O filme Calígula: O Corte Final (Caligula The Ultimate Cut), escrito por Gore Vidal (de O Siciliano, Lincoln e Código de Honra) e estrelado por Malcolm McDowell (Laranja Mecânica), Helen Mirren (A Rainha e Assassinato em Gosford Park), Peter O'Toole (Lawrence da Arábia e Tróia) e grande elenco, que depois de ser exibido no Festival de Cannes 2024, chegará aos cinemas brasileiros no dia 05 de dezembro, com distribuição da A2 Filmes.
Super conhecida por ser ousada demais para a época de seu lançamento original, a produção volta às telonas após 43 anos com cenas inéditas e uma reedição de Bob Guccione e Franco Rossellini, além de produção de Thomas Negovan.
A trama explora a jornada do jovem e desconfiado Calígula (Malcolm McDowell), que assombrado pelo assassinato de sua família, assume o trono do decadente Império Romano ao eliminar seu avô adotivo (Peter O'Toole), mergulhando em um ciclo de corrupção, violência e insanidade. Essa reconstrução resgata as performances completas e apresenta os cenários exuberantes do ganhador do Oscar, Danilo Donati. Um retrato poderoso sobre o impacto destrutivo do poder.
Curiosidades da nova versão
- O filme é uma reimaginação completa de Calígula (1979), baseada em 96 horas de filmagens nunca antes vistas, recuperadas muitos anos após seu lançamento.
- Sob a supervisão do historiador Thomas Negovan, foi criada uma "Edição Definitiva" do filme. Em vez de expandir cenas existentes com as novas filmagens, o filme inteiro foi editado do zero, resultando em uma versão que não contém um único quadro da versão teatral.
- Efeitos visuais foram usados para aprimorar as cenas e substituir cenários e fundos baratos, e a tecnologia de IA foi utilizada para restaurar diálogos anteriormente inutilizáveis, que estavam repletos de ruídos de fundo.
- Uma nova trilha sonora também foi composta, em contraste com a música de balé de domínio público.
- Originalmente planejada para um lançamento teatral limitado no final de 2020, esta versão estreou no Festival de Cinema de Cannes em 2023.
Confira abaixo entrevista com o ator Malcolm McDowell realizada por Mary Beth McAndrews, publicada em 09 de outubro de 2023, no site Dread Central. A tradução e edição é de André
Cavallini.
Como foi a experiência de ver pela primeira vez Calígula: O Corte Final para você?
Malcolm McDowell - Acho que é mais um alívio do que qualquer outra coisa, realmente. Sim. Acho que ficou muito mais próximo do filme que pensei que tínhamos feito nos anos setenta, e ver essa performance revelada depois de tanto tempo é um pouco estranho, para dizer o
mínimo, mas antes tarde do que nunca. Então, de certa forma, tenho um respeito enorme pelo Tom (Thomas Negovan, produtor), que trabalhou diligentemente em todo o material e fez essa reedição. Foi um trabalho enorme.
Nem consigo imaginar.
Malcolm McDowell - E ver a performance sair como foi pretendida é realmente incrível. É chocante.
Houve algum momento específico em que você ficou animado para ver na tela grande, mas que não estava na versão original?
Malcolm McDowell - Os últimos 40 minutos foram simplesmente descartados. Bob Guccione precisava de espaço para colocar pornografia. Guccione não se importava se o filme fazia sentido ou não. Foi totalmente arbitrário. Quero dizer, a performance de Helen Mirren era inexistente na versão original; ela deu uma performance maravilhosa, e é tão bom vê-la. Mas o que mais me surpreendeu foi Teresa Ann Savoy, porque, no filme original, sua voz foi dublada. Mas, aqui, Tom conseguiu preservar sua voz original.
Uau.
Malcolm McDowell - E de certa forma, é muito melhor do que uma dublagem. É como eu a lembro. Ela era uma garota incrivelmente bonita. E é uma história trágica, na verdade, o que aconteceu com ela. Ela morreu de câncer aos cinquenta e poucos anos. Acho que ela teve uma vida muito difícil, o que é muito triste. Esse filme não a ajudou em nada, sinto dizer. Que terrível.
Mas é bom que agora sua performance esteja preservada e sua voz de volta ao mundo.
Malcolm McDowell - É uma pena que ela não esteja aqui para apreciar isso. Mas acho que ela tem filhos, então talvez eles vejam e digam: “uau, essa era a mamãe”.
Sua performance é absolutamente incrível, a forma como você corre por aí cheio de uma alegria maníaca, mas também de raiva.
Malcolm McDowell - É um papel muito físico.
É muito físico, até mesmo seus olhos e a expressividade que você traz. Então, fiquei curiosa, quando você conseguiu o papel, como foi se preparar para entrar na mente desse personagem e entender quem era esse homem?
Malcolm McDowell - Não sou um ator de método. Não levo o passado para casa. Foi um trabalho extremamente difícil, porque eu também estava moldando e escrevendo cenas futuras. Então, tentando organizar tudo. Gore Vidal já havia deixado o projeto e retirado seu nome. E, assim, ficamos por nossa conta. O roteiro original dele era bem fraco, para ser honesto. E concordei em fazer Calígula por causa de sua reputação, o que foi um grande erro, na verdade. Quando li o roteiro, meu coração afundou. Pensei: “você deve estar brincando. Bem, ele vai ter que fazer uma reescrita”. Mas ele nunca fez. Eu conversava com ele e ele dizia: “não vou mudar uma palavra”. E eu sabia que estávamos encrencados, mas já estava muito envolvido, já estava em Roma há um mês. Estávamos filmando e era tarde demais. Então, tive que literalmente me virar. Chamei um roteirista de Londres para ajudar.
Ver agora é tão legal, ver a visão completa, com os cenários e os figurinos.
Malcolm McDowell - O que é incrível são os cenários, meu Deus. Aquela maravilhosa máquina de decapitação vermelha? Movendo-se com aquelas lâminas giratórias, e Calígula sorrindo como uma criança, depois esmagando um ovo e dizendo: “se ao menos Roma tivesse um único pescoço”.
Uma linha incrível enquanto você esmaga o ovo. Estar naquele set devia ser como estar em um sonho. Era tudo tão lindo.
Malcolm McDowell - Eu sei. Mas você anda três passos e está atrás de um painel. É só um set.
Verdade. Mas são cenários realmente bonitos.
Malcolm McDowell - Era um elenco grande. Muitos atores italianos, e alguns tinham dificuldades com o inglês. Mas nos viramos, e o visual é realmente extraordinário. E os figurinos, eu costumava dizer, uma costura aqui, outra ali, e um tapa-fraldas. No final, era como estar em uma colônia de nudismo. Você nem notava mais. Era tipo: “oh, passa o sal.” Era bizarro.
Mas mostra como você se acostuma rápido. Exatamente. E as cenas em que você está no navio construído com Helen Mirren, falando sobre o bordel com todas as esposas dos senadores. Toda a coreografia entre vocês dois é incrível.
Malcolm McDowell - Aquele navio era incrível. Uma pessoa podia operar aqueles remos. Eram todos contrabalançados com pesos por todo o navio, que tinha centenas de pés, e tudo era folheado a ouro. Mas o senso de humor de Danilo Donati (designer de produção), construir um navio tão grande que ia de uma parede à outra, então literalmente não havia onde colocar a câmera para ver o set todo. E nem dá para perceber que é um navio. A razão é que não tinha onde colocar a câmera, e ele sabia disso. Era um “dane-se” para Bob Guccione.
Adoro isso. Gostaria de saber também quando você foi abordado e soube que Thomas ia trabalhar nessa nova versão do filme. Qual foi sua reação ao saber disso?
Malcolm McDowell - Eu não sabia.
Ah, você não sabia?
Malcolm McDowell - Não fazia ideia. Na verdade, estava planejando fazer um show solo sobre a produção.
Sério?
Malcolm McDowell - Achei que isso resolveria para mim para sempre. É algo bem divertido. Existem ótimas histórias engraçadas sobre o que aconteceu, como Guccione enviando um avião cheio de modelos da Penthouse porque achava que as mulheres romanas não estavam bonitas o suficiente.
Sinopse
Quarenta e três anos após o lançamento do épico histórico de 1979, Calígula: O Corte Final, o produtor e restaurador Thomas Negovan revive a visão original da obra com uma versão composta por cenas inéditas filmadas em 1976. Assombrado pelo assassinato de sua família, o jovem e desconfiado Calígula (Malcolm McDowell) toma o trono do decadente Império Romano ao eliminar seu avô adotivo (Peter O'Toole), mergulhando em um ciclo de corrupção, violência e insanidade. A nova montagem é um tratado sobre os efeitos devastadores do poder e restaura, com fidelidade, as intensas performances de McDowell e de Helen Mirren, que vive a sedutora Cesônia, acompanhadas por cenários exuberantes criados pelo vencedor de dois Oscars, Danilo Donati. Esta edição é uma oportunidade inédita de vivenciar a visão integral do filme que se tornou um marco polêmico no cinema.
Assista ao trailer:
Ficha técnica
Calígula: O Corte Final
EUA, Itália | 2024 | Drama | 178 min.
Título Original - Caligula: The Ultimate Cut
Reedição: Bob Guccione e Franco Rossellini
Roteiro - Gore Vidal
Elenco - Malcolm McDowell, Helen Mirren, Teresa Ann Savoy, Peter O'Toole, John Gielgud, Guido Mannari, Giancarlo Badessi, Bruno Brive, Adriana Asti, Leopoldo Trieste, Paolo Bonacelli, John Steiner e Mirella D'Angelo
Distribuição - A2 Filmes
0 Comentários