Foto - Camila Rios |
A companhia A Motosserra Perfumada volta aos palcos após quatros anos com a peça Red Line, que traça um paralelo entre o projeto desenvolvimentista urbano e a performance masculina para falar sobre relações de gênero. Escrita e dirigida por Biagio Pecorelli e estrelada por Camila Rios, Regina Maria Remencius e Rodrigo Sanches, a peça está em cartaz no Teatro Cemitério de Automóveis, na Bela Vista. A temporada segue até 30 de novembro com sessões sempre terças, quartas e quintas, às 20h30.
O espetáculo toca em temas extremamente necessários, como o aborto e o suicídio, abordados à luz das teorias de gênero para criar uma radiografia da performance masculina e seus adoecimentos. O texto da peça surgiu há mais de uma década a partir da observação do diretor sobre a sociedade.
“Gosto de boas histórias e, principalmente, boas maneiras de se narrar uma história. A cena que dispara a peça - a de um homem esculachando uma mulher dentro de um carro por alguma razão muito banal - eu vi algumas centenas de vezes na vida”, conta Pecorelli.
Tom e Rose são os personagens centrais da história. Eles estão a caminho de um crime, mas um sinal fecha e os impede de seguir. Os afetos políticos e a mesquinhez dos valores morais são desvelados em um espetáculo que reúne referências da cultura pop, sob uma atmosfera de suspense e contravenção.
Enquanto Sanches interpreta Tom, a personagem Rose é alternada em cena entre Camila e Regina. Essa escolha também é referência e crítica ao agir masculino. “Coloco duas atrizes para interpretar a mulher para que, na cena, o homem seja colocado em perspectiva. Pois é próprio da performance masculina não se enxergar, não é? É nesse sentido que a peça parodia a frase de Thomas Hobbes: o homem é o homem do homem”, diz o diretor.
Antes de chegar aos palcos, o espetáculo estreou como teleteatro durante a pandemia. A montagem digital foi gravada num desmanche de carros, e a adaptação para o teatro demandou algumas mudanças. A companhia enfrentou, nos últimos dois anos, dificuldades para conseguir financiamento via editais de fomento à cultura e isso se refletiu na escolha de uma produção mais enxuta, mas focada nos elementos essenciais à história. O grupo criou uma benfeitoria para pagar custos de produção, equipe técnica e materiais que compõem cenário e figurino.
Foto - Priscila Prade |
"Mas a essência da peça segue retratando o universo oitentista, as tubulares, a sonoridade pós-punk, new wave e a coisa pop e performática que marca a pesquisa d’A Motosserra”, explica o diretor. Parar criar essa ambientação, o cenografista Rafael Bicudo e a figurinista Ana Luiza Fay trabalharam os conceitos de ângulos e do futurismo idealista dos anos 1980.
O desenho de luz é feito por Carol Soares e Jaque Nunes. A trilha sonora original foi composta por Edson van Gogh e Apolônia Alexandrina, e é performada durante o espetáculo. A equipe de produção conta ainda com a assistente de direção Giovanna Federzoni, responsável por conduzir alguns laboratórios de corpo.
A Motosserra Perfumada é um grupo de teatro com nove anos de atuação em São Paulo, com trabalhos que passam pelas peças Aquilo que me arrancaram foi a única coisa que me restou (2015) e Res Pvblica 2023 (2019), performances, intervenções urbanas, ciclos de palestras e leituras.
Sinopse
Foto - Priscila Prade |
Tom e Rose estão a caminho de um crime, mas um sinal fecha e os impede de seguir. Os afetos políticos e a mesquinhez dos valores morais são desvelados em um espetáculo que reúne referências da cultura pop, sob uma atmosfera de suspense e contravenção.
Ficha técnica
Red Line
Texto e Direção - Biagio Pecorelli
Elenco - Camila Rios, Rodrigo Sanches e Regina Maria Remencius
Assistência de Direção - Giovanna Federzoni
Trilha Original - Edson Van Gogh e Anvil FX
Cenografia - Rafael Bicudo
Figurinos - Ana Luiza Fay
Desenho de Som - Dugg Mont
Desenho de Luz - Carol Soares e Jaque Nunes
Arte do Cartaz - Bruno Caetano
Assessoria de Imprensa - Adriana Balsanelli e Renato Fernandes
Produção - Corpo Rastreado e A Motosserra Perfumada
Serviço
Red Line
Temporada - até 30 e novembro - terças, quartas e quintas
Horário - 20h30
Duração - 60 minutos
Local - Cemitério de Automóveis
Endereço - Rua Francisca Miquelina, 155 - Bela Vista - São Paulo
Capacidade - 50 Lugares
Ingressos - R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)
Venda na bilheteria do teatro 1 hora antes do espetáculo
O espaço possui acessibilidade para cadeirantes
Classificação - 18 anos
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