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Foto - Kimberly Alves |
A vida seria muito mais fácil se, junto com a nossa certidão de nascimento, viesse o roteiro pronto de cada cena da nossa história. Será? Aqui Jazz é um musical fora do padrão, literalmente. Musicalmente, ele não segue um roteiro monolítico, pronto e fechado. O espetáculo se inspira no jazz e no improviso das jam sessions como linguagem para abordar questões sobre relações familiares e as escolhas cotidianas que fazemos, capazes de mudar completamente o rumo da nossa trajetória.
Giovani Tozi assina a dramaturgia e a direção, além de produzir a nova montagem, que estreia no dia 02 de agosto de 2025 no Teatro Itália. A sala de espetáculos não poderia ser mais adequada ao tema: o Edifício Itália abriga o icônico Terraço Itália e o bar de jazz The S, que recebe diariamente grandes nomes do jazz nacional.
Unindo-se à tradição do local, Aqui Jazz propõe uma experiência imersiva. Já no saguão do teatro, o público será recepcionado por músicos improvisando clássicos de Louis Armstrong, Ella Fitzgerald e Benny Goodman. E para quem aprecia bons encontros, o saguão do teatro também será palco de um bar criado especialmente para a temporada, com doses de whisky e bourbon a preços gentis, e, vez ou outra, um gole por conta da casa.
Sobre a motivação da montagem, o autor e diretor Giovani Tozi comenta: “Aqui Jazz nasceu do acaso, e, se tem uma coisa que eu respeito, são os acasos. O elenco e a banda se reuniram no início de 2025 para os ensaios de outro espetáculo. O processo foi difícil e, em um dos momentos mais críticos, fui amparado pelos atores e músicos de uma forma profundamente comovente. Em tempos em que o artificial coloniza as inteligências, vi esse grupo criando coisas muito especiais, fora do previsto, mas com uma conexão emocional genuína entre eles. Como um bom improviso de jazz”.
O espetáculo O Livro Vivo, também escrito e dirigido por Tozi, percorreu cinco cidades do interior de São Paulo e, segundo ele, foi o embrião do que se apresenta agora em Aqui Jazz. Sobre a dramaturgia, Tozi revela: “minha primeira formação é em Comunicação. Sempre gostei muito de escrever e, durante a pandemia, me reconectei com esse lugar. Minha principal motivação será sempre o ser humano. Aqui Jazz é meu oitavo texto teatral. E em todos eles me inspirei profundamente nos atores que, em tese, estariam nos papéis. É inevitável. Quando sei da possibilidade, começo a escutar a voz do ator dizendo as falas enquanto escrevo, especialmente os monólogos. Escrevi Não Se Mate para o Leonardo Miggiorin; os ainda inéditos Tá Lindo, para Leandro Lima; e Bet Balanço, para Érico Brás. Aqui Jazz também foi escrito pensando neles”.
Sobre o espetáculo
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Foto - Fatu Martins |
Aqui Jazz é um musical intimista que narra de forma épica a trajetória de Gésio, ou Jazzinho, como passou a ser conhecido depois que os pais decidiram que o filho seria a nova lenda do jazz. Um homem comum, que nunca se sentiu à altura do que esperavam dele. Entre frustrações e acordes mal afinados com o passado, Gésio embarca numa jornada que mistura memórias, música, encontros e reencontros, todos reunidos num bar cheio de histórias.
Felipe Hintze dá vida ao personagem e conta: "falar sobre a finitude da vida na arte atinge a plateia por completo. Instigar e investigar como cada um lida com isso também engloba os temas do Aqui Jazz. Tirando um 'Z', tudo muda. E, sabendo dessa finitude, o que você tem construído na sua vida que deixará como legado? Precisa ser algo considerado grandioso pela sociedade? Os fatos que acontecem na nossa vida nos definem e ajudam a construir nossa trajetória. E o modo como lidamos com esses fatos também. O olhar do meu personagem para a vida é muito bonito e poético, pois mesmo sem ter talento para o jazz, ele insiste, ele gosta. A família é muito importante na construção do nosso caráter. Esses valores, o Jazzinho leva pra vida. Tivemos reações muito bonitas nas plateias que assistiram os previews. Esperamos impactar muitas pessoas”.
A história de Jazzinho começa antes mesmo de seu nascimento, quando sua mãe, Marina (Camilla Camargo), uma renomada cantora de jazz, se vê dividida entre duas paixões à primeira vista: Milton (Marcus Veríssimo), um artista, e Valentim (Nando Pradho), um economista.
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Foto - Fernando de Santis |
Camilla Camargo vem de uma família marcada profundamente pela música. Filha de Zezé Di Camargo, um dos maiores nomes da música sertaneja brasileira, e irmã da cantora pop Wanessa Camargo, cresceu cercada por melodias, palcos e histórias de superação. Seu avô, Francisco Camargo, imortalizado no filme 2 Filhos de Francisco, foi o grande incentivador da carreira musical dos filhos, enquanto seu tio Emival formou com Zezé a primeira dupla da família, antes de falecer tragicamente.
Essa herança artística está no DNA de Camilla, que há anos traz sua sensibilidade para o teatro. Sobre sua relação com o jazz, a atriz revela que, apesar de sempre ter vivido muito próxima da música e ser bastante eclética, nunca teve um envolvimento direto com o estilo. “Já frequentei shows de jazz, conhecia alguns intérpretes, mas foi por meio da peça que o jazz entrou de verdade na minha vida”.
Quanto ao repertório do espetáculo, ela destaca três músicas especiais por motivos diferentes: Big Spender e Maybe This Time, que sempre sonhou cantar após participar de um musical em que não teve a chance de interpretá-las; e Bang Bang, que a conquistou de forma definitiva. “É a música que mais me toca e mais amo cantar no espetáculo, por causa da harmonia que ela tem”, completa.
“Um musical fora dos padrões” é assim que o diretor Giovani Tozi define Aqui Jazz. Para ele, quando pensamos em musicais, nossa referência imediata costuma ser o modelo Broadway, que há décadas ocupa um espaço relevante no cenário brasileiro, especialmente no eixo Rio-São Paulo. Em contraponto, outras produções autorais, biográficas ou de menor formato utilizam a música como trilha, comentário ou apoio à cena.
Aqui Jazz propõe algo diferente: o piano e a bateria estabelecem um diálogo vivo com a narrativa. As canções, embora fundamentais para a dramaturgia, são apenas uma parte da experiência. Entre uma música e outra, os diálogos e cenas são como telas em branco, prontas para serem preenchidas pelo improviso e pelo encontro único com o público. “Uma jam session! O espetáculo é um brinde ao acaso e à efemeridade que só o teatro oferece", resume Tozi.
Orquestrando essa jam session, Marcus Veríssimo (que, além de atuar, também toca trompete e gaita) assina a direção musical de Aqui Jazz. Ele conta que a experiência tem sido extraordinária: “fazer a direção musical foi incrível. Giovani Tozi chegou com uma proposta musical muito instigante, e tivemos a sorte de contar com músicos completos: Rafael Gama, que é pianista e arranjador; e Grabriel Ferrara que é baterista, guitarrista e violinista. Além de excelentes instrumentistas, são criativos, ligados ao teatro, chegam sempre preparados e trouxeram arranjos e ideias que admiro profundamente”.
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Foto - Kimberly Alves |
Marcus também destaca o trabalho dos colegas de elenco: “os atores que cantam em cena já chegaram com suas músicas prontas e vozes lindas e potentes. É emocionante trocar com eles, cantar junto, aprender”. Para ele, o jazz é sinônimo de coletivo e liberdade criativa, mas uma liberdade que exige escuta, responsabilidade e entrega: “jazz me lembra essa vontade de aprender o tempo todo. Me faz querer ouvir boa música, lembrar das misturas que criaram esse ritmo e entender o jazz como um modo de vida, uma herança viva que seguimos honrando”.
Além do jazz, o espetáculo aborda temas sensíveis do mundo contemporâneo, como o bullying e o abandono parental. Nando Pradho dá vida a diferentes figuras que atravessam a trajetória de Jazzinho, guiado por uma lógica onírica. Como a peça se constrói a partir das memórias, ou talvez dos sonhos, do protagonista, todos os personagens que o ameaçam ou o confrontam aparecem com o mesmo rosto, o do pai ausente, interpretado por Nando.
Reconhecido como um dos maiores nomes do teatro musical brasileiro, Nando Pradho estrelou grandes espetáculos da Broadway. Em Aqui Jazz, tem a oportunidade de explorar um outro território, mais intimista e autoral, onde a presença constante do autor e diretor nos ensaios permite que o roteiro seja ajustado com a colaboração criativa dos atores.
Aqui Jazz é uma celebração da vida com muito jazz, humor e emoção para enfrentar as adversidades do caminho. “A vida é que nem o jazz, cheia de improvisos”, diz Felipe Hintze, que interpreta o protagonista. “Nosso espetáculo vai contando a história desse menino que foi prometido como a nova lenda do jazz, mas que não tem talento pra isso. O quanto a gente faz só pra agradar quem ama? Como um gesto pequeno pode definir uma vida inteira? E, no fim, você fez mesmo o que queria?”. Com leveza e bom humor, o espetáculo convida o público a refletir sobre essas perguntas, e a improvisar, como num bom solo de jazz.
Sinopse
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Foto - Kimberly Alves |
Gésio, ou Jazzinho, cresceu cercado pela expectativa de se tornar um gênio do jazz, título que nunca sentiu merecer. Em um bar que parece flutuar entre memórias e eternidade, ele reencontra sua família e revisita escolhas, afetos e frustrações. Misturando humor, música ao vivo e emoção, Aqui Jazz é um musical intimista que transforma a vida comum em um improviso épico sobre pertencimento, legado e reconciliação.
Ficha técnica
Aqui Jazz
Texto e Direção - Giovani Tozi
Elenco - Felipe Hintze, Camilla Camargo, Marcus Verissimo e Nando Prahdo
Músicos - Gabriel Ferrara e Rafael Gama
Assistência de Direção - Letícia Calvosa
Direção Musical - Marcus Verissimo
Arranjos - Rafael Gama
Preparação Vocal - Rafa Miranda
Coreografia - Dani de Lova
Desenho de Luz - Cesar Pivetti
Figurinos - Fábio Namatame
Cenografia e Desenvolvimento de Conteúdo de Projeção - Giovani Tozi
Cenotécnico - Evas Carretero
Fotografia - Priscila Prade
Direção de Arte Gráfica - Giovani Tozi
Redes Sociais - Gigi Prade
Assessoria de Imprensa - Fernanda Teixeira, Macida Joachim e Maurício Barreira | Arteplural, Laura Castro | Vira Comunicação
Preparação de Atores - Inês Aranha e Luiz Damasceno
Visagismo Elenco - Ronalda
Operadora de Som - Barbara Frazão
Administração Financeira - Carlos Gustavo Poggio
Assessoria Jurídica - Martha Macruz
Produção Executiva - Thomas Marcondes
Idealização - Giovani Tozi
Realização - Tozi Produções
Serviço
Aqui Jazz
Temporada - de 28 de julho a 1º de setembro
Horário - sábados, às 21h, domingos e segundas, às 20h
Duração - 90 minutos
Local - Teatro Itália
Endereço - Av. Ipiranga, 344 - República - São Paulo
Ingressos - R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia)
Venda de ingressos na bilheteria do teatro e online aqui
Classificação - 12 anos
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