-ministro Antônio Palocci, e até mesmo o jornalista Reinaldo Azevedo, narrada no longa-metragem 'Libelu - Abaixo a Ditadura'. Vencedor na categoria melhor documentário nacional do Festival É Tudo Verdade 2020, a produção resgata a história dessa união estudantil, mas também provoca a reflexão sobre o Brasil em tempos atuais.
O documentário, que tem direção do estreante Diógenes Muniz, tem locação única: o prédio da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), projetado pelo arquiteto Vilanova Artigas, também perseguido e exilado pelo regime militar nacional, que aconteceu entre 1964 e 1985. A data de estreia também reflete a preocupação sobre o debate e resgate ao tema, que se faz sempre necessário, principalmente ao se aproximar do período que foi dado o golpe, há quase 57 anos naquele fatídico 1º de março.
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Reunião Libelu. Foto - Arquivo do jornal O Trabalho |
'A partir da metade dos anos 1970, quando a luta armada já havia sido dizimada e ainda não havia greves operárias no ABC, o movimento estudantil começou a se rearticular. Uma onda de passeatas saiu dos campus para as ruas e desafiou o regime. Isso culminou com o surgimento de uma esquerda mais arejada culturalmente, menos sisuda em termos de comportamento. É sobre essa geração que o filme fala', explica o diretor.
Criada em 1976, a tendência estudantil Liberdade e Luta - Libelu, foi impulsionada por uma organização clandestina, a OSI (Organização Socialista Internacionalista), e ganhou fama por ser o primeiro grupo a retomar a palavra de ordem "Abaixo a ditadura" desde a instauração do AI-5.
Para além da luta contra o golpe militar, tinham fama de darem as melhores festas do movimento estudantil e, estranhamente para jovens de esquerda daquela época, eram fãs de rock. Quatro décadas depois, a vida daqueles que integraram a Libelu tomou caminhos diversos, tanto pelo ângulo político, quanto pela visão que os próprios participantes têm hoje daquele passado.
"A primeira vez que cruzei com o tema foi em um poema do Leminski dedicado à Liberdade e Luta. Ele diz assim: "me enterrem com os trotskistas / na cova comum dos idealistas / onde jazem aqueles / que o poder não corrompeu". Fiquei curioso com essas figuras tidas antes como incorruptíveis e idealistas pelo poeta", comenta Diógenes.
"Percebi então que para contar essa história eu precisava fazer dois resgates: o histórico, com reconstrução de fatos políticos daquele período, e também o íntimo, sobre o que a vida adulta reservou para aqueles jovens revolucionários?", diz.
Para Letícia Friedrich, produtora-executiva do projeto pela Boulevard Filmes, a obra dialoga com a atualidade política e cultural do país. "Apesar de ser um resgate de um evento que se encerrou entre os anos 1970 e 1980, o filme dialoga de maneira assombrosa com o país hoje", afirma.
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Encontro do Movimento Estudantil. Foto - Arquivo do jornal O Trabalho |
O documentário é uma produção e distribuição da Boulevard Filmes em coprodução com Canal Brasil, Globo Filmes e Globo News. Confira abaixo a lista de entrevistados:
- Alex Antunes - escritor e produtor cultural
- Anne Marie Sumner - arquiteta e professora
- Antonio Palocci Filho - ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil (entrevista concedida durante prisão domiciliar)
- Cadão Volpato - escritor e vocalista da banda Fellini
- Cleusa Turra - jornalista
- Demétrio Magnoli - sociólogo
- Eduardo Giannetti - economista e escritor
- Eugênio Bucci - articulista do Estadão e professor da USP
- Fernanda Pompeu - escritora
- José Arbex Junior - professor e jornalista
- José Genulino Moura Ribeiro (Pinho) - jornalista
- Josimar Melo - crítico gastronômico
- Julio Turra - assessor político da CUT
- Laura Capriglione - repórter (Jornalistas Livres)
- LS Raghy - artista gráfico
- Markus Sokol - membro da Comissão Executiva Nacional do PT e dirigente da corrente O Trabalho
- Paulo Moreira Leite - ex-diretor da Época, colunista do Brasil 247
- Reinaldo Azevedo - jornalista e autor de 'O País dos Petralhas'
- Renata Rangel - jornalista
- Ricardo Melo - jornalista e ex-presidente da EBC
Sinopse
Liberdade e Luta foi uma tendência estudantil universitária surgida em 1976. Impulsionado por uma organização clandestina internacionalista, o grupo ganhou fama ao retomar a palavra de ordem “abaixo a ditadura”. Seus integrantes eram famosos pela irreverência e abertura cultural. Entre os anos 1970 e 1980, Libelu se tornou adjetivo, sinônimo de radicalidade e, para adversários, inconsequência política. Passadas quatro décadas, onde estão e o que pensam os jovens trotskistas que foram às ruas contra os generais?
Assista ao trailer:
Ficha técnica
Direção e Roteiro - Diógenes Muniz
Produção Executiva - Letícia Friedrich
Direção de Fotografia - Félix Lima
Montagem - André Felipe
Assistente de Direção e Pesquisa - Bianka Vieira
Assistente de Produção e Fotografia - Ana Rovati
Som Direto - Eder Boldieri e André Silva
Assistente de Produção Executiva - Henrique Schuck e João Saldanha
Colorista - Guilherme Begué
Edição de Som, Efeitos Sonoros e Mixagem - MDois
Trilha Sonora Original - Samuel Ferrari e Tiago Jardim
Trilha Sonora Adicional - Hilton Raw
Produtores - Letícia Friedrich e Lourenço Sant'Anna
Cronograma de lançamento
Dia 13 de maio - Lançamento nos cinemas
Dia 27 de maio - Entra em cartaz no NOW, Vivo Play, Oi Play, Google Play, iTunes, Apple TV
Dia 20 de julho - Estreia no Canal Brasil
Agosto - Estreia na Globonews
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