BBB - Um caso de sucesso e cancelamentos dentro e fora da casa

Foto - Divulgação

Por Francisco Gomes Junior*

O Big Brother é um reality show alimentado por contínuo experimento humano. Seja baseado na obra de George Orwell, seja inspirado pelo Senhor das Moscas, o fato é que o formato desenvolvido pela Endemol é sucesso mundial. No Brasil, estamos na 24ª temporada, um feito raro de ser atingido por qualquer programa de entretenimento. Além disso, alardeia-se ser um programa campeão de audiência e com farta receita publicitária. Case de sucesso.

Com tecnologia que permite a vigília integral de participantes por 24h todos os dias, estamos diante de um laboratório com seres humanos e isso sempre gera resultado surpreendentes. É puro entretenimento observar, analisar e julgar pessoas. Isso já seria um feito em si, mas a graça é aumentada pelas surpresas que tais pessoas nos proporcionam. Aquela que aparenta calma e sabedoria nos primeiros dias e depois surta, aquele jogador que se torna alvo da casa e escapa de sucessivos paredões, e outros fatos que se repetem, mas sempre causam enorme repercussão.

Toda vez que começa uma edição do BBB, diz-se na primeira semana que ela ‘flopou’ e depois todos dão o braço a torcer de que isso não aconteceu. Ao colocar na casa, para conviver com anônimos, pessoas já conhecidas em várias mídias e meios, alimenta-se mais ainda o jogo. Observar alguém que já se conhece, redobra o interesse.

Com o aumento da importância das mídias sociais, as análises e julgamentos são imediatos, assim como os cancelamentos. Vários participantes saíram cancelados e aqueles com carreira artística tiveram que se desdobrar, reconstruir a imagem e dar a volta por cima. Nem todos conseguem.

Na edição atual, nos surpreendemos em como uma cantora que transmitia uma imagem de maturidade, desenvolve uma obsessão contra um participante muito diferente dela. Conviver com as diferenças não é, na prática, tão fácil como teorizamos.

Outro participante conhecido, cantor, também surpreende por comentários desprezíveis, mas que se tornam menos graves diante de surtos obsessivos que levam a perseguições. De fato, o reality é um teste de saúde mental, equilíbrio e convívio com pessoas desconhecidas durante todo o dia e noite, não é para amadores.

E como o ser humano é imprevisível, tirando esses participantes extremos que se tornam doentios, a graça do programa está em que, semana a semana, as coisas mudam. Quem era vilão pode surpreender com alguma nobre atitude e o mocinho pode soltar uma frase misógina que o levará ao fundo do poço.

Nessa trajetória, delitos leves e crimes já foram cometidos, inquéritos já foram abertos no mundo real, ex-participantes já foram indiciados e processados. Isso porque o que é crime fora da casa, permanece sendo crime lá dentro.

Ao que tudo indica, estamos diante de uma edição ainda sem um claro favorito, com cancelamentos de difícil reversão e muito caminho ainda a ser percorrido. Ainda há muito a se observar nesse laboratório.

*Francisco Gomes Júnior é Advogado Especialista em Direito Digital, Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) e autor do livro Justiça sem Limites.

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