Comédia romântica questiona o amor contemporâneo

Foto - Rafael Duckur

Espetáculo Esse Maldito Fecho-Eclair propõe uma visão cômica e questionadora sobre o amor e suas adversidades com enfoque no casamento

Com uma história envolvendo a complexidade das relações humanas, além de discutir a viabilidade da vida a dois, Esse Maldito Fecho-Eclair estreia no dia 24 de julho, quarta-feira, no Teatro Itália Bandeirantes. O texto inédito é do dramaturgo Ed Anderson e a direção de Ricardo Grasson e Heitor Garcia, já o elenco conta com os atores Felipe Barros e Mayara Dornas. A temporada segue até 05 de setembro, com sessões às quartas e quintas.

A trama segue um casal em sua lua de mel após uma festa de casamento cheia de acontecimentos. O marido anseia pela primeira noite com sua esposa, enquanto ela procura aflita pelo seu batom. De repente, um fecho-éclair emperrado do vestido da noiva é gatilho para uma série de eventos inesperados e questões existenciais. Esse desdobramento provoca um turbilhão de emoções colocando em xeque a ideia do felizes para sempre, e questiona a veracidade do ideal romântico e a aceitação da impermanência do amor.

“O amor é um tema universal, desde Adão, Eva e a tal serpente disparadora de conflitos, esse sentimento nunca sai de moda. O que é cafona está relacionado a falta de escuta aos anseios da parceria proposta. Acredito na pulsão dos desejos e a sociedade pode e deve estar atenta a este acolhimento. Senão regredimos a tempos bicudos”, destaca Anderson.

A obra aborda assuntos como amor, casamento, filhos, traição, monogamia, responsabilidade afetiva, desejos sexuais e solidão. O espetáculo faz um panorama atual das relações monogâmicas e as complexas culpas carregadas pelos casais brasileiros.

“Uma peça que nos diverte e nos convida a pensar sobre como construímos nossas relações e o porquê de nos permitirmos chegar ao desgaste extremo. Por que tanta dificuldade em conversar e identificar o que sentimos? Não percebemos que muitas situações nos torna agressivos, ofensivos, irritados, tristes e estes estados nos adoecem”, constata Mayara.

Sobra a criação

Foto - Rafael Duckur

A montagem do espetáculo partiu do desejo dos atores Felipe Barros e Mayara Dornas de mergulhar nas raízes e influências da latinidade. Uma conexão artística com os latino-americanos, já que a cultura brasileira também faz parte desse universo. E busca promover a difusão de importantes textos da dramaturgia brasileira com destaque para a relevância de autores nacionais.

“A escolha do texto partiu de uma vontade minha e da atriz Mayara Dornas de estarmos juntos no palco, após fazermos vários projetos no cinema e no podcast que apresentamos juntos, os Dramáticos. Decidimos buscar por um texto solar, divertido e que fosse para dois atores. Lemos milhares de textos juntos e nada bateu tão forte no nosso coração quanto o texto do Ed: Esse Maldito Fecho-Éclair”, relata Felipe.

A inspiração para o tema da peça veio de uma influência com nuances intensas de Almodóvar e Frida Kahlo. O lirismo, a poesia e a loucura em cena são inspirados pelo realismo do escritor Gabriel Garcia Marquez, onde em suas obras, ele integra a magia como um elemento essencial da vida.

A colaboração com Ricardo Grasson, conhecido por sua abordagem que integra elementos do realismo fantástico em suas produções teatrais, desempenhou um papel fundamental na concepção do espetáculo. Essa parceria permitiu a criação de uma obra que se destaca pela ampliação do espaço cênico, e estimula as sensações visuais e as partes cognitivas do público.

“O que nos instiga como diretores e encenadores é a possibilidade de, por meio da história deste casal, aparentemente normal, e da forma com que eles se relacionam, refletir as relações humanas e os relacionamentos amorosos. A presença no palco e o diálogo entre esses dois personagens é uma metáfora dos casais à nossa volta, de nós, dos nossos pais e avós. A nossa expectativa é que esse diálogo e as escolhas da encenação provoquem um pensamento novo, crítico e, acima de tudo, divertido. Em uma camada mais profunda, nos encontramos com um pensamento que visa nos religar com o ser humano, seus mistérios, fraquezas, seus delírios, suas sombras e a eterna busca do par perfeito”, conta Grasson.

Para Heitor Garcia, foi durante o trabalho de leitura do texto, aos poucos, que descobriu que existia uma personagem feminina nessa história, gritando. "Gritando para ser vista e gritando para o público os berros mais instigantes e cheios de profundidade sobre o distanciamento que existe entre um homem uma mulher, o fardo que ela carrega sozinha numa relação e a eterna insistente e talvez cega busca, ainda assim, pelo par, digo, pelo homem perfeito".

O espetáculo busca provocar, com muito humor, a estrutura tradicional da visão romântica sobre o que é o amor e sobre o que é se relacionar, especificamente, com um homem para uma mulher. "As escolhas da encenação se desdobram através desses corpos e desse tema tão rico, que é o “ato do casamento e suas multi firulas”, afinal há tanta referência, há tanta influência, que os caminhos são infinitos e escolhemos os mais divertidos para questionar algo tão importante para o ser humano hoje. Acredito que todos iremos nos identificar com as escolhas musicais, os trajes, as particularidades de um casal e as situações que todos nós já passamos num quarto de Ho ou Mo - tel. Venham jogar arroz até que a morte separe os infelizes para sempre", completa Garcia.

Sobre a encenação

Foto - Rafael Duckur

O texto indica um quarto de motel antigo, onde eles passam a lua de mel, ambientado nos anos 1970, calorento e com a decoração duvidosa. Presente dado por um dos padrinhos aos noivos. O cafofo possui um quadro, que entra na história como um narrador da relação desse casal, ele se modifica e acompanha os pensamentos dessa relação durante a história, esse pano de fundo também é usado para memorar outros momentos da história do casal. A trilha sonora vem com ritmos que falam de amor, de amor visceral, amor antigo e a peça é embalada por hits melódicos da música brega, movimento tão importante de fácil identificação e potente nos dias de hoje. Os figurinos também contam histórias.

"O título do nosso espetáculo traz um impedimento na abertura do fecho-éclair do vestido de sua noiva, o que nos abriu diversas possibilidades e discussões na construção da encenação. As escolhas seguem por um traje de casal clássico, com a referência da década e com a personalidade impressa de cada um. O figurino contribui para a narração dos sentimentos desse casal no decorrer da trama, é rasgar se de amor ou de ódio? É tirar a roupa ou não tirar? Quem tira de quem? Eu quero rasgar seu vestido mas é alugado!", completam os diretores.

Sinopse

Foto - Rafael Duckur

Um jovem casal suburbano e apaixonado assume pactos inusitados diante de um fecho-éclair enguiçado em plena lua de mel. Até onde eles conseguirão chegar antes do até que a morte os separe? Cantar com rouquidão todo o repertório de um karaokê, borrar a boca com batom barato ou devorar cartelas de antidepressivos?

Ficha técnica
Esse Maldito Fecho-Eclair
Direção - Ricardo Grasson. e Heitor Garcia
Elenco - Felipe Barros e Mayara Dornas
Produção - Lígia Fonseca
Desenhos de Luz - Cesar Pivetti
Cenografia - Marisa Bentivegna
Figurino - Rosangela Ribeiro
Aderecista e Assistente de Figurino - Neemias Villas Bôas
Visagismo - Edgar Cardoso
Som - Aghata
Designer - Carol Cevdar
Fotos e Vídeos - Rafael Duckur e Lanther Lincoln
Assessoria de Imprensa - Adriana Balsanelli e Renato Fernandes
Redes Sociais - Jéssica Fioramonte
Trafégo - Cauê Baldo
Realização - Malisgüe Produções

Serviço
Esse Maldito Fecho-Eclair
Temporada - de 24 de julho a 05 de setembro - quartas e quintas
Horário - 20h
Duração - 90 minutos
Local - Teatro Itália Bandeirantes
Endereço - Av. Ipiranga, 344 - República - São Paulo
Capacidade - 290 lugares
Ingressos - R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia)
Classificação - 12 anos
Para mais informações clique aqui

Postar um comentário

0 Comentários