Saiba como ir além da escolha da fragrância na hora de comprar um desodorante

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Encontrar a fórmula certa é um jogo de tentativa e erro, mas algumas informações podem facilitar a escolha de um desodorante

Por muito tempo, a maioria das pessoas julgou seu desodorante com base em dois fatores principais: o cheiro (seja lavanda ou eucalipto) e sua capacidade de fazer com que a umidade nas axilas não seja um problema. Mas agora, você se depara com uma nova questão resultante de uma maior consciência do que realmente está em seus produtos: esse desodorante contém alumínio?

“Você provavelmente já ouviu as alegações ligando os sais de alumínio, os agentes bloqueadores do suor usados no antitranspirante tradicional, com riscos alarmantes para a saúde, como o câncer de mama. Embora essas afirmações tenham sido amplamente contestadas pela American Cancer Society, muitas marcas, desde então, formularam opções sem alumínio, que podem mascarar o mau-cheiro, mas não diminuem a transpiração”, explica o Dr. Daniel Cassiano, dermatologista da Clínica Gru Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Segundo o médico, nas axilas, há uma glândula sudorípara chamada apócrina, que secreta um suor mais gorduroso. “Quando bactérias da nossa flora cutânea metabolizam esse suor, resulta no cheiro desagradável. Dessa forma, os desodorantes podem ter três ações: camuflagem do mau cheiro, inibição e absorção da sudorese ou bactericida. Essas ações podem vir associadas, dependendo do produto. Um desodorante com ação antitranspirante, por exemplo, inibe a quantidade de suor nas axilas, além de camuflar o cheiro”, afirma o médico.

Atualmente, além dessas funções clássicas, a indústria complementa os desodorantes com compostos que têm ação clareadora, calmante e hidratante, segundo o Dr. Daniel. “Ainda mudam a fragrância do produto para agradar diferentes consumidores. Na prática os principais ativos de um desodorante são: triclosan (ação bactericida); alumínio (obstrui o ducto das glândulas, consequentemente inibindo o suor); fragrância (camuflam o cheiro); compostos minerais como o óxido de magnésio (que absorvem o suor); propilenoglicol (veículo de muitos desodorantes); e conservantes como parabenos”, afirma o médico.

Definitivamente, há uma tendência de beleza 'natural' acontecendo agora, que inclui a renúncia de antitranspirantes ou desodorantes convencionais contendo alumínio para opções ‘mais limpas’. Embora não haja dados mostrando que ingredientes em desodorantes ou antitranspirantes resultam em câncer de mama - como muitas manchetes propõem - algumas preocupações de saúde foram levantadas sobre ingredientes de desodorantes convencionais, como propilenoglicol, triclosan, parabenos e alumínio.

O propilenoglicol é um aditivo usado para ajudar a impedir que substâncias, como a pasta desodorante, sequem, mas se quantidades suficientes forem absorvidas, ele pode causar danos ao fígado e aos rins.

“Alguns estudos ligaram o triclosan a uma série de problemas de saúde diferentes, incluindo perturbação do sistema endócrino e aumento do risco de câncer. Os parabenos imitam os efeitos do estrogênio em nossos corpos, então preocupações foram levantadas sobre os possíveis efeitos hormonais da absorção. Então, é claro, o alumínio foi associado ao câncer de mama e à doença de Alzheimer - e embora não haja dados científicos empíricos para apoiar a legitimidade de qualquer uma das afirmações, essas preocupações são algo que as pessoas temem", afirma o especialista.

A indústria está investindo em diferentes veículos. Para peles mais sensíveis e ressecadas, há opções em creme, já para pele mais oleosa como a dos homens, o spray com secagem rápida é mais indicado.

“A substituição do alumínio também é bem-vinda, já que ele pode sensibilizar a pele e manchar roupa. Quando um paciente vem a consulta dermatológica e se queixa de aumento da sudorese associado ou não com mau odor, trata-se de um caso mais grave, no qual os desodorantes de mercado não surtiram efeito. Dessa forma, o dermatologista costuma prescrever desodorantes com concentrações mais elevadas de alumínio, associados ou não a antibióticos tópicos”, diz o médico.

Para evitar casos de alergias e outros problemas, alguns dos desodorantes mais modernos que você encontrará nos rótulos de produtos naturais incluem álcool, bicarbonato de sódio, carvão, araruta em pó e minerais cristalinos.

“De certa forma, encontrar a fórmula certa para o seu corpo pode exigir algumas tentativas e erros. Nenhum desses ingredientes bloqueia os dutos de suor; em vez disso, eles funcionam absorvendo a umidade, e a eficácia de cada um varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, álcool, bicarbonato de sódio, carvão e pó de araruta contêm propriedades de absorção de umidade e neutralizam os odores nas axilas, mas a ressalva é que eles podem secar e irritar a pele sensível”, diz o Dr. Daniel Cassiano.

Por isso, em casos de alergia, é importante identificar as causas. “Se for devido à sensibilização de algum componente específico dos desodorantes, o contato deve ser evitado. Nesses casos, o teste de contato (patch test), realizado por dermatologista ou alergista capacitado, identifica a substância causadora da alergia e sabendo disso, o paciente deve olhar o rótulo do desodorante e não comprar o produto que tenha em sua composição o que lhe dá alergia. A pele ressecada da região também pode causar irritação primária, dessa maneira preferir desodorantes com veículo cremoso. Menores concentrações de alumínio também são menos irritantes. A associação com calmantes como aloe vera e alfa bisabolol garantem mais conforto ao passar o produto”, finaliza o médico.

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