Nova festa literária na Mantiqueira homenageia Augusto de Campos


Evento tem como diferencial eixo temático socioambiental e contempla manifestações que vão além da criação impressa e se estendem pela internet, redes sociais e plataformas de autopublicação

A simpática cidade de Santo Antônio do Pinhal, com pouco mais de 7 mil habitantes, vai se transformar, durante os dias 14, 15 e 16 de setembro, em um centro de circulação e de debate de livros, ideias e conceitos de sustentabilidade.

A FLIMA 2018, Festa Literária Internacional da Mantiqueira, celebra em sua primeira edição a literatura viva, aquela que está não apenas nos livros mas também na internet, nos blogs, nos microcontos do Twitter, nas plataformas de autopublicação, como o wattpad, a Amazon e a Kobo, nas edições bem cuidadas da produção independente e artesanal, na poesia musicada.

“Para formar novos leitores, é preciso tirar a literatura do pedestal”, afirma Roberto Guimarães, idealizador da FLIMA. Entusiasta das letras e do design, o editor e escritor sonha contribuir para que a literatura passe a ser percebida como uma forma de expressão vibrante e aos poucos deixe de ser vista como uma arte elitizada e inatingível.

Milton Hatoum é o escritor convidado da mesa de abertura e Augusto de Campos é o autor homenageado da FLIMA 2018. O evento conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Pinhal e secretarias municipais de Educação e Turismo e Cultura. Os debates terão lugar no moderno auditório da cidade, com capacidade para 283 pessoas. Oficinas e workshops, para adultos e crianças, acontecerão em locais próximos. A expectativa de atendimento presencial é de 11 mil pessoas.

Com alma Mantiqueira

A FLIMA foi concebida em Santo Antônio do Pinhal, município encravado na Serra da Mantiqueira, área de preservação ambiental. Um dos diferenciais do evento é ter o meio ambiente como um dos seus eixos temáticos. Serão realizados debates sobre ecologia e desenvolvimento sustentável, acompanhados de vivências ao ar livre para crianças e adultos. “A reflexão sobre o tema socioambiental é não apenas natural, por estarmos na Mantiqueira, mas inadiável”, diz Guimarães, que mora em Santo Antônio do Pinhal.

Homenagem ao poeta

Foto - Lia de Paula/MinC

Augusto de Campos, 87 anos, é o homenageado da FLIMA 2018. Criador do movimento de poesia concreta no Brasil, ao lado de seu irmão Haroldo de Campos (1929-2003) e Décio Pignatari (1927-2012), Augusto, cuja obra é marcada pela radical e constante exploração da linguagem, é um dos poetas brasileiros mais importantes do século 20.

A programação da festa terá autores de prestígio, como o escritor Milton Hatoum, que participa da mesa de abertura, nomes conhecidos de um público mais amplo, novos talentos e convidados internacionais. “Além das já tradicionais mesas de debates entre autores, vamos abrir espaço para intervenções poéticas e saraus”, afirma o editor Vanderley Mendonça, curador da FLIMA 2018.

Entre outros temas, o evento abordará representação e representatividade do negro na literatura brasileira, no contexto dos 130 anos da Lei Áurea; e jornalismo, fake news e pós-verdade.

OFF-FLIMA

Os organizadores da festa também irão estimular a leitura e a produção de textos nas escolas de Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e Campos do Jordão. As atividades devem impactar cerca de 5 mil alunos.

“Mais que uma festa literária que dura três dias, a FLIMA foi concebida como uma plataforma de formação de leitores e difusão de literatura que promove diversas atividades ao longo do ano na Mantiqueira paulista”, afirma Guimarães. “Queremos contribuir para revelar talentos e fomentar a produção literária e artística na região”, acrescenta o idealizador da FLIMA. Com esse objetivo, será realizada uma convocatória, com campanha no Facebook, para abrir espaço na programação “off-flima” para autores, contadores de histórias, músicos e performers da Mantiqueira paulista.

Esquenta FLIMA

Em 21 de julho, o município vizinho de Campos do Jordão receberá o Esquenta FLIMA, com contação de histórias, oficina de produção de livro artesanal e sarau. Sob orientação de Vanderley Mendonça, editor, designer e curador da FLIMA 2018, será ministrada uma oficina de produção de livro artesanal. Em duas horas, Mendonça discorrerá sobre design editorial (criação de capa, paginação, diagramação, escolha de papel, impressão e acabamento de forma artesanal) e ensinará a diagramar, montar, imprimir e encadernar um livro.

Cada participante sairá com o seu próprio livreto ou fanzine. Quem quiser pode levar textos e desenhos, preferencialmente em preto e branco, em arquivo digital. A idade mínima recomendada é 14 anos. Menores podem participar, desde que acompanhados por um adulto responsável.

Ainda no Esquenta FLIMA, a poeta Natalia Barros e o contrabaixista João Taubkin conduzem a performance Nuvens ornamentais: improvisos poético-musicais, em que versos e sons se fundem e se confundem, criando paisagens sonoras ao vivo. O espetáculo é um convite para apreciar o mais bonito pôr do sol de Campos do Jordão com olhos e ouvidos bem abertos.

Em Campos do Jordão, a festa é apoiada pelo Museu Felícia Leirner/Auditório Claudio Santoro, equipamento do governo do Estado de São Paulo e sede do Festival de Inverno de Campos do Jordão, maior evento de música clássica da América Latina.

Sobre o homenageado

Nascido em São Paulo, em 1931, Augusto de Campos é poeta, tradutor, ensaísta e crítico de literatura e música. Em 1951, publicou o seu primeiro livro de poemas, O Rei menos o reino. Em 1952, com o irmão Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou a revista literária Noigandres, origem do Grupo Noigandres que iniciou o movimento internacional da poesia concreta no Brasil. O segundo número da revista (1955) apresentava sua série de poemas em cores Poetamenos, escritos em 1953, considerados os primeiros exemplos consistentes de poesia concreta no Brasil. O verso e a sintaxe convencional eram abandonados e as palavras rearranjadas em estruturas gráfico-espaciais, algumas vezes impressas em até seis cores diferentes, sob inspiração da Klangbarbenmelodie (melodia de timbres) de Webern. Em 1956, participou da organização da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta (Artes Plásticas e Poesia), no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Sobre os artistas

João Taubkin é contrabaixista e compositor, tem discos lançados por selos como Scubidu e Núcleo Contemporâneo. Com influência do jazz, música africana, rock e MPB, trabalhou com músicos como Paulo Moura, Carlos Aguirre (Argentina), Laurence Revey (Suíça), Léa Freire e Siba.

Natalia Barros é cantora, poeta e atriz, foi vocalista do Grupo Luni, com Marisa Orth e Théo Werneck, entre outros. Publicou dois livros de poesias: Caligrafias (2012) e Nuvens Ornamentais (Demônio Negro, 2016). Ao lado do compositor e pianista Benjamim Taubkin, criou o projeto Landscapes (improvisos de música e poesia).

Sobre o idealizador

Editor e escritor, Roberto Guimarães é o idealizador da FLIMA. Por mais de 10 anos esteve à frente do estúdio Bizu, tendo desenvolvido publicações impressas e digitais sob diversos assuntos para empresas, veículos de comunicação e entidades ligadas à cultura como FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica), Galeria Emma Thomas, Masp (Museu de Arte de São Paulo), Santa Marcelina Cultura e Sesc SP, entre outros.

Sobre o curador

Vanderley Mendonça, curador da FLIMA 2018, é jornalista, designer, tradutor e editor dos Selos Demônio Negro e Edith. Como editor, é vencedor do Prêmio Jabuti (Categoria Poesia), em 2013 e 2014, e do Prêmio Fundação Biblioteca Nacional, 2015 (Categoria Contos). Lecionou Editoração na ECA-USP. Estudou design gráfico na Hochschule fuer Grafik und Buchkunst, na Alemanha, e pré-impressão no RIT (Rochester Institute of Technology), nos Estados Unidos. É autor do livro Iluminuras (Editora Patuá, 2013).

Serviço

FLIMA 2018
Festa Literária Internacional da Mantiqueira
Local - Santo Antônio do Pinhal
Período - 14, 15 e 16 de setembro de 2018
Para mais informações clique aqui

Esquenta FLIMA
Local - Campos do Jordão
Data - 21 de julho
Entrada franca

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