História real de canibalismo em Porto Alegre inspira sátira contemporânea


Crimes insólitos de José Ramos e Catarina são revividos um século e meio depois no livro Os canibais da Rua do Arvoredo

Ambiciosos, José Ramos e Catarina Palse escolhiam juntos a presa: homens, afortunados e, geralmente, imigrantes alemães. Enquanto a missão dela era seduzir e atraí-los para a casa onde moravam, a dele era transformar o corpo humano em cadáver. Com a ajuda de Claudio Claussner, eles transformavam a carne em linguiças, comercializadas em um açougue. A prática insólita que aconteceu em Porto Alegre, em 1863 e 1864, repercutiu no mundo todo e ganhou espaço até mesmo no caderno de anotações do naturalista Charles Darwin.

Um século e meio depois, é possível que a história se repita? Em Os canibais da Rua do Arvoredo, o escritor e roteirista Tailor Diniz apresenta uma narrativa instigante e provocadora em torno de um novo boato sobre o consumo de carne humana na capital do Rio Grande do Sul. Influenciados pelos espíritos dos antigos moradores do local, um aluno de gastronomia e uma estudante de medicina viverão momentos de luxúria e terror num porão de pedras antigas em meio a facas, cutelos, machados, um moedor de carne e um esqueleto humano.

"José, então, enfia a mão pelo buraco que se abriu no tórax do outro e o revira, no fundo. Depois de algum esforço, puxa algo para fora, ainda pulsante. É o coração de Alex que ele ergue diante dos olhos e no qual dá uma grande mordida, tirando-lhe um naco ensanguentado. Seu rosto cobre-se de sangue. Do sangue de Alex e do seu próprio, expressado sob a transparência da pele enquanto corre nas suas veias a uma estúpida velocidade de cruzeiro. Catarina olha-o amedrontada. Mas ali, naquele instante, para José só existe Alex. Alex e seu coração pulsante, que ele agride com sucessivas mordidas e tapas", Os canibais da Rua do Arvoredo, pág. 92.

Na sátira, a trama é narrada por um observador onipresente, que se apresenta como membro de uma organização internacional, cujo objetivo é dominar o mundo e transformar a população em comunistas/globalistas. Por intermédio de uma tela de computador, ele segue freneticamente os passos do casal de estudantes que leva os mesmos nomes dos antigos assassinos, José e Catarina. É possível confiar neste relator? Por que os dois jovens foram escolhidos? De quem e por qual motivos os espíritos desejavam se vingar?

É o que o leitor vai descobrir nas páginas do livro Os canibais da Rua do Arvoredo, publicada pelo selo Lucens, da Citadel Grupo Editorial. Nessa antiga lenda urbana porto alegrense, que será adaptada para o cinema, Tailor Diniz tempera o enredo com elementos adicionais: o fastio à carnificina, o ardente desejo sexual, o medo e a conexão entre passado e presente.

Sobre o autor

Foto - Divulgação

Tailor Diniz é escritor e roteirista de cinema e TV. Os canibais da Rua do Arvoredo é seu 22º livro e, entre eles, estão Em linha reta, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura 2015; Crime na Feira do Livro, traduzido na Alemanha e lançado na Feira de Frankfurt, em 2013; Transversais do tempo, Prêmio Açorianos de Literatura - Melhor Livro de Contos de 2007; e A superfície da sombra, traduzido na Bulgária e adaptado para o cinema pelo diretor Paulo Nascimento, em 2017. Com seus roteiros, conquistou prêmios nos festivais de cinema de Gramado e Brasília. O romance Só os diamantes são eternos (2019) está sendo adaptado para as telonas, e seu último livro, Novela interior, ganhou o Prêmio Jacarandá, Livro do Ano/2013, promovido pelo jornal Correio do Povo, durante a Feira do Livro de Porto Alegre.

Ficha técnica
Os canibais da Rua do Arvoredo
Autor - Tailor Diniz
Editora - Citadel Grupo Editorial | Selo Lucens
Páginas - 208
Preço - R$ 34,90 (e-book) e R$ 51,51 (impresso)
Para mais informações ou comprar o e-book clique aqui e o livro impresso aqui

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